Vai e bora.
Entre o taxista e o pedreiro, uma frase incomum, e com sentidos dissonantes. O último falava mais ao dono do lugar e seus acabamentos, o primeiro, a quem o lugar serviria: a gente.
Durante o dia, a Rua Vila Cristina carrega os ares irritantes do tráfego de veículos que buscam as veias do trânsito pra fluir seu sangue cor de gasolina e CO2. A noite resgata e mantém um ar bucólico de outras épocas. As quadras de saibro da Associação Atlética, as visitas a locadora de VHS de Cynara (ela deixava eu levar a capa), o colégio Atheneu… aquela região guarda um certo charme que a brisa úmida do Rio Sergipe, a umas duas quadras dali, ajuda manter em têmpera.
No último trecho antes de cruzar a Barão de Maruim em direção a Praça Camerino há uma vila nova. Vizinho a Sociedade Semear, a Vila Manuel abraça um mix de coisas legais. Uma galeria de arte, uma barbearia, uma cafeteria, uma gelateria e um restaurante com suas paredes alisadas na argamassa crua.
Sua entrada leva a um lugar de iluminação calma, com teto decorado com ferro em linhas juninas. Bem agradável. Obras de artistas sergipanos remetem a sergipanidade que também encontraríamos num menu fundido com as coisas de cá.
MatPrinc2
Bolinho de peixe com leite de coco, cheiro verde e pimenta de cheiro. Aratu com farofa de coco e crocante de arroz, gnocchi de banana da terra ao molho de carne seca e manjericão chamam atenção no menu de entradas. Provamos o croquete de ossobuco ao vinho tinto, vem num cesto de palha, que carinho e que sabor. Parabéns, chef André Castro. Parabéns.
Provamos também o steak tartare. Uma raridade num raio de 300km. Filé batido na faca, temperado, com picles de maxixe, fritas da casa e uma gemazinha de ovo de codorna cru, como manda o figurino. Bom!
No prato principal, depois de sermos corroídos pela dúvida do filé ao molho de cogumelos com melaço de cana e espinafre sauté, acabamos provando a barriga de porco com chutney de abóbora com mangaba – que me lembrou tamarindo o tempo todo – e cuscuz. Tá pequeno na foto por que eu pedi pra dividir pra 2. E nisso há uma observação: há um custo pra dividir o prato de 15% sobre o valor original.
Serviço
Onde: Rua Vila Cristina, 130. Vizinho a Sociedade Semear São José.
Preço: Steak tartare, R$ 36; croquete de ossobuco, R$ 32; barriga de porco, R$ 56,
Coisa boa: a aplicação do que é nosso na alta gastronomia
Coisa ruim: o preço dos drinks. Achei pesado.
Outra coisa a se observar:
Como pagar: Dinheiro e cartões
Horário: Dom – Seg no almoço das 12h às 15h30; Ter/Sab: 12h-15h e 19h-23h.
Estacionamento: aí depende.