Quando escolhi trabalhar com música e arte, constatei rapidamente que somente cantando eu não iria conseguir sustentar nem a mim nem a minha família que amo tanto. Assim, resolvi aprender várias coisas dentro da área cultural: fui produzir espetáculos, ser técnico de som e luz, trabalhar com teatro infantil, aprender a ser administrador cultural etc. Em 1984, entrei em estúdio para gravar o LP intitulado “Cajueiro dos Papagaios” e me apaixonei pelo trabalho de produção e direção. Daí, sempre alimentei o sonho de criar um estúdio meu, onde pudesse gravar as minhas músicas, bem como desenvolver uma produção local mais intensa e com qualidade, abrindo espaço para os bons músicos, arranjadores, técnicos e intérpretes sergipanos.
E em 1999 realizo mais um sonho na minha carreira musical, coloco para funcionar o Estúdio Capitania do Som. Produzimos até 2010 quando tive que escolher entre a gestão e a produção.
Produzimos centenas de discos e músicas de artistas locais, festivais e artistas de outros estados. Passaram pelo Capitania: Clemilda, Sergival, Alcimar Monteiro, Toninho Horta, Erivaldo de Carira, Ismar Barreto, Dominguinhos, Luiz Paulo, Amorosa, Alice Nou, A Lapada, Minho San Liver, Claudio Barreto, Joaquim Antônio, Discarada, Xamego de Menina, Bando de Mulheres, Denise Aragão, Celia Gil, Rubens Lisboa, Marilda Nega Forrozeira, João Melo, Los Guaranys, Grupo Imbuaça, Mãe Marizete, João do Obacoso, Nino Karvan, Kleber Melo, Nery, Cecilia Cavalcante e o Portal Hanna Belly, Pantera, Lina Sousa, Hugo Costa, Sinvuca, Vanessa da Mata, Mingo Santana, Lina Sousa, Lito Nascimento, Aglaé Fontes e tantos outros. Produzimos diversos discos do Sescanção, Bandas de Músicas, Cultura Popular, e projetos específicos de espetáculos e editais.
Em 2005, depois de cinco anos de vida do estúdio, fui convidado por um grande amigo, Antônio Rollemberg, proprietário da FM Liberdade na época, para apresentar um programa de música sergipana, pois conversávamos muito, junto com o Hélvio Dórea e o Manuel Vasconcelos sócios da empresa de publicidade “Conceito”, sobre a não divulgação da produção musical sergipana. E, como eles conheciam o Capitania e participavam de muitos momentos da minha vida, surge o convite e ali mesmo, com ajuda do criativo e inteligente Hélvio, nasce o “Nossa Música” com slong e tudo “o programa que vai provar o quanto você já gostava da nossa música e nem sabia”.
A motivação era conseguir colocar a música sergipana em evidência. A receptividade do programa foi muito boa, recebemos diversos e-mail e telefonemas, e conseguimos provar que um programa como o “Nossa Música” é viável.
Na conversa acertamos que o programa seria aos sábados às 17:00h, com duração, a princípio, de uma hora e logo depois passou para duas horas.
Uma ideia surgiu na minha cabeça e fui logo colocando. Disse ao Antônio: – Só topo fazer se tiver a música da semana. Ele perguntou qual era a ideia e expliquei que a cada programa eu perguntaria aos ouvintes, quem canta essa música?
E a emissora tocaria na programação comercial de cinco a oito vezes por dia, de segunda a sábado a canção com vinheta do programa e do quadro. As músicas eram escolhidas a cada sábado. Ou um lançamento, ou alguém que teria show naquela semana, ou à minha escolha, a música e o artista tocariam e passariam a semana toda no ar, a execução serias várias vezes por dia.
A cada semana, o programa conseguia mais audiência e mudou a própria programação da Liberdade FM que, se antes já tocava os nossos artistas, os próprios locutores executavam bem mais vezes.
Algum artistas diziam, – passei uma semana de rei da música, toda hora ouvir minha canção e as pessoas comentaram sobre.
A caixa do e-mail da emissora só vivia cheio de mensagens e respostas sobre a música e o intérprete, conseguimos colocar na planilha do Ecad a nossa música, interpretes, compositores e músicos começaram a receber seus direitos, através das suas associações arrecadadoras. A Liberdade era a única emissora da capital a pagar o Ecad.
Passei mais de três anos à frente do Nossa Música, o primeiro programa voltado exclusivamente à boa música produzida em Sergipe. Antônio me comentou que eles estavam vendendo as rádios, Liberdade e Ouro Negro e que não sabia qual seria a política do proprietário. Em uma quarta-feira fui avisado pela gerente da emissora que o empresário Gilton Andrade, logo que sentou na mesa fez sua primeira determinação, que era retirar do ar o programa que não tocava a banda dele. Felizmente, o Mingo Santana deu continuidade à proposta e fez durante algum tempo o “Liberdade da gente”, no mesmo horário, aos sábados às 17:00h.
O programa Nossa Música ficou pouco tempo fora do ar, se manteve com o convite da Indira Amaral, superintendente da Fundação Aperipê e que realizou um ótimo trabalho à frente da fundação. Indira vinha da Coordenadoria Geral do Núcleo de Produção Digital (NPD) da Prefeitura de Aracaju, com uma gestão exitosa. Com o trabalho desenvolvido na Aperipê, Indira assume a direção de Marketing e Captação de Recursos da Associação Brasileira de Emissoras Públicas Educativas e Culturais (Abepec).
Voltamos ao ar na FM Aperipê, a princípio no mesmo dia e horário, sábados das 17:00 às 19:00h e, depois, pedi para passar para as segundas-feiras das 20:00 às 22:00h, pois a música sergipana não poderia ter concorrência com ela mesma e, assim, abrimos mais um horário para os trabalhos dos artistas, compositores e cantores sergipanos.
Foram mais de 600 programas com 600 músicas da semana e 9.000 execuções das músicas sergipanas, entre algumas canções e seus interpretes: Você me deixa doidinho – Jiló; Ninguém segura o nosso amor – Bando de mulheres; Encontro e desencontro – Thais nogueira; Se você for eu vou – Ivana Dantas; Maracatu do brejão – Rubens Lisboa; Forro e rabo de saia – Erivaldo de Carira; Cara de coco – Maria Scombona; Deserto da foz – Mingo Santana; Caju – Adi Sousa; Sim – Raquel Delmondes; Baton da alma – Gena Ribeiro; A nega – Naurea; Pra sempre nunca – Alex Santana; Laranjeiras – Chico Queiroga e Antônio Rogerio; Procissão – Marco Vilani; Banbaquere – grupo Cataluzes; Ruas de Ará – Paulo Lobo; Alto do Tempo – Amorosa, País do Forró – Rogerio entre tantos outros grandes artistas do meu Sergipe.
E assim o programa Nossa Música fez seu papel. Provou o quanto você já gostava da nossa música e nem sabia.
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