A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no último dia 23 de julho que a varíola dos macacos, também conhecida como monkeypox, é considerada uma emergência de saúde pública global. No Brasil já mais de 1.000 casos confirmados e uma morte. Trata-se de homem de 41 anos que tinha graves problemas de imunidade e morava na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais. Sergipe já registrou dois casos suspeitos que deram resultado negativo para a doença e positivo para outras infecções (varicela e catapora). Em todo o mundo já são mais de 18 mil casos confirmados e sete mortes.
A declaração de emergência global ocorreu porque a doença já se espalhou para 78 países, portanto há uma disseminação do vírus em larga escala, o que significa que estamos em uma nova pandemia. “A emergência em saúde quer dizer que há um espalhamento descontrolado desse vírus e que os estados, municípios e países devem estabelecer políticas para contê-lo”, disse o professor Lysandro Pinto Borges, coordenador do laboratório de bioquímica e imunologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Segundo Borges, a OMS demorou para declarar o estado de emergência porque os primeiros casos ocorreram com maior prevalência em indivíduos homossexuais. “Com medo da estigmatização como aconteceu no HIV, a entidade demorou para declarar esse estado de emergência e agora a tardiamente, onde já há um alastramento muito grande do vírus. Não podemos discriminar o paciente detectável para varíola dos macacos, independente do seu gênero ou da sua opção sexual”, alertou.
A doença já se espalhou para 78 países
A doença
A varíola dos macacos é uma doença viral causada por um vírus que foi diagnosticada e identificada pela primeira vez no século passado, na década de 60, que não tem nada a ver com macacos. Na verdade, ela foi identificada primeiro nos macacos e por isso ficou conhecida no mundo científico como “varíola dos macacos”. Essa doença tem caráter endêmico em alguns países da África Central e da África Ocidental. Ao longo da história da saúde pública mundial, nós tivemos alguns surtos de varíola dos macacos em alguns países, como, por exemplo, nos Estados Unidos, mas surtos curtos, com poucos casos. O que nós estamos vivendo agora é o primeiro grande surto em países não endêmicos.
Sintomas e prevenção
A doença começa, quase sempre, com uma febre súbita, forte e intensa. O paciente também tem dor de cabeça, náusea, exaustão, cansaço e fundamentalmente o aparecimento de gânglios (inchaços popularmente conhecidos como “ínguas”), que podem acontecer tanto na região do pescoço, na região axilar, como na região perigenital. A manifestação na pele é chamada de papulovesicular uniforme, que são feridas ou lesões pelo corpo.
Professor Lysandro Borges
De acordo com o professor Lysandro Pinto Borges “as medidas de prevenção são basicamente evitar o contato com os desconhecidos, pele com pele, manter relações sexuais sempre protegidas e observar se a pessoa tem alguma lesão circular, puntiforme, que drena secreção. A prevenção também se dá lavando as embalagens, visto que a pessoa que tem lesões principalmente na palma das mãos e vai ao mercado, por exemplo, e toca em frutas, verduras, vegetais ou até em objetos, esse vírus pode ainda estar ativo quando a outra pessoa tocar também”, explicou.
“É importante que as pessoas mantenham os cuidados lavando as mãos, usando o álcool gel, evitando a relação sexual com pessoas desconhecidas, com múltiplos parceiros, evitando a troca de roupas de cama, peças íntimas, tudo isso é prevenção da varíola dos macacos. E em casos mais graves o paciente também pode tossir, espirrar com lesões na região da boca e essas secreções podem contaminar o outro indivíduo. Então o uso da máscara também é muito importante”, orientou.
Dr Marco Aurélio: “A Secretaria de Estado da Saúde tem atuado na orientação”
Vigilância
A Secretaria de Estado da Saúde acompanha com atenção o avanço na varíola dos macacos no Brasil. Segundo o diretor de Vigilância em Saúde da SES, Marco Aurélio Góes, desde maio o estado tem se preparado para possíveis aparecimento de casos. “Já divulgamos para os trabalhadores, gestores do SUS e serviços privados quatro comunicações de risco explicando um pouco sobre a doença, sinais e sintomas, e principalmente sobre a notificação imediata dos casos”, comentou.
“A gente vem trabalhando com a sistematização dessa notificação. Qualquer local que atenda um caso suspeito ou que ache que possa ser, o município precisa notificar de imediato ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVIS) e coletar os exames específicos. Também temos feito a organização do fluxo das amostras coletadas. A gente tem um kit que é enviado para os serviços onde o paciente é atendido e essas amostras são encaminhadas para os laboratórios nacionais de referência, porque o exame de monkeypox ainda não é feito por aqui”, informou.