“Eu jamais imaginei que um dia pudesse chegar ao Governo do Estado, e acabei me elegendo governador, com o resultado mais expressivo da história política de Sergipe”.
Esta semana, a equipe do jornal CinformOnline esteve no Palácio Museu Olímpio Campos, para ouvir o governador Belivaldo Chagas, que falou de política, de gestão e um pouco de sua história.
Um dos mais tradicionais políticos sergipanos, Belivaldo permaneceu por décadas à sombra dos líderes do PSB, partido capitaneado em Sergipe pelo ex-senador Valadares.
Estando como vice-governador de Jackson Barreto, compondo uma aliança que se revelou vitoriosa no Estado, Belivaldo não seguiu a orientação do partido na conhecida ruptura com o governante, permanecendo dentro da aliança construída e rompendo o elo histórico com o PSB.
Assim, como ele mesmo afirma, com notável espontaneidade, chegou ao governo do Estado, cargo com o qual sequer ousava sonhar, enquanto permanecia na antiga aliança.
A seguir, íntegra da entrevista
CINFORMONLINE – Governador, começando por política. O senhor foi o grande vencedor das eleições 2020, como comentam alguns experts da área política. Segundo essas fontes, o senhor conseguiu aglutinar todos os agrupamentos da situação e, unidos conseguiram essa vitória aqui em Aracaju e em mais de 50 municípios, se não me engano.
BELIVALDO CHAGAS – Veja, eu costumo dizer que enquanto eu estou no governo, não governo sozinho. Eu governo com um grupo de amigos, de técnicos, de assessores, dentro do nosso agrupamento político. E quando eu faço política, eu faço política também com o grupo. Eu acho que quem saiu vencendo foi exatamente o nosso grupo, nosso agrupamento. Fizemos 60 prefeitos, o agrupamento como um todo. E no que diz respeito ao PSD, partido ao qual eu faço parte, nós fizemos 20 prefeitos, 21 vice-prefeitos, e 138 vereadores, portanto, acho que o grupo saiu sim fortalecido e vitorioso nesse processo de eleições 2020.
COL – O senhor esteve por décadas ligado ao agrupamento de Valadares. Um dia o senhor decidiu sair da sombra e buscar luz própria. Ficou com o grupo em que estava unido, de Jackson. Isso foi o grande acerto político da sua vida? Já que o senhor é agora Governador do Estado.
BC – É possível que isso tenha contribuído, mas veja, eu sempre fiz política de grupo, eu nunca me achei um líder e nunca tive essa pretensão de ser líder. Eu gosto de estar atuando em grupo, portanto, também sendo liderado. No que diz respeito ao momento em que fiz política ao lado dos Valadares, foi um período também extremamente importante na minha vida política. O fato concreto é que foi Valadares que rompeu com esse grupo, foi Valadares que deixou esse grupo, e eu me encontro até hoje, exatamente onde ele deixou. E a partir daí, claro que eu procurei viver. Eu costumo brincar, às vezes, do tipo “livre, leve e solto”, mas sempre ouvindo e sendo ouvido pelo agrupamento do qual eu faço parte. E depois de ter sido deputado estadual por quatro legislaturas, duas vezes vice-governador, aconteceu de eu estar vice-governador, o Jackson Barreto deixar o governo e eu assumir, partindo, portanto, para um processo de reeleição. Todo ele trabalhado em conjunto com o agrupamento ao qual eu faço parte, e por conta disso acabei me tornando governador do Estado. Não sei se estivesse ainda na companhia política de Valadares eu tivesse chegado ao governo. O fato é que em todos os momentos, em todas as oportunidades que ele teve, ele procurou indicar o filho para ser o governador, portanto, com certeza não indicaria Belivaldo, o limite era a vice-governança do Estado. O fato é que ele seguiu o caminho dele, eu segui o meu, as coisas estão acontecendo como Deus marcou pra ser, e a vontade da população de Sergipe.
