Com a desaceleração da Covid-19 após dois anos, quando foi restringido o convívio social das crianças, e o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, reaparecem com mais intensidade as doenças sazonais comuns nesta época do ano, como os resfriados. É nesse período, do outono ao inverno, que aumenta a circulação dos vírus respiratórios e a mudança de temperatura fez explodir os casos gripais na pediatria.
A situação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátricos é crítica e pressiona a rede pública de saúde. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, ao todo são disponibilizados para os pacientes do SUS 17 leitos de UTI pediátricos, sendo 10 no Hospital de Urgências Governador João Aves Filho (Huse) e sete contratados no Hospital Santa Isabel. Neste momento, a taxa de ocupação é de 100%.
O Hospital Unimed percebeu um aumento nos atendimentos pediátricos desde abri
Segundo a Saúde Estadual, essa ocupação está em constante modificação, uma vez que o tempo de permanência nos leitos de UTI muda a depender da clínica de cada paciente e sua evolução. Entre as medidas que estão sendo adotadas para enfrentar esse momento está a contratação de mais médicos com especialidades em pediatria e a ampliação de leitos.
“Desde o início deste ano, há um trabalho dedicado à ampliação dos leitos de UTI. Há previsão de abertura de mais três leitos pediátricos no Huse e outros três no Hospital Santa Isabel, além da implantação de uma Unidade de Cuidados Intermediários destinada a pacientes crônicos, também no Santa Isabel, que possibilitará maior fluxo de rotatividade dos pacientes da UTI, aumentando a oferta de leitos pediátricos”, disse a Assessoria de Comunicação da SES.
O Hospital da Criança está com escala profissional completa
Hospital da Criança
O Hospital da Criança também é gerenciado pela Secretaria Estadual de Saúde. Ele é referência no atendimento de pequena e média complexidade e disponibiliza 26 leitos de Observação; 5 leitos de Estabilização; e 16 leitos de Enfermaria Clínica. O Hospital tem escala completa de profissionais e segue como porta aberta. “O que acontece lá é lotação quando o Santa Isabel ou os municípios restringem as portas”, informou a Assessoria de Comunicação da SES.
“As crianças vindas por demanda espontânea passam pela classificação de risco, são avaliadas quanto à gravidade do seu quadro de saúde. Caso não se enquadrem no perfil de atendimento do hospital, são encaminhadas para as demais unidades da rede. Após classificadas enquanto pequena ou média complexidade, seguem para o atendimento com médico pediatra e são encaminhadas para realização de exames, procedimentos ortopédicos, consulta, cirurgia e administração de medicamentos”, disse a SES.
Rede Privada
Os hospitais privados também sofrem com a superlotação da pediatria. Segundo a médica Dra. Bianca Xavier Costa, coordenadora da Pediatria do Hospital e Maternidade Santa Isabel, a unidade vem se preparando para o aumento dos casos nesse período. “Nós trabalhamos com o acolhimento e com classificação de risco, onde estratificamos a gravidade do caso na chegada do paciente. Essa avaliação é realizada pelo enfermeiro e os pacientes são classificados e atendidos priorizando os mais graves”, comentou.
Dra. Bianca: “É importante que os pais fiquem atentos aos sintomas”
No Hospital Santa Isabel, a ocupação dos leitos de enfermaria pediátrica já chega a 120% e de UTI a 100%. No Hospital São Lucas, o quantitativo de crianças está bem maior que o usual, por isso ampliou a equipe. No Hospital Primavera, a doença mais prevalente é a síndrome respiratória aguda em crianças com menos de dois anos, o que corresponde a 70% dos casos. Ao todo, são 12 leitos na pediatria, sendo 6 na UTI e 6 no internamento. O Hospital Unimed informou que desde o mês de abril, percebeu um aumento nos atendimentos pediátricos. Em abril, houve um internamento de cerca de 30 crianças com síndromes gripais. Já em maio, ocorreram mais de 50 internamentos.
Pais devem manter o calendário vacinal atualizado
Doenças
Dra. Bianca Xavier lembra que as doenças mais comuns nesse período do ano são as bronquiolites virais, pneumonias e crises asmáticas. “É importante que os pais fiquem bastante atentos aos sintomas como tosse, coriza, febre e cansaço, e levem seus filhos para uma avaliação, para evitar uma piora clínica, uma evolução desfavorável com possibilidade de sequelas pulmonares”, explica.
A pediatra orienta que os pais devem intensificar as medidas sanitárias, orientar as crianças quanto a higienização das mãos, manter o calendário vacinal atualizado e não mandar as crianças doentes para a escola. “É importante também manter uma boa hidratação e alimentação saudável e acompanhamento regular com o pediatra”, finalizou.