Números compravam a diferença da idade na hora da contratação
De acordo com dados do Núcleo de Apoio ao Trabalho (NAT) em Sergipe, 643 pessoas na faixa etária, a partir de 50 anos, estão inseridas no mercado de trabalho no período de janeiro a setembro deste ano. Já na faixa etária abaixo dos 50 anos, em 2017 estão inseridos 645 mil 231 trabalhadores, o que indica uma diferença exorbitante.
Poucas empresas procuram profissionais com a idade acima dos 50 para inserir no mercado de trabalho. Segundo a coordenadora estadual do trabalho e emprego do NAT, Sandra Magna, o que as empresas têm oferecido em nível de vagas não entra nesse perfil e quando ocorre a procura desse público, geralmente é para executar serviços de office boy/girl, por exemplo. “Esse pessoal não precisa enfrentar filas nos bancos, tem vagas privativas em estacionamentos, o que facilita o serviço do empregador”, relata.
Ainda segundo a coordenadora, a maioria dos empregadores que procuram o NAT deixa bem claro que querem candidatos mais jovens. “Não colocamos isso na ficha até porque seria uma discriminação, mas na realidade a gente sabe que é isso. Mas têm empresas que acreditam que uma pessoa acima de 50 anos é capaz, igual a uma pessoa de 30. Infelizmente a gente enfrenta esse gargalo e isso é nítido, e esses dados não positivos”, acrescenta.
Sandra Magna também deu o exemplo de Pessoas com Deficiência (PCD) que estão inseridas no mercado de trabalho. A coordenadora informou que é uma avaliação muito particular e geralmente a contratação não é por acreditar no PCD. “Sabemos que toda regra tem sua exceção, a gente consegue inserir uma grande parte a partir de uma legislação, é em função disso.
Se as empresas, dentro da sua cota, não atingirem o número de PCD, nós temos os fiscalizadores. Em relação a idade a gente não tem uma regra, uma lei para inserir esse público no mercado. É muito notório, a gente que trabalha com isso sabe que a procura por esse público ainda é pequena”, diz.
Outro exemplo citado pela coordenadora foi de empregadores que solicitam apenas mulheres para alguns serviços. “A empresa chega até o NAT e diz que quer uma mulher para vaga de auxiliar administrativo, por exemplo. Sempre nós questionamos, por que a mulher e não o homem? Então a gente tenta negociar, mas quem define é o empregador. Da mesma forma como o processo de seleção, à medida em que consigo essa vaga, a gente encaminha o candidato de acordo com o perfil apresentado”, pontua.
Existem empresas que ainda acreditam no público com uma faixa etária superior a 50 anos sem interesses pessoais. A aposentada de 67 anos, Maria Regina Barbosa, recentemente participou de uma ação em um dos shoppings da capital no período de quinze dias. Para ela, o trabalho a fez se sentir útil e fez com que pensasse em retomar ao mercado de trabalho.
“Eu achei ótimo o trabalho, me senti útil, me comuniquei com as pessoas. Sei que tenho muito para contribuir ainda, porque a experiência que tive na vida inteira me permite repassar para as pessoas meus conhecimentos, inclusive, esse tempo todo que estive trabalhando pude perceber o atendimento das pessoas, como é hoje em dia. E eu que sou acostumada com essa parte de treinamento, por já ter trabalhado na área administrativa, observei tudo isso”, relata.
Um caso semelhante é da aposentada Márcia Diniz de 59 anos, que trabalhou durante 30 anos numa empresa e decidiu retomar ao trabalho. Hoje ela assume um cargo de chefia e é diretora do trabalho do NAT. “Passei um ano sabático, sem trabalhar, só viajando. Então surgiu essa oportunidade de ser realocada no mercado de trabalho. Eu que procurei o trabalho e já estava sentindo falta de uma atividade extra casa. Consegui conciliar isso tudo”, declara.