A epicondilite lateral do cotovelo ou “cotovelo do tenista” é uma doença inflamatória caracterizada por degeneração das fibras de colágeno e fibrose em alguns tendões do cotovelo. Caracteriza-se por dor típica que pode ser de forte intensidade em região lateral do cotovelo com irradiação para o antebraço e que piora com movimentos de extensão de punho e dedos (punho e dedos para cima), bem como com os movimentos de prono-supinação (movimento de apertar um parafuso com uma chave de fenda).
Os músculos que fazem a extensão do punho e dos dedos tem origem na parte lateral do cotovelo, em uma proeminência óssea chamada epicôndilo lateral. Diversos músculos extensores são originados nessa região e quando realizam-se atividades com o punho para cima (estendido) esses músculos permanecem contraídos, gerando tensão no seu local de origem. Quando ocorre uma sobrecarga excessiva dessa região pode ser iniciado um processo inflamatório, que tem como objetivo cicatrizar pequenas lesões causadas pela tensão.
“Essa inflamação pode ser a causa das tendinites, muito comuns no antebraço e que são um diagnóstico diferencial da epicondilite. Na epicondilite, o processo é diferente, pois há uma degeneração das fibras de colágeno dos tendões, que pode ocorrer após uma inflamação inicial. Quando a sobrecarga continua ocorrendo, essa degeneração não apresenta melhora, cicatrizes de fibrose podem ser formar e o paciente passa a sentir dor crônica e diminuição de força”, explicou o médico ortopedista Dr Adonai Barreto, especialista em Cirurgia de Ombro e Cotovelo.
Dr Adonai Barreto, ortopedista
Segundo o especialista, o tratamento inicial consiste na diminuição da dor e da sobrecarga. “Para a diminuição da dor existem diversas opções: gelo, medicações analgésicas e anti-inflamatórias, acupuntura e fisioterapia. Eventualmente, na fase mais dolorosa, podem ser realizadas infiltrações para alívio dos sintomas. Para a diminuição da sobrecarga, diversas medidas podem ser tomadas. Além das medidas de prevenção descritas acima, a diminuição dos movimentos repetitivos ou a parada temporária dos mesmos (dependendo do grau dos sintomas) pode ser necessária”, comentou.
“O uso de órteses para o punho ou de cintas na região do cotovelo também colabora com a diminuição da tensão local. Em seguida, o fortalecimento dos tendões e do antebraço é iniciado, de modo progressivo. Nos pacientes esportistas, uma orientação do gesto esportivo é importante para evitar a recidiva da dor. A melhora da dor nem sempre é imediata e a resolução completa da doença pode levar até 1 ano. O que há de mais novo e que temos adotado em nossa prática clínica são as infiltrações de ácido hialurônico local”, disse Dr Adonai.
De acordo com o médico, a doença não está restrita apenas a tenistas ou praticantes de esportes com raquete, mas a todos àqueles que realizam atividades de repetição, principalmente com ferramentas, como pintores marceneiros jardineiros. “Também acometer pessoas sedentárias que não praticam qualquer atividade física. Não se sabe ao certo se uma única causa é responsável por seu aparecimento, é uma patologia causado por múltiplos fatores, entre eles uso contínuo de determinada musculatura que, não estando preparada, acaba sendo lesada. O uso abusivo não é única causa já que alguns pacientes que apresentam dor no nunca realizaram esforço físico. Então se especula que exista uma predisposição genética para dor local”, disse o médico.