Em dezembro comemora-se um dos eventos mais importes do mundo ocidental. Acontecimento tão marcante que o calendário do curso da história é definido em antes de Cristo (a.C) e depois de Cristo (d.C). Trata-se do nascimento de Jesus de Nazaré.

Neste mês é muito comum a saudação “Feliz Natal!”. Mas, o momento precisa ser melhor explorado para revelar a riqueza que oculta e pretende transmitir. Acontece que muitos contemporâneos perderam a dimensão espiritual dos votos natalinos.

Caro leitor, o primeiro passo é entender o significado da palavra.

Acompanhe comigo…

“Natal” deriva do latim natalis, que significa nascimento. Em inglês, a variação linguística é outra. A palavra Christmas é uma evolução de Christes mæsse (Christ’s mass) que quer dizer missa de Cristo.

O Natal em si, é uma festa religiosa cristã. Em uma dimensão menor e simplista, comemora-se o aniversário do nascimento de Jesus, mas não apenas isso. A tradição recorda um mistério nesta festividade: a encarnação do próprio Deus.

Queridos leitores, não é possível separar o sentido do Natal de sua religiosidade. Se isto fosse feito, haveria uma descaracterização e a festa seria apenas o fruto de um feriado comercial. Ou seja, sem entender o cristianismo, não se entende o Natal.

É muito interessante observar que os três pilares da cultura ocidental são a filosofia grega, o direito romano e a tradição cristã. Mesmo os não-crentes vivem em uma sociedade sustentada por este tripé. Portanto, alguns conceitos chave são imprescindíveis para a explicação do verdadeiro sentido do Natal.

Historicamente falando, algumas fontes apresentam que o dia 25 de dezembro foi escolhido para cristianizar uma festa pagã. Antes do advento cristão, a festa do sol vencedor era celebrada no solstício de inverno do hemisfério norte. Interessante, não?!

Era o Dies Natalis Solis Invicti, e alguns povos celebravam a vitória do sol sobre o gelo e as trevas. Tardiamente, possamos assim dizer, autores medievais ensinaram que a Igreja escolheu a mesma data para celebrar o nascimento de Cristo, que seria o verdadeiro sol. É importante destacar que nenhum documento sustenta que os primeiros cristãos escolheram a data para cristianizar a festa pagã do sol vencedor.

De acordo com a teologia bíblica, o homem traiu a confiança de Deus no Éden. Para a cultura cristã ocidental a natureza humana está decaída, inclinada ao mal e incapaz de reerguer-se por si mesma. Assim, gerações passaram milênios esperando por um salvador. O Antigo Testamento apresenta a narrativa da vida daqueles que esperavam pelo Messias, o Redentor. Por isso, é preciso conhecer a história bíblica para compreender, de fato, o que significa o Natal.

Os cristãos celebram a visita de Deus que se faz homem. Acredita-se que o homem caído não pode entrar no paraíso com suas próprias forças ou méritos. Desse modo, há a necessidade de ser resgatado por Deus. Finalmente, no nascimento de Jesus em Belém, creem que o Senhor veio ao encontro da ovelha perdida.

Neste cenário, a razão dos cânticos de glória, da alegria, da festa e da felicidade é compreendida. Não haveria motivo para a alegria, se não houvesse necessidade de socorro. A partir disto, pode-se explorar melhor o significado do Natal.

É, queridos leitores e leitoras… E se o verdadeiro sentido natalino estivesse escondido entre tantos enfeites, luzes e compras? Agora em dezembro, as árvores de Natal decoram shoppings e as bolinhas brilhantes enfeitam os pinheiros de plástico. Tudo é enlaçado pelas tranças de pisca-pisca. As lojas colocam guirlandas e o velho Noel ressurge após um ano. A beleza das decorações causa distração e tende a afastar o real significado da data.

Atente-se que para um comerciante, talvez, o sentido do Natal pode ser um lucro maior; para uma criança, ocasião de presentes; para uma avó, a data da receita anual que todos amam.

Você já se perguntou por que um acontecimento tão distante possui sentido nos dias de hoje? O verdadeiro sentido do Natal reside na felicidade da criatura que recebe a visita de seu Salvador.

O mistério natalino é que o Criador do mundo visitou sua criação na condição de criatura. Para os que assim creem, Jesus (o verbo) é Deus feito homem. Muitos não-cristãos também vivem o Natal. Esta tradição se espalhou pelas sociedades, gerando muitos frutos.

O significado do Natal continua a ter sentido nos dias de hoje por causa desta tradição religiosa. Com o ensinamento de viver na fraternidade, a cultura foi transformada. É uma forte base para justificar que todos são iguais em dignidade (ao menos na teoria). Afinal de contas, a tradição cristã sempre ensinou a salvação universal.

Mesmo que a fé em Jesus não seja professada, o Natal continua a ser um sinal de união, de esperança e pedido de paz.

Mantendo acesa a chama natalina, esta coluna deseja a todos boas festas e um 2022 conduzido pela luz da esperança em um mundo melhor.

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