Rogério Carvalho diz que prefeito abandonou suas “origens” na esquerda e quer ser “herdeiro da direita”

Por Habacuque Villacorte

TEXTO DE ABERTURA

A reportagem do JORNAL CINFORM conversou essa semana com o senador Rogério Carvalho (PT), que não esconde seu otimismo e sua motivação com o anúncio de pré-candidatura própria do Partido dos Trabalhadores para a Prefeitura de Aracaju em 2020. Rogério lamenta os ataques que estão sendo proferidos com os petistas após o lançamento de Márcio Macedo (PT) e diz que o prefeito Edvaldo Nogueira (sem partido) abandonou sua origem de “centro-esquerda” para tentar ser o “herdeiro político de Albano Franco e João Alves Filho”. Ele também fala da eleição de 2022 e nem qualquer desavença com Eliane Aquino (PT). Confira a seguir e na íntegra esta entrevista exclusiva:

ENTREVISTA

CINFORM: Iniciando a entrevista, vamos logo à pergunta que não quer calar: a pré-candidatura do PT em Aracaju é mesmo pra valer ou é uma forma de pressionar o prefeito a ceder a vaga de vice na chapa majoritária?

ROGÉRIO CARVALHO: A candidatura do PT representa o desejo da militância em dialogar com a sociedade. E, portanto, é pra valer! 

CINFORM: O PT é um partido amplo, de muitas correntes. A maioria já se posicionou a favor de Márcio e da candidatura própria. As outras duas até aprovam, mas defendem mais diálogo e o rompimento com o governo. A Executiva Estadual já sabe como resolver este conflito interno?

ROGÉRIO CARVALHO: A solução de possíveis divergências entre correntes acontecem no debate cotidiano. E são produtivas para o PT. Fazem parte da história do Partido e agora não é diferente. Na maioria das vezes são necessárias para construir o consenso. E quando não há o entendimento prévio, a posição definitiva do Partido é definida na instância partidária. 

CINFORM: Bastou o PT apresentar uma alternativa própria para a Prefeitura de Aracaju que, de repente, assessores do prefeitos e propagadores do conteúdo governamental nas redes sociais passaram a criticar os petistas e “condenar” a postura. O aliado do dia anterior, deixa de ter valor quando decide caminhar só. É isso?

ROGÉRIO CARVALHO: O PT nos últimos pleitos participou como um aliado presente.  Nas 3 eleições (2008, 2012 e 2016) mais recentes na disputa para a Prefeitura de Aracaju, o Partido dos Trabalhadores fez a indicação do vice. E sempre fomos respeitados pela nossa força e posição. Agora, por vontade da maioria absoluta da militância, o PT apresentará um candidato. E isso tem causado um desconforto e até uma certa agressividade contra o PT.  O que não é justo com um partido que foi tão presente e generoso nas disputas anteriores ao lado dos seus aliados. 

CINFORM: Os adversários do PT avaliam que o partido não terá discurso para falar de Edvaldo e da gestão porque fazia parte dela. O senhor concorda? O petista que não entregar o cargo e sair da administração, será desfiliado?

ROGÉRIO CARVALHO: Não. Nós ajudamos na vitória do Edvaldo Nogueira.  E o que provocou a militância em ter candidatura própria a Prefeito de Aracaju foi justamente o afastamento de Edvaldo dos planos de governo e da posição de centro-esquerda que o PT se mantém. Nós vamos continuar defendendo o que sempre defendemos. Já era difícil achar um petista na administração de Edvaldo Nogueira.  Imagine agora!  Isso não vai ser um problema. 

CINFORM: Há quem questione se Márcio Macedo reúne densidade eleitoral para disputar a PMA. Ele está pronto para o embate, em sua opinião? Faz alguma restrição sobre alianças? O PT pode fazer uma “dobradinha” com o PSB?

ROGÉRIO CARVALHO: Márcio Macedo é um candidato do PT.  E o Partido dos Trabalhadores tem uma história na contribuição da mudança de vida dos aracajuanos que qualifica o nosso candidato para o debate. Esta é uma eleição que as pessoas querem saber o que o Partido de Lula tem a dizer sobre o futuro, e como será a vida daqui a frente. Buscaremos alianças que tenham no Lula e no legado do PT, uma referência. 

