O serviço de Telecardiologia tem como meta ajudar no diagnóstico e tratamento de doenças cardiovasculares, em especial, a doença coronariana

Implantado no dia 15 de junho, o Serviço de Telecardiologia oferecido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), no primeiro mês de operacionalização, analisou 144 eletrocardiogramas, sendo 60 destes, confirmados como Infarto com Supra de segmento ST (forma mais grave da doença coronariana). Todos esses pacientes, graças a análise rápida e a decisão precoce, foram encaminhados para tratamento definitivo com maior agilidade.

O serviço de Telecardiologia tem como meta ajudar no diagnóstico e tratamento de doenças cardiovasculares, em especial, a doença coronariana. Após o diagnóstico, o paciente faz o tratamento específico por hemodinâmica ou por trombólise. A agilidade no diagnóstico do infarto auxilia na minimização de sequelas, tais como a insuficiência cardíaca, além de reduzir a mortalidade. “Desse total de 144, nós fizemos 48 angioplastias primárias e 12 trombólises. Certamente esses 60 pacientes, caso o serviço não existisse, poderiam ter desfecho desfavorável, podendo ser insuficiência cardíaca ou até mesmo a morte”, destaca José Edvaldo dos Santos, que é coordenador médico do Samu Sergipe e coordenador médico do Eixo crítico do Huse.

O infarto agudo é uma doença tempo dependente, quanto mais rápido o paciente tem um tratamento administrado, menor a quantidade de músculo cardíaco que se perde e que agrava ainda mais o infarto. A cada hora de atraso do atendimento e tratamento, há um percentual de morte desse músculo. Quanto maior a gravidade, maior o número de complicações.

“Temos duas maneiras de tratar o infarto, a primeira maneira é transportar o paciente para o serviço de hemodinâmica do Hospital de Cirurgia, onde é feita a coronariografia e angioplastia (cateterismo cardíaco). Temos um tempo limite para isso, que vai de 6h até 12h. Quando há impossibilidade de levar esse paciente nesse tempo limite, existe uma outra maneira de tratar o infarto, que é a administração de uma medicação que chamamos de fibrinolítico, que o Samu tem disponível em cada viatura. Na ausência ou na impossibilidade de levar esse paciente para o Hospital de Cirurgia, administramos essa medicação, que tem o poder de dissolver o coágulo que causou o infarto. A angioplastia deve ser sempre o tratamento ideal, explica o especialista.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia diz que 50% das mortes de infarto acontecem na primeira hora, após o início dos sintomas. Além disso, no Brasil morre uma pessoa vítima de infarto a cada dois minutos. Nesse sentido, o serviço implantado pelo Samu Sergipe é fundamental para diminuir esses índices no Estado.

“O Serviço é um divisor de águas na cardiologia em Sergipe, isso já foi colocado inclusive pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e pela Sociedade Sergipana de Cardiologia. Vários estudos mostraram que havia uma grande disparidade no tratamento de infarto dispensado aos pacientes SUS em relação aos usuários de planos de saúde privados. O paciente do plano de saúde privado conseguiam ser tratados rapidamente nos hospitais particulares com hemodinâmica e eram submetidos ao tratamento em poucas horas, com paciente do SUS não acontecia assim. Tínhamos então muitas dificuldades, mas com o Serviço de telecardiologia facilitamos tudo, porque damos um diagnóstico precoce”, disse José Edvaldo dos Santos.

Com a agilidade do serviço de telecardiologia, o Hospital de Cirurgia recebe os pacientes com infarto a qualquer hora do dia. “Conseguimos, na verdade, inserir o paciente no SUS de forma mais adequada. O Serviço de telecardiologia não é só um serviço, é na verdade a garantia de equidade ao tratamento, uma política de saúde, porque estamos diminuindo disparidades no atendimento e ao mesmo tempo favorecendo um atendimento efetivo e igualitário para todos os usuários do SUS”, concluiu.

Funcionamento do serviço

O serviço pode ser acionado pelos profissionais através de três maneiras básicas, a primeira ocorre quando uma unidade de saúde realiza o eletrocardiograma e envia o traçado para Central de Telecardiologia, o cardiologista de plantão recebe aquele exame e rapidamente envia uma viatura do Samu ao local, que transporta o paciente sendo que o cardiologista já orienta o tratamento desde a chegada da ambulância até o destino final (Hospital de Cirurgia).

A segunda maneira é quando o chamado vem da residência de um paciente. Uma unidade de Suporte Avançado do Samu vai ao local, nesse caso um médico da viatura realiza o eletrocardiograma e através do Whatsapp, envia ao médico cardiologista, que diagnostica e conduz o tratamento. “Ainda há uma terceira maneira que criamos por conta do grande volume de chamados que recebemos no primeiro mês. As unidades que não estão conectadas diretamente conosco, disponibilizamos uma caixa de e-mail para onde o médico pode enviar o traçado. A gente pede as informações e retornamos a ligação para poder completar o atendimento, então criamos três maneiras para poder abranger os pacientes”, salienta.

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