COL – Governador, o senhor tem uma aprovação popular em torno de 52%, um número até bom nesses tempos de dificuldades, crise e pandemia, Falta o quê para melhorar?
BC – É, eu acho que sim. Mas veja, eu confesso com toda sinceridade que eu não busco essas informações, eu não tenho essas preocupações. Nos períodos de eleição, sempre há uma avaliação que a gente tem conhecimento de números realmente próximos a isso aí. Mas é preciso levar em consideração o seguinte: não está fácil governar um Estado, em especial um Estado como Sergipe. Eu assumi efetivamente o governo, a partir de 01 de janeiro de 2019, em que pese eu ter assumido o governo, a partir do momento em que Jackson decidiu se afastar, mas eu ainda trabalhei o ano de 2018 com a mesma equipe, e dentro daquele mesmo direcionamento administrativo que estava posto. Agora, assim que me reelegi, fiz uma reforma administrativa e empreendi ações dentro do meu ritmo, dentro do que eu penso. E o que eu fiz nesses dois anos de 2019 e 2020, foi o que eu chamo de dever de casa, no que diz respeito aos aspectos econômico e financeiro, fazer com que a gente pudesse praticamente colocar em dia o pagamento da folha de servidores, porque nós temos hoje 80% dos servidores recebendo dentro do mês. Há um percentual de servidores recebendo até o dia 30, mas nós não deixamos de cumprir esse calendário nenhum momento. 80% até o dia 30 e um percentual até o dia 10 do mês subsequente. Mas a gente traz uma novidade, o que deve ser uma obrigação, mas acaba funcionando como uma espécie de novidade, por exemplo: em 2020 nós estamos pagando todo o 13º dentro do ano. Dia 17 de dezembro, agora, vamos estar pagando a segunda parcela, portanto 50% de todo 13º. A última vez que isso aconteceu foi em 2014. Então, eu tive que mexer com a questão das finanças do Estado, para melhorar a arrecadação, cortar, mas cortar mesmo, na carne, despesas de um modo geral, que tínhamos. Organizar, arrumar a casa, como a gente costuma dizer popularmente. Para que eu pudesse, por exemplo, partir para uma linha de investimentos. Coisa que não aconteceu no Estado por muito tempo, a não ser por programas via financiamento de modo geral. Claro que Sergipe ainda carece de linhas de financiamento. Recentemente, nós tivemos acesso a uma linha de financiamento de R$ 200.000.000 (duzentos milhões de reais), junto à Caixa Econômica Federal. Somamos a isso mais R$ 130.000.000 (cento e trinta milhões de reais) que estão sendo investidos com recurso do Tesouro do Estado. Isso significa dizer um projeto que lançamos, o Avança Sergipe, e dentro dele, tem o Pró-Rodovias, primeira etapa. E com R$ 330.000.000 (trezentos e trinta milhões de reais), a gente vai estar reconstruindo, praticamente, 450 km de rodovias de um total de 700 km de rodovias que nós identificamos como em péssimas condições de trafegabilidade.
COL – Existe muita queixa nos municípios sobre as estradas…
BC- Exatamente, estradas horríveis. E a gente já começou esse processo né, eu chamo de reconstrução, porque temos trechos que estavam totalmente deteriorados. Rodovias que foram construídas há 20, 30 anos atrás, que ficaram carentes de uma boa manutenção. O DER [Departamento de Estradas e Rodagens] é composto de servidores abnegados, mas é uma empresa hoje com problemas seríssimos, que a gente tem trabalhado pra melhorar em termos de equipamentos, de pessoal, enfim, e há uma perspectiva que a gente lance um segundo projeto, a segunda etapa do Pro Rodovias a partir de agosto de 2021, onde, repito, a gente pretende reconstruir, recuperar mais 250 km de estrada. O meu foco, tem como objetivo concluir o nosso governo bem próximo aos 700km de rodovias construídas, recuperadas no estado de Sergipe. Além de ações outras, como o investimento que estamos fazendo, também com recursos próprios, que passará da casa de R$ 50.000.000 (cinquenta milhões de reais), para fazer a nossa Orla Sul, que com certeza será uma das Orlas mais bonitas do Nordeste.