CINFORM: Jackson Barreto já tinha manifestado apoio a Edvaldo. Existe possibilidade dele acompanhar o PT em Aracaju? Vocês já o procuraram? Vão procurar? Ele disse que vai manter o “Lula Livre”. Esse é um indicativo que ele também deixará o prefeito e a gestão?

ROGÉRIO CARVALHO: É natural que todos que reconhecem em Lula e no PT um instrumento de melhoria da vida dos brasileiros, incluindo sergipanos e aracajuanos, formem uma frente nesta eleição. Mas não quer dizer que é certo. Vamos aguardar pra ver! 

CINFORM: Por que o senhor disse que Edvaldo quer “herdar a herança de Albano Franco e João Alves Filho” em entrevista na FAN FM? Como tem dito o ex-senador Almeida Lima, o senhor também acha que o prefeito está aderindo à direitona?

ROGÉRIO CARVALHO: Edvaldo Nogueira tem dito para vários interlocutores que busca outros caminhos, se afastando do lugar onde sempre esteve. Nos últimos anos, os brasileiros têm sofrido com a retirada de direitos. Diretos trabalhistas conquistados há mais de 70 anos, e agora o direito sagrado de uma “velhice” segura. Edvaldo se aproxima e se apresenta junto daqueles que retiraram direitos dos mais pobres e que criminalizam a pobreza. Isso vai confirmando o desejo manifestado por ele a alguns interlocutores, de ser herdeiro da herança de João Alves e Albano Franco. 

CINFORM: O deputado federal Fábio Mitidieri é muito próximo do PT, vinha acompanhando a legenda em BSB, mas parece que a coisa desandou após a Reforma da Previdência. Após o rompimento com Edvaldo ele anunciou que a decisão dos petistas terá reflexos em 2022. Ele está antecipando um confronto com o senhor para o governo? Foi um recado?

ROGÉRIO CARVALHO: O próprio Fábio Mitidieri, em 2016, optou inicialmente em fazer uma aliança com Valadares Filho, e isso não foi motivo de questionamento nosso em relação à nossa aliança, tanto é que eles foram os principais apoiadores da minha eleição ao Senado. No mais, falar de 2022 quando sequer se deram as eleições de 2020, e que podem ser em dois turnos, é muito precipitado. Não acredito que um turno de uma eleição, numa das 75 cidades sergipanas, possa provocar um tremor tão grande que se estenda até 2022. 

CINFORM: Falando nisso, em 2022, em todas as rodas políticas seu nome é colocado com naturalidade como pré-candidato a governador. O Senhor estaria pronto para esse desafio?

ROGÉRIO CARVALHO: Ainda é cedo pra falar de 2022. Tenho em 2020 um dos maiores desafios da minha vida, que é representar o meu estado Sergipe e ser líder do meu partido, o PT, no Senado Federal. Não posso tirar o foco destas responsabilidades para não desapontar aqueles que votaram em mim e que acreditaram na força do meu mandato. 

CINFORM: E quanto ao desafio que “bate à porta” de liderar o PT no Senado Federal? O senhor terá grande visibilidade nacional, não apenas pelo mandato, mas pela função. Já tem em mente o que pode trazer de benefícios para Sergipe, mesmo fazendo oposição?

ROGÉRIO CARVALHO: Vamos defender posições que interrompam a escalada de retirada de direitos patrocinada pelo governo Bolsonaro que coloca na miséria nossa população mais pobre. E quanto a Sergipe, viabilizar recursos para projetos que possam gerar empregos e renda. Este ano já conseguimos grande conquistas com investimentos públicos e privados que alcançam o valor de R$ 170 milhões para os sergipanos. Com a conclusão das obras da BR-101, a reestruturação da rodovia João Bebé Água, a construção da nova orla de Aracaju, sem falar em recursos para Segurança Pública, Saúde e Educação. 

CINFORM: Para concluir a entrevista, existe alguma divergência entre o senhor e a vice-governadora Eliane Aquino? E se existiu algum problema, já foi superado?

ROGÉRIO CARVALHO: Não temos nenhuma divergência! Estou muito tranquilo e feliz por esta conexão com a vontade da militância do PT que é ter uma candidatura própria à Prefeitura de Aracaju. 


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