A população negra sofre opressão e violência em vários aspectos
A segunda maior população negra do mundo é a do Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), negros e pardos representam 54% dos brasileiros, no entanto, é o grupo que mais sobre violência e opressão. Sem políticas adequadas ao combate à desigualdade racial, o País vive uma onda de negacionismo e a disseminação de teorias equivocadas, como o racismo reverso.
“Não há dados precisos sobre o racismo no Brasil. As políticas existentes são desconexas, isoladas e não enfrentam o racismo estrutural, o maior problema e de raízes mais profundas. A população negra sofre um histórico de opressão e violência que a exclui em vários aspectos. Econômicos, sociais e políticos”, diz o doutor em Direito e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Ronaldo Marinho.
De acordo com números do Instituto Sou da Paz, 78% dos mortos por arma de fogo no Brasil são negros. Os óbitos entre crianças e adolescentes (10 a 14 anos) negras são duas vezes mais do que a de não negros, somando 61% e 31%, respectivamente. “Se a taxa de mortalidade for observada a cada 100 mil habitantes nesta faixa etária, a taxa de mortes entre negros é 3,6 vezes maior do que entre não negros”, enfatiza o professor.
O senso comum tende a compreender o racismo de maneira simplista, limitando-o à situações como ser impedido de entrar em determinado local ou insultado com palavras pejorativas que remetem à cor da pele. Mais de 70% dos brasileiros acreditam que existe racismo no País, mas somente 39% admite que é racista.
Segundo Marinho, o negacionismo é um disfarce à rejeição e anulação do ‘outro’, que se utiliza de teorias como a do racismo reverso para justificar atitudes preconceituosas. “Para haver racismo reverso, precisariam ter existido navios ‘branqueiros’, escravização por mais de trezentos anos da população branca e negação de direitos a ela”, conclui.
Shirley Vidal – Asscom Unit