Em novembro de 1991, no contexto do final da guerra fria, o músico Caetano Veloso, considerado com muita justiça um dos grandes artistas latino-americanos da atualidade, lançou a composição que dá título a esta crônica e considerando que, a arte é sempre atual, se enquadra perfeitamente ao momento que estamos vivendo.

O conceito de ordem mundial refere-se ao equilíbrio de poder entre os povos. Até o início do século XX o mundo era multipolar e ainda não havia se tornado uma aldeia global como afirmou o filósofo canadense Herbert Marshall McLuhan pelos idos de 1964 ao tratar das transformações que seriam trazidas pela tecnologia.

Com o final da segunda guerra mundial em 1945, o mundo tornou-se bipolar, numa disputa ferrenha entre dois blocos ideológicos que assombrou gerações convivendo com o fantasma de uma guerra real que poderia eclodir a qualquer momento dado o poder bélico das duas superpotências como eram chamadas.

Na passagem do dia 9 para o dia 10 de novembro de 1989 o mundo assistiu (já éramos então uma aldeia global) a queda do muro de Berlim atacado que foi por uma multidão de cem mil alemães, munidos de pás e picaretas, impacientes que estavam entre o anúncio feito pelo governo da derrubada do muro e as tratativas burocráticas necessárias para fazê-lo. Os alemães orientais Já haviam esperado 28 anos para terem o direito de viver do outo lado, em liberdade. Não podiam mais esperar. Um muro não poderia cindir uma nação.

Em 1991 houve a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e a nova ordem mundial volta a ser multipolar, daí a canção “alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial”. A nova ordem era um avanço, posto que tudo que polariza empobrece, avilta, amesquinha , reduz as múltiplas possibilidades do gênero humano, então o que estaria fora da nova ordem mundial? Os que insistiam em ignorá-la! E sempre há os que, para usar uma citação bíblica “têm olhos mas não veem, têm ouvidos mas não ouvem”.

Em 2020, como aldeia global que nos tornamos, estamos convivendo com uma pandemia que nos coloca de forma inevitável diante da constatação

de que alguma coisa está fora da ordem e que, necessariamente, alguma nova ordem mundial há de ser estabelecida. Como ela será, quais serão os novos parâmetros que nos guiarão nessa nova jornada? Certamente não poderão ser aqueles que se firmavam ou talvez ainda se firmem em grandes manobras políticas e econômicas com o intuito de controlar os destinos do planeta. Não deverão ser também os guiados por ideologias ou crenças baseadas em dogmas que geram a intolerância como regra e que justificam qualquer tipo de discriminação, dividindo as pessoas em metades.

As ordens mundiais modificam-se à medida que vão se modificando os contextos históricos aos quais elas estão circunscritas. O mundo em pandemia mostra que alguma coisa está fora da ordem e por isso necessitamos, com urgência, de uma nova ordem mundial. Uma nova ordem na qual a solidariedade seja maior que o egoísmo, as parcerias sejam mais importantes que as desavenças, a cooperação seja mais forte que a beligerância e a crença seja acima de tudo a confiança na capacidade do ser humano como conjunto da humanidade, e a certeza de que, só nessa condição poderemos vencer os grandes desafios que por certo ainda nos aguardam.

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