COL- Vai ser em qual área, exatamente?
BC – Vai ser na área da Sarney. E nós já começamos a primeira, a segunda e a terceira etapas, e ao final da obra nós teremos 14 km de calçadão e ciclovia. Com equipamentos públicos em todo o trajeto da Orla da Sarney, para que as pessoas possam ali exercer atividade física e atrair o turista para Aracaju, para Sergipe. Todo o recapeamento asfáltico da Sarney será feito no total 16,5 km e nós vamos ter em 14 km, repito, ciclovia, calçadão e equipamentos público. Mas ele se alonga até próximo ao farol, com mais 2,5 km, onde a gente vai ter rótulas. Então vamos ter ali um empreendimento turístico muito importante. Obras outras nós estaremos iniciando ainda no decorrer de 2021 e com perspectiva próxima de a gente atingir algo de extrema importância para o Estado, que é a classificação de comprometimento das nossas finanças, uma denominação conhecida dentro da Secretaria do Tesouro Nacional, que é uma classificação por letra, que, quando você está na letra C, você fica quase impedido de acessar recursos em organismos internacionais e nacionais, instituições financeiras, com aval do Governo Federal. Mas nós estamos próximos, acredito e repito, que isso deverá acontecer de chegarmos a 2021 com a letra B. Isso vai facilitar para que a gente acesse recursos financeiros com mais facilidades e, repito, com aval do banco e do Governo Federal. Nós estamos trabalhando com objetivo de melhorar cada vez mais a área da segurança pública, da educação, que sofre um baque grande, mas a gente tem encontrado um caminho para melhorar a área pedagógica, na educação do Estado de Sergipe. Mas, com a pandemia, isso, com certeza absoluta, vai ter repercussão futura nas análises e percentuais de melhoria da educação do Estado, afinal de contas a pandemia fez com que tivesse que colocar os alunos e professores em casa. Mas as expectativas são que, aos poucos, vá fazendo tudo isso retornar [à normalidade].
COL – Por falar em educação, as aulas voltam em março?
BC- Bom, nós estamos com o calendário anunciando o retorno a partir do dia 22 de março. Estamos na expectativa, e essa expectativa não é apenas de Sergipe, é do Brasil, do mundo, em relação à questão das vacinas porque a gente observa, lamentavelmente agora, um retorno forte [no número de infectados].
COL – O estado vai comprar a vacina do Butantã, ou não?
BC – Veja, a obrigação de oferecer vacina é da União. Governo Federal via SUS. O estado, via Fórum de Governadores inclusive, já solicitou ao Butantã que estejamos na linha de prioridade. Mas é preciso ter essa compreensão, a obrigação é do Governo Federal, que tá trabalhando com laboratórios do mundo afora, e quero crer que a Coronavac possa, também, fazer parte do portifólio de vacinas. Tem que deixar essa questão política de lado, que não faz bem a ninguém fazer política com pandemia. O que a população quer é solução para o problema. O que nos cabe, e que fizemos [desde] o início da pandemia foi criar condições para atender os pacientes. Nós chegamos a abrir 209 leitos de UTI, para atender só o paciente de covid. Quando a coisa passou a melhorar nós reduzimos para 127, agora, de novo começa a aumentar o número de casos, de pacientes com o vírus, então nós, já essa semana, passamos de 127 para 137 leitos de UTI, aumentamos mais 10 leitos no Hospital João Alves e estamos em processo de contratação de leitos com a Renascença, possivelmente 18 leitos, nós temos que atualizar com o Hospital Renascença, e também abrir leitos de UTI, pelo menos mais uns 10 no Hospital Regional de Estância. Faremos isso de acordo com a necessidade, muito embora a gente fique o tempo todo pedindo à população que colabore, porque essa é uma ação conjunta, é de todo segmento da sociedade. O governo só não vai combater essa pandemia, é preciso a compreensão de todos. Do uso sempre de máscara, álcool em gel, do distanciamento. Evitar