Até mesmo aquelas que estão empregadas procuram formas de ganhar dinheiro extra
Em meio a um cenário de inflação em alta, lenta recuperação em diversos setores da economia e com desemprego voltando a subir, o número de brasileiros que estão buscando novas formas de complementar a renda, mesmo já possuindo um emprego fixo, está crescendo. São pessoas que buscam nos aplicativos para motoristas, nas aulas particulares ou mesmo na venda de alimentos ou produtos uma forma de ganhar um dinheiro a mais no final do mês.
Segundo o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em Sergipe, Luís Moura, a alta taxa de desemprego e a quantidade de trabalhadores que não estão satisfeitos com a remuneração e com o tempo de trabalho podem explicar a grande quantidade de pessoas que buscam formas de complementar sua renda.
“Nós temos hoje 160 mil pessoas desempregadas no estado de Sergipe. Com a taxa de desemprego nessa ordem, as pessoas se sujeitam a qualquer tipo de ocupação. Por isso, a maioria dos empregos que estão sendo gerados são precários, sejam eles em tempo parcial, intermitente ou autônomo. São empregos onde muitas vezes as pessoas não estão satisfeitas, nem com a remuneração nem com o tempo de trabalho”, explica.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no trimestre encerrado em janeiro a taxa de desocupação voltou a subir e ficou em 12% no Brasil, o que representa 12,7 milhões de trabalhadores nessa condição. Enquanto que o grupo de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas (6,8 milhões) e na força de trabalho potencial (8 milhões), assim como as desalentadas (4,7 milhões), apresentaram estabilidade em relação ao trimestre anterior.
HAMBURGUER CONGELADO
Por incentivo de amigos e após fazer um curso de gestão no Sebrae, o casal Luciana Gonçalves e Claudio Francisco decidiram vender hambúrgueres artesanais em 2015. Apesar de trabalharem em profissões totalmente distintas do mundo da culinária, a jornalista e o árbitro de futebol já conseguiram colocar seus produtos à venda em diversos pontos da cidade.
“A princípio, surgiu com o incentivo (e até insistência) de amigos, já que Claudio sempre teve uma ‘mão boa’ para a cozinha e, desde adolescente, sonhava em ter seu próprio negócio. Só que os caminhos o levaram para a arbitragem, que também é uma grande paixão dele. Aos poucos, ele foi convergindo também para a gastronomia. Com o apoio de amigos e família, decidimos dar esse passo e criar um produto diferenciado e inovador no mercado”, comenta Luciana.
Segundo Luciana, o início do negócio foi complicado porque eram apenas os dois para produzirem, venderem, distribuírem e divulgarem a nova marca. “Confesso que é bastante corrido, já que somos só nós dois para tudo (comprar, estocar, produzir, embalar, distribuir e divulgar). Mas, graças a Deus, as nossas profissões nos permitem um horário mais flexível. No início, ficou meio conturbado conciliar, mas já estamos tirando de letra nossos horários e atribuições, numa verdadeira gestão de tempo. Hoje estamos distribuindo nossos hambúrgueres artesanais congelados em praticamente todos empórios de Aracaju. Já conseguimos penetrar no ramo dos mercadinhos de bairro e estamos em alguns municípios de Sergipe também”, comemora.
REVENDA DE PRODUTOS DE BELEZA
Danielle Costa concilia o seu trabalho como advogada e como revendedora de produtos de beleza há pouco mais de um mês, quando decidiu se tornar revendedora, pois acredita que assim conseguirá alcançar os seus objetivos pessoais de maneira mais rápida. E nesse curto espaço de tempo ela já conseguiu obter retornos tanto financeiros quanto pessoais.
“Comecei a vender há apenas um mês, mas já obtive retornos pessoal e financeiro. O primeiro porque permitiu que eu pudesse me aproximar mais das pessoas e desenvolver, ainda mais, o poder de fala. Já o segundo é consequência do trabalho”, comemora. Mas do que uma renda extra, ela encara as vendas como um segundo trabalho, que exige tempo, investimento e disposição para revender os produtos mesmo depois de rodar pelo estado em audiências e atendimentos.
“Eu vejo o papel de consultora como um segundo trabalho. Eu invisto tempo, dinheiro e disposição ao revender os produtos de beleza para que eu possa ter resultados satisfatórios. Da mesma forma que também invisto em minha profissão. A minha advocacia é voltada para o interior do estado. Logo minha rotina é densa ao passo que resido na capital. Além de viajar, vou para as audiências, faço atendimentos e elaboro petições”, comenta.