Por Edvar Freire Caetano

Eis que chegamos à última semana do ano e eu não poderia deixar de dar meu recado de otimismo e fé para o porvir. Tomada por um sentimento de missão cumprida, ao desempacotar esse presente chamado 2020, o recebi como uma grande surpresa e desta mesma forma o encerro. Um ano que é marco para muitos de nós.

E como ensina Saramago em ‘O conto da ilha desconhecida’: “o destino vai atrás de quem vai atrás do destino.” A forma como vivemos nestes últimos 360 dias de provas diz muito sobre quem somos. Presenciei pessoas com justificativas para ficarem estagnadas, vi gente se mobilizando diante do aparente impossível, vi gente perdendo entes queridos e pessoas ganhando nova vida. Testemunhei remodelagem de negócios, mas antes disso, reformas pessoais intensas.

Circulei entre gratos e ingratos. Entrevistei anônimos e famosos. Pesquisei e absorvi lições sobre hábitos que nos trazem serenidade e presença. Vi pessoas julgando e outras, se responsabilizando. Houve gente agradecendo por trabalhar e outras, em estado de lamentação. Criaturas domadas por verdades absolutas e outras, abertas a enxergar novas perspectivas. 20-20, em um exercício de semiótica, nos evidencia um par de olhos e ouvidos para nós mesmos.

Porque tudo ao redor diz respeito a quem somos. As interações humanas são apenas um reflexo do espelho para oportunizar esse entendimento sobre qual é o nosso recado no mundo. E neste brevíssimo intervalo terreno, onde usufruímos de um corpo móvel, compreendo e acolho totalmente quem eu sou e aos que escolhem estar comigo. Sem nenhuma pretensão em ser aceita e em comunhão profunda de oferecer o melhor de mim, escrevo estas palavras mais resumidas nesta intenção de lhe contagiar com alegria e amor por você ser quem você é, e contribuir de uma forma muito singular aí, onde você está, da maneira que lhe é possível expressar.

Se você chegou até aqui com saúde e se é viável olhar para trás e ver o quanto auxiliou nas jornadas alheias, tenho convicção que seu peito se enche agora de gratidão por se reconhecer. Nesta colcha de retalhos onde nossas existências se cruzam como numa costura, formamos uma só nação com trabalhos que objetivam o crescimento coletivo, seja lá qual for a área em que se dedique a contribuir. Um professor, advogado, médico, engenheiro, cozinheiro, um reciclador, pesquisador, psicólogo, seja lá quem for, cada pessoa no mundo tem seu valor e dá a sua parcela de contribuição para o todo.

O que nos difere são as qualidades e quantidades de entregas. Mas não importa, porque como falava o mestre ascensionado Allan Kardec: “o fardo é proporcional às forças, assim como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem.” E se não nos fixarmos em um sistema de recompensas por fazer algo que sentimos ser bom, bingo! Porque aí saímos do modelo ainda muito primitivo, de dar X receber. Faça pela satisfação e alegria em ser bondoso. Isso já é o suficiente para o nosso bem-estar íntimo.

Essas datas para comprovação de afetos ainda é necessária no plano que evoluímos porque nossa base de crenças e valores ainda é primária. Há praticamente um calendário organizado para dizermos ou expressarmos voluntariamente, ou não, o nosso amor por Pais, Mães, Namorados, Filhos, Família e até os mortos, que teoricamente, foram homenageados enquanto aqui estavam. É uma sociedade afetivamente ainda apegada à cobrança pela presença compulsória, que até gera ‘multas’, como a desqualificação e menosprezo.

A pessoa é “obrigada” a amar do jeito que a sociedade entende que seja o Amor. Está explícito que ainda estamos longe de compreender generosamente esse sentimento tão nobre e que nada tem a ver com cobrança e controle. Esta sociedade só entende de contratos (máfia), porque como diz o escritor e terapeuta Arly Cravo, “restringir o amor a contratos é constrangimento afetivo”. Acordemos porque certidão de nascimento, casamento e até escrituras disso e daquilo jamais significará posses. Nem o nosso próprio corpo está sob a nossa tutela. Muitas pessoas faleceram em decorrência de COVID por não conseguirem respir-AR (elemento disponível e de graça na atmosfera).

Quando menciono o amor é com uma perspectiva ampla, muito além do amor romântico, porque há o amor familiar, entre amigos e todas as pessoas por quem nutrimos algum nível de dedicação e carinho. O estado em ser amoroso é o único caminho viável para distribuirmos tolerância e tornarmos em equilíbrio, a boa convivência humana. O respeito antecede ao amor. A liberdade antecede ao amor. Porque amor é construção até mesmo com os nossos filhos, elo mais divino e incondicional que formamos na Terra.

E voltando ao mestre Saramago, sobre a lição do destino, que estejamos empenhados em construir o nosso, a cada novo dia deste ano que bate à porta. Estou tão emocionada. Abrir um livro desconhecido é sempre emocionante para mim. E já sinto o cheiro de folhas em branco de 2021 no horizonte. Como serão os novos capítulos das nossas vidas? Estou literalmente de malas prontas, numa bagagem cheia de entusiasmo. Felicidades (fé-licita, fé verdadeira) em seu Ano Novo!

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