Neste momento em que escrevo, dia 23/07, registra-se, pela primeira vez desde o início da pandemia, nenhuma morte por covid-19 em Aracaju/SE nas últimas 24h. Cerca de 50% da população na capital sergipana foi vacinada e o registro é de 16 pessoas internadas em leitos para Covid. Nesta segunda, 26, boa parte da comunidade escolar voltou à sala de aula presencialmente. E os Jogos Olímpicos de Tóquio iniciaram com uma cerimônia de abertura cujos atletas, em mini-delegações de quatro pessoas no máximo, desfilavam com suas bandeiras, distanciados e utilizando-se de máscaras em clima de recomeço.
Não chamo tudo isso de ‘Novo Normal’. Desejo chamar esta travessia de ‘Novo Iluminismo’. Normal seria retomar as nossas atividades como se a experiência de viver uma pandemia em nada alterasse quem somos. Não há normose diante do desconforto. Sinto-me como em um despertar de pesadelo. Você acorda e sente-se tateando em um novo mundo. Ainda desconfiados, vamos saindo com os devidos cuidados e precauções porque não desejamos retornar para o estágio penoso daquele sonho tenebroso. Gosto de me inserir em um Novo Iluminismo. A história nos conta que o movimento iluminista data de 1715 a 1789 e seu principal cunho era a valorização da ciência, tal qual agora. O século XVIII foi marcado amplamente pelas ideias de liberdade, progresso, tolerância, fraternidade, governo constitucional e separação de Igreja-Estado. A pauta continua atual? Sim.
Foi durante o Iluminismo que avanços consideráveis se deram na física e biologia humana. Mas antes disso houve muita provocação filosófica. O jargão marqueteiro ‘Sapere Aude’, ou em português, ‘Atreva-se a conhecer’, saltava às consciências. Uma Revolução Científica foi o resultado posterior. E a campanha de vacinação se faz estritamente eficiente e necessária mesmo diante de tanto negacionismo. A ciência está a serviço do homem na Terra. Já os Templos e Igrejas, Congressos e Políticos, nos traz tamanha dúvida diante de tudo que temos presenciado.
Muita gente deixou de se vacinar por ideologia partidária e crença religiosa. Como se Deus, Jesus e seus emissários estivessem de acordo com o discurso de algum líder fariseu. Os mesmos narrados pelo Cristo, quando afirma: “hipócritas! Vocês devoram as casas das viúvas e, para disfarçar, fazem longas orações.” O Novo Iluminismo não só nos acorda: é um chamado para despertar.
Neste processo de se iluminar, de estar consciente sobre o que sente, como vive e o que desperta nos outros, há um convite grande por interiorização. A pandemia não só nos levou para dentro das nossas casas, local em que residimos. Ela nos leva para o principal lar: nós mesmos, nossa essência, qual tipo de contribuição a gente veio dar neste mundo? Sinto-me iluminista. A produção literária, científica, artística, as pesquisas e reformas nas leis e constituições, foram um marco do século das luzes. A obra mais influente do Iluminismo foi a Enciclopédia, uma catalogação fantástica de 35 volumes e que desfrutamos até os dias atuais. Rosseau descortinava novas políticas e possibilidades através de ‘Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens’. E Voltaire lançava um Dicionário Filosófico em 1764.
O Iluminismo foi, sobretudo, um movimento intelectual em prol de práticas mais humanas e com promoção da dignidade de existir. Adoro um convite para pensar. E através da dor, das perdas, da falta de rotina, do inesperado vírus viajante e mutante, fomos praticamente inseridos no contexto de refletir a existência. Sair do modo piloto automático é usar o racional e emocional com eficiência. Ninguém vai sair ileso da pandemia. Ninguém voltará ao normal, porque não há normalidade em uma estrada de iluminação. Estamos saindo de um túnel escuro, nos dirigindo a única luz que enxergamos. E mais uma vez essa luz se faz notória através da ciência. E a ciência está a serviço do homem na Terra com aval divino. De algum Deus, Buda, Hare Krishna ou Power Ranger a quem se cultue por necessidade de exercício de fé. É esta mesma fé que nos anima a acordar e pôr máscara para lidar com as labutas do dia. É esta fé que nos leva a acreditar em si mesmo. A deixar de viver pelo medo, para viver os nossos sonhos. Bem-vindo ao Novo Iluminismo e ao sopro de esperança.
 
 
 

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