Criada em 1992 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a campanha Agosto Dourado tem como objetivo sensibilizar a sociedade para a importância do aleitamento materno para a saúde da mãe e do seu filho. O Leite materno é o alimento mais completo para o início da vida, servindo tanto para nutrição como para proteção da criança.
“O leite materno tem a proporção exata para garantir o melhor crescimento em estatura e o desenvolvimento de habilidades intelectuais. As crianças amamentadas exclusivamente com o leite materno dificilmente adoecem e quando isso ocorre elas se recuperam rapidamente. Além disso, o aleitamento materno traz benefício até a idade adulta, proporcionando menor risco cardiovascular, obesidade e diabetes”, disse a pediatra, neonatologista e consultora internacional de amamentação, Débora Cristina Fontes Leite.
Segundo a médica, a OMS recomenda que as crianças sejam amamentadas, exclusivamente, sem água, sucos ou chás, até o sexto mês de vida e continuem mamando e recebendo outros alimentos até dois anos ou mais. “Eu sempre oriento para minhas pacientes amamentem pelo tempo que for confortável para ela e para seu filho e que interrupção seja de forma gradual, após percebido os sinais de que a criança está pronta para o processo”, comentou a pediatra.
Baixa produção
A especialista orienta que a mãe deve procurar imediatamente um pediatra para que seja feito o diagnóstico se a baixa produção de leite é real ou somente percebida pela genitora. Isso é importante para garantir a nutrição da criança. Segundo ela, se o ganho de peso estiver correto, a criança estiver com boa perda de urina, a produção de leite deve estar suficiente e é somente uma percepção da genitora por comparação com outras mães ou outros fatores que causam insegurança quanto