o máximo que puder sair de casa, mas, infelizmente o que a gente tá vendo são festas clandestinas, festas de um modo geral. Final de semana recente, nós tivemos 3, 4 municípios onde a imprensa mostrou festas com centenas de pessoas participando de forma, eu diria, até irresponsável. Porque totalmente aglomerados, sem máscara e esquecendo que, com isso, você pode tá levando pra dentro de sua casa um vírus que pode contaminar o avô a avó, o filho, o irmão, um parente, e repito, nós chegamos a cair para um total de aproximadamente 140 pessoas internadas nas unidades hospitalares, aí me refiro à rede pública e privada. E voltamos agora, no dia 10 à noite, a um total de 277 pacientes internados, fora que, quem tá na enfermaria, se melhorar vai pra casa, se piorar vai pra UTI; tá na UTI, se melhorar pode ir pra casa, se piorar, o caminhão é do cemitério. E não é isso que a gente quer, nós estamos tendo uma média de 5 óbitos por dia, isso significa dizer 150 óbitos por mês. Isso é triste, isso é lamentável! Nós estamos aumentando a fiscalização, a fiscalização tá se fazendo presente. Num primeiro momento, sai Vigilância Sanitária, Procon, Bombeiro, Polícia Militar, órgãos afins, pra orientar. Em casos graves a gente já manda lacrar o estabelecimento, aplica uma multa. O objetivo não é sair multando por multar, há uma lei hoje em Sergipe que nos dá o direito de multar inclusive o cidadão que não usa máscara. Mas não é isso que nós queremos, o que a gente quer é que as pessoas utilizem a consciência. Essa desobediência civil não vai levar a nada, no que diz respeito a pandemia. Pode levar a quê? Ao óbito.
COL – Governador, há um estudo da Universidade Federal de Sergipe, que diz que até o dia 21 serão 111.000 casos de covid-19 em Sergipe. O Estado tem estrutura que suporte isso?
BC – Veja, nós temos as seguintes divisões: os casos de pessoas positivados, os casos de pessoas que fizeram o teste e foram negativadas e de pessoas que já estão curadas, mais os outros [os que não fizeram testes]. Sergipe tá mostrando esses números altos, claro, primeiro porque a população não tá colaborando, é fato, e depois porque a gente tá testando. Nós chegamos em determinados momentos da pandemia a ocuparmos a segunda posição de Estado que mais estava fazendo os testes, isso é bom pra gente conhecer. Veja, agora mesmo, em parceria com a Universidade Federal de Sergipe, nós começamos a testar alunos e professores da rede estadual no que diz respeito aos terceiros anos, já que nós retornamos as aulas presenciais com os terceiros anos, por conta até do ENEM. E constatamos, por exemplo: a minha querida terra, Simão Dias, foi o município que ficou em primeiro lugar em número de estudantes e professores positivos, inclusive, com um percentual de professores positivados maior que alunos. Eu estou dizendo que, assim que retornamos as aulas, de imediato foi feito esse conjunto de testes. Não significa dizer, como alguém quis dizer aí de uma forma não muito verdadeira, que houve uma espécie de contágio generalizado, um surto. Primeiro que nós não temos um surto, nós temos pandemia. E não teve surto em escola nenhuma. As pessoas estavam contaminadas de casa, quando chegaram na escola, de imediato se fez o teste e se constatou que estava já com o vírus. Então, esse foi o compromisso que assumimos, inclusive dentro de uma das reivindicações do SINTESE, que testássemos professores e alunos, e fizemos. Quando a gente constata que em uma determinada escola, como o Centro de Excelência Dr. Milton Dortas, em Simão Dias, o percentual de professores contaminados estava maior que o de alunos, inclusive que estava com um percentual alto tanto para professores [quanto para] alunos, a gente teve que, de imediato, não permitir que continuassem com as aulas, para ter aquele período de quarentena e voltar. E a gente faz isso com responsabilidade, não nos interessa esconder.
