Ontem, o Cinformonline divulgou no seu portal e redes sociais, mas muitos contestaram a informação, alegando tratar-se de fake News
Edvar Freire Caetano – Cinformonline
Por mais de um ano, o ex-juiz Sérgio Moro, tido por muitos como o melhor ministro de Bolsonaro, gozou de prestígio junto ao governo e até na grande mídia.
No final do ano passado, já havia uma espécie de ciúme entre os áulicos no entorno do presidente, ocasião em que muitos jornalistas já consideravam Moro como “fritando” na caçarola do governo, que aguardava apenas um momento adequado para afastá-lo do cargo.
Naqueles dias, já era intenção de Bolsonaro exonerar o Diretor-geral da PF por questões políticas, já que não havia qualquer deficiência profissional no delegado, que, tudo indica, incomodava vigorosos figurões do Rio de Janeiro, através do ex-superintendente no Estado.
Ontem (23), Moro foi convidado para uma reunião no Planalto, na qual foi informado de que a exoneração de Maurício Valeixo seria confirmada, o que levou Moro a pedir sua demissão, por entender que a sua pasta passava a sofrer uma interferência política, fato que, segunda consta em matéria da revista Exame, Bolsonaro confirmara que “era mesmo”.
Momento inexplicável – Depois de sofrer uma dura rebordosa pública com a exoneração de Mandetta, Bolsonaro atrai negativamente os holofotes da grande mídia para essa saída de Sérgio Moro, um sujeito que a população reconhece como sério, aplicado e que desmoronou a maior organização criminosa do Brasil, formada por empresários, políticos, bandidos e narcotraficantes que solaparam, estima-se, cerca de R$1 trilhão de reais do erário.
Além disso, o presidente se encontra desgastado com a sua performance negativa frente aos riscos de uma tragédia maior, trazida pelo malsinado coronavírus, que ameaça a América Latina como o novo epicentro da pandemia, nos próximos 15 ou 30 dias.
A peste deixou um pouco esquecidos justamente Sérgio Moro e Paulo Guedes, que eram os dois mais fortes protagonistas desse governo. Fala-se, a boca miúda, que o Guedes também pode estar sob ameaça, tudo pela governabilidade e contra o fantasma do impedimento do presidente, que já recebeu vários pedidos, pela prática de diversos deslizes, que precisam, entretanto, ser caracterizados como crimes.
Sérgio Moro não se cansou de queixar-se, na coletiva de hoje, que Bolsonaro lhe prometera “carta-branca para montar a equipe”, além de caminho livre para perseguir a corrupção e a malandragem que grassam há séculos pelo país, “sem qualquer interferência”.
O ex-juiz federal ganhou fama de herói pelo combate renhido à corrupção, na emblemática, e mundialmente famosa e celebrada Operação Lava Jato, que colocou na cadeia figuras de renome no cenário político e empresarial do país, figuras essas, outrora, inatingíveis pelas forças da Justiça, e obteve aprovação popular que se aproximou de inéditos 78%, para um ministro.
Isolamento ou salvação – Agora, o presidente perde seus ministros mais populares e está cercado de figuras um tanto quanto desconhecidas, e bem distantes de serem classificadas como estadistas.
Contudo, parece haver uma lógica porque esse afastamento de Sérgio Moro deixa imensamente feliz um vasto segmento político, que passa pelas cúpulas do MDB, PSDB, PT e DEM, provavelmente concedendo ao presidente uma sobrevida, sem um desgastante enfrentamento de eventuais processos de impeachment, ou, se algum persistir, que consiga se safar ileso.
Falta agenda ao governo, como frisou na semana passada o ex-presidente FHC. A pandemia tomou conta de tudo, e não surge um planejamento estratégico de uma saída para a economia. As forças políticas tramam nos bastidores na busca de uma solução alternativa e que não fira de morte a Constituição, mas que lhes tragam benefícios.
Parece haver um isolamento a cada dia mais visível de Bolsonaro, que ainda acredita que o povo, em sua maioria, está com ele. Só que o grito dos silenciosos é o que mais interfere nesse universo político. Uma razoável parcela da população ficou triste com a saída de Mandetta; outra, com esta saída de Moro. Assim, o Capitão que queria livrar o país dos corruptos, vai atirando, seguidamente, no próprio pé.