A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima crescimento de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio em 2021 e de 4,2% para o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP, índice de frequência anual, calculado com base na produção agrícola municipal e nos preços recebidos pelos produtores). Segundo a CNA, 102,9 mil postos de trabalho foram gerados no setor, que deverá fechar 2020 com crescimento de 9% no PIB e de 17,4% no VBP.

A entidade, que apresentou hoje (1º), em meio virtual, balanço e perspectiva do setor para 2020 e 2021, a previsão é de “equilíbrio da oferta e da demanda com uma produção maior para a maioria dos alimentos em 2021”. Do ponto de vista da oferta, a CNA diz que, entre os fatores que podem influir no ritmo da produção nos próximos meses, estão a intensidade do La Niña (que pode afetar especialmente a Região Sul do Brasil), os investimentos feitos este ano na produção e a relação entre câmbio e custos de produção, que devem subir em 2021 por causa de insumos como fertilizantes cotados em dólar.

O preço do milho, que é usado como ração para boa parte do gado brasileiro, também pode influenciar a oferta interna da produção brasileira. “Já a demanda dependerá do crescimento da economia brasileira e mundial e da volta da normalidade social com reabertura de bares e restaurantes ao redor do mundo”, complementa a entidade.

Na avaliação da CNA, o aumento do custo de produção, em especial o relativo a insumos como fertilizantes, herbicidas e ração, contribuiu para o aumento do preço dos alimentos. “Além disso, a alta nos preços internacionais dos alimentos, que foi de 10,9% de maio a outubro, conforme dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), e a desvalorização da taxa de câmbio (46,5%) também favoreceram o aumento dos preços no Brasil.”

Pandemia

A pandemia do novo coronavírus resultou em um “cenário bastante caótico”, disse o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi. Permitiu, no entanto, que a CNA implementasse uma série de medidas de apoio ao produtor – algumas com a colaboração do governo federal – para manter a produção de alimentos como atividade essencial, criar novos canais de comercialização visando à manutenção da renda e a redução de custos para o produtor, e garantir o fluxo logístico de abastecimento em todo o país.

“A agropecuária brasileira é um mosaico de produtos. Cada um eles tem sua importância no campo social, no dos empregos e na manutenção da economia do interior. [Nesse sentido,] vimos que políticas públicas bem fundamentadas garantiram a segurança alimentar este ano”, disse Lucchi, referindo-se a medidas como o auxílio emergencial que, segundo a CNA, “possibilitou a recuperação da demanda interna e sustentou o poder de compra dos mais vulneráveis, como os trabalhadores informais, garantindo com que tivessem acesso aos alimentos mesmo com uma perda expressiva de renda”.

Mercado externo

A superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra, afirmou que as perspectivas no cenário externo são de crescimento. “Temos de explorar bem nossas parcerias e investir no pequeno e médio produtor para buscarmos o mercado internacional.”

Até outubro deste ano, as exportações brasileiras somaram US$ 85,5 bilhões, o que equivale a um crescimento de 5,7% em relação a 2019. Os cinco principais destinos foram China, União Europeia, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. Juntos, esses países representaram 63% das exportações do agro brasileiro em 2020.

Em 2020, aumentaram as exportações para China (19,4%), Indonésia (53,6%), Tailândia (43,9%), Turquia (41,8%) e Venezuela (190,3%). Alguns produtos tiveram destaque no mercado asiático – caso das ceras de abelha (Coreia do Sul), amendoim em grão (Vietnã), pimenta-do-reino (Bangladesh) e gelatinas (Índia).

O agronegócio brasileiro conseguiu abrir mercado para 100 produtos em 30 países diferentes, com destaque para Guatemala (maçãs), Marrocos (material genético avícola), Egito (carne de aves e feijão), Catar (material genético bovino), Índia (gergelim), Coreia do Sul (camarão), Tailândia (carne bovina e lácteos) e Austrália (queijo).

China

“Hoje a China é o principal mercado consumidor, lá fora, mas estamos trabalhando outros países, como Indonésia e os países árabes, que são grandes consumidores de nossos produtos”, disse o presidente da CNA, João Martins. Segundo a CNA, além de se manter como um dos principais demandantes de soja em grãos (devido à recomposição de seus rebanhos), a China deve abrir mais mercado para o melão brasileiro. O país asiático deve ainda  manter a demanda por carne bovina e aumentar a compra de carne suína e de frangos brasileiros em 5% e 3%, respectivamente.

Para João Martins, nas relações com outros países, é importante ter “mercado com quem paga melhor”. “Hoje a agropecuária brasileira exporta para mais de 170 países. Não devemos ter nem ideologia, nem bandeira’, disse.

Lígia Dutra acrescenta que as relações entre os países têm de ser “pragmáticas”. “A China é mercado prioritário para o ano quem vem também. Tensões geopolíticas não são exclusivas ao Brasil.”

 

 

Agência Brasil

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