COL – Governador, com relação às expectativas dos empresários, dos cidadãos sergipanos que procuram emprego, a esperança da alavancagem da economia com essas promessas das nossas plantas de petróleo e gás, o que há de concreto?
BC – De concreto a gente tem hoje uma termoelétrica funcionando; de concreto a gente tem estudos que foram feitos pela própria Petrobras, mostrando que nossa área de pré-sal tem um potencial altíssimo para exploração de gás; de concreto existe uma regulação que inclusive serviu de modelo para o Brasil, fruto de um trabalho também responsável que fizemos aqui, encaminhando para a Assembleia Legislativa toda alteração em termos de legislação que deveríamos ter extremamente moderna. E, em que pese a Petrobras ter feito um desinvestimento muito forte em relação a Sergipe, o que nos preocupou bastante, a gente procurou agir, no primeiro momento fazendo retornar as atividades da FAFEN, que deverá efetivamente acontecer agora, talvez até o final do mês de fevereiro, já que eles estão modernizando a planta como um todo. Isso já é uma realidade, e foi uma luta muito grande e nós, enquanto governo do estado de Sergipe, fizemos o nosso dever de casa também, fizemos a nossa parte. Rediscutimos tarifa de água, ICMS, rediscutimos o que tinha que discutir para que a gente pudesse atrair a questão principal, que era o preço do gás. Mas aí o Grupo que tá explorando a FAFEN a partir de agora resolveu isso, e graças a Deus, podemos dizer que já temos de volta nossa FAFEN. Assim, como recentemente nós empreendemos também uma boa luta no sentido de que a Petrobras não esquecesse de Sergipe, quando da elaboração e da apresentação para o Brasil e o mundo, do seu plano de investimento para os próximos cinco anos. Tomamos conhecimento que Sergipe ficaria de fora, e fizemos, portanto, um ofício duro ao presidente da Petrobras, ofício esse que foi lido na Assembleia Legislativa e registrado nos Anais da Casa. Estive pessoalmente com o Presidente da República, entreguei o Ofício, chamando atenção desse prejuízo que Sergipe teria, e o fato é que Graças a Deus a Petrobras anunciou o seu plano de investimento para os próximos cinco anos e Sergipe está contemplado com o equivalente a US$2 bilhões de dólares, cerca de R$10 bilhões por ano. Ora, isso vai efetivamente acontecer? Não sei, mas o fato é que se não estivesse no portfólio é que não aconteceria mesmo. Há hoje no portfólio da Petrobras previsão de investimento de 2 bilhões de dólares, o que significa dizer algo em torno de 10 bilhões de reais, por ano, nos próximos cincos anos e Sergipe fica contemplado, com investimento na área de perfuração de mais poços, de aquisição de equipamentos, enfim, até mesmo se pensando na possibilidade de uma refinaria, tá no plano de discussão da Petrobras também. Isso é fruto de muito trabalho, não apenas do governo do Estado, mas da bancada, da sociedade, da imprensa que noticiou, questionou, reclamou.
COL – Governador existe uma aspiração das indústrias, pequenas indústrias. A esperança de chegar o gás, através de gasoduto, pelo interior do Estado. Existe essa perspectiva?
BL – Existe, a própria SERGAS trabalha hoje com essa possibilidade de ampliar para os municípios de Lagarto, Itabaiana. Estância… nós já temos [o projeto], mas existe a possibilidade de reforçar. E existe também um plano que envolve o grupo que trouxe para Sergipe a termoelétrica, onde a gente pode levar gás para os municípios, inclusive o gás veicular, que é extremamente importante. Postos de abastecimento a gás onde se pensa em uma rota que pode ir até Petrolina. (PE) e Juazeiro (BA), pegando a região [da BR] 235. Então veja, nós temos um plano de investimento nesse sentido. O fato é que, infelizmente, com a Pandemia, muito do que estava no papel… todo mundo acabou perdendo.
COL – Todo mundo acabou perdendo Royalties da Petrobras bem como com relação a repasse da União para estados e municípios. Os repasses emergenciais da União, compensaram?
BL – Para todos nós houve queda de arrecadação, mas houve também compensação por parte do Governo Federal. Mais recentemente, a gente observa que o ICMS de arrecadação voltou a crescer, porque de uma forma ou de outra, depois de uma retração a economia voltou a funcionar, apesar da Pandemia, apesar da necessidade dos cuidados com a Pandemia, e também por conta destes investimentos que o Estado tá fazendo. Ora, repito, quando a gente garante o pagamento da folha conforme calendário anunciado, quando a gente injeta na economia… se a gente for somar o que estamos injetando em recursos com folha de servidores nos meses de novembro, dezembro, com décimo terceiro e vantagens outras que nós pagamos aos setores, principalmente da educação, a gente chega próximo a R$1,2 bilhão, que a gente injeta na economia. Só com a segunda parcela do décimo terceiro que nós vamos estar pagando agora, no dia 27, nós vamos tá injetando R$160 milhões de reais. E a gente vem pagando parte do décimo terceiro o ano todo, quer dizer, foi recurso que foi entrando no bolso do cidadão, que ele foi fazendo um compra no mercadinho, que ele foi fazendo uma compra no comércio de modo geral, que ajudou a crescer a economia no momento que mais precisava. Claro que também os recursos que foram injetados pelo Governo Federal, via as ajudas financeiras de R$ 600 reais, de R$ 1.200 reais, fizeram com que a gente tivesse uma explosão de compras também. Tanto é que hoje a gente tem problemas por conta da demanda, muita coisa faltando, nos mais diversos setores, e preços disparados. Porque do feijão ao arroz, ao cimento, a telha, ao bloco, ao arame, ao leite, tudo subiu. Você indo ao interior, às vezes, procura-se um rolo de arame e não se acha no interior do Estado. Às vezes você procura dez sacos de cimento e não encontra, porque houve essa explosão de consumo e uma retração lá atrás, da indústria que ficou com medo, não sabia o que ia acontecer, diminuiu a produção. De repente todo mundo começou a comprar, lógico. A lei da oferta e procura a gente sabe no que dá. Muita gente procurando e a coisa complicou.
COL – Governador, ainda é cedo para falar de 2022?
BC – Muito cedo, eu acho.
COL – Tem tantos nomes fortes ao seu lado, Fabio Mitidieri, Laércio Oliveira, Ulisses Andrade.
BC – Tem sim, temos nomes fortes. Outros poderão surgir, eu acho que todos são nomes fortes, se fala em Fábio Mitidieri, se fala em Ulisses, ele tá no Tribunal de Contas, eu sei lá se Ulisses vai sair do Tribunal de Contas, pra ser candidato… mas é um direito que assiste. Se fala Laércio Oliveira, se fala o próprio Edvaldo Nogueira, que teve um resultado e independente de ser ou não ser candidato é um nome importante para estar no processo, afinal de contas, ninguém faz política sozinho. É fato que o nosso agrupamento político, ele sofreu uma fissura, que a gente não pode deixar de reconhecer, eu não escondo nada. Essa pequena fissura, eu não sei se ela será corrigida para não haver lá na frente um estrangulamento maior, ou não. Eu me refiro à questão do PT, eu acho que a candidatura de Márcio Macêdo, que eu esperava que não deixasse nenhuma sequela, acabou deixando. Como corrigir isso? Eu não sei. Eu devo dizer que tenho um relacionamento muito bom com as mais diversas figuras de lideranças do PT do estado de Sergipe. O PT é segmentado, ele tem várias correntes, temos as correntes mais radicais, onde a gente politicamente não pode dizer que está ou nunca esteve com a gente. Se a gente for falar da Assembleia Legislativa, nós temos dois deputados do PT, um é Gualberto, que foi líder do governo com o nosso Jackson Barreto, faz parte da bancada do governo e acima de tudo é um amigo que eu tenho um carinho especial, me trata muitíssimo bem e eu a ele também. Assim como eu tinha e tenho uma relação muito boa com a ex-deputada Ana Lúcia, no estilo dela. Mas nós temos lá na Assembleia Legislativa outro deputado do PT, que é o deputado Iran, por quem eu também tenho respeito, admiração, acho ele extremamente competente, atuante, mas que não transita nas hostes do governo. Ali é do tipo que se A é do governo eu sou contra. Pronto, é um direito que assiste a ele. Mas nós temos um PT do governo que enfrentou o nosso bloco na eleição de Aracaju, assim como enfrentou em outros municípios. Tentou alimentar uma candidatura do PT que não deu certo, em Ribeirópolis. Criou um estrago político com a eleição do PT em Canindé do São Francisco, a citar apenas esses, mas existe no governo a figura da vice-governadora que é do PT e que é uma pessoa por quem eu tenho um carinho muito grande. Não tenho, e espero não ter nenhum problema de ordem pessoal com a vice-governadora Eliane Aquino, nossa relação, vou frisar, vou repetir, que é de altíssimo grau de respeito e companheirismo. Agora o que vai acontecer com o PT, eu não sei.
COL – Pensa no senado, governador, em 2022?
BC- Em relação a Belivaldo 22, repito, tá muito longe. Eu trabalho o tempo todo com o foco, e foco exatamente em gestão. Claro que a partir do segundo semestre de 21, a gente pode começar afunilar esse processo de discussão, sem que necessariamente a gente tenha que lançar candidaturas, mas já trabalhar pra gente ir afunilando. Ah! Isso significa dizer que no primeiro semestre de 21 é proibido fazer política ou falar política? Claro que não, porque o político faz política 24 horas, mas não pode ser prioridade. Já no segundo semestre, sim, a gente pode começar a prioridade. Porque eu também não defendo a tese de que a gente tenha que deixar pra discutir isso em 22, a partir do segundo semestre. Quem chega primeiro, senta na cadeira da frente. Quem chega por último, corre o risco até de ficar em pé. Então, a gente vai tratando com responsabilidade, mas eu ainda estou governando o Estado sob uma Pandemia, e eu não vou deixar de priorizar a Pandemia, no que diz respeito de cuidar das pessoas pra tratar de política. Agora, quem quer ser candidato, que se vire. Eu, Belivaldo Chagas, só vou anunciar oficialmente a minha posição em relação ao meu futuro político, em março de 2022, e aí eu direi se fico no governo, se saio do governo, se saio do governo e vou pra casa, se saio do governo pra ser candidato, enfim, eu não sei de nada. Sabe por que eu não sei? Em nenhum momento eu trabalho pensando nisso, porque graças a Deus, eu jamais imaginei lá trás que um dia eu pudesse chegar ao Governo do Estado, e acabei me elegendo governador com a eleição mais expressiva, com o resultado mais expressivo da história política de Sergipe. 670 mil votos, 310 mil votos de frente, com relação ao segundo, colocado. 67% dos votos. E aqui estamos, apesar dos pesares, aqui estamos. Lutando pra que a gente melhore a vida dos sergipanos que tem que ser o foco principal, essa é a nossa obrigação. O sobe e desce da política é normal, é algo natural que aconteça. Passamos a eleição, quem ganhou, ganhou, quem perdeu, perdeu, e faço questão de dizer aqui uma coisa, passou a eleição de governador, eu desci do palanque, passou a eleição de prefeito, também desci do palanque, e estou, portanto governador dos 75 prefeitos do estado de Sergipe. Quem ganhou, ganhou, quem perdeu, perdeu, quem precisar conversar com o governador vai encontrar as portas do Palácio abertas para que a gente discuta. Se a gente pode ajudar, ajuda. Se não pode, pelo menos a gente tem a obrigação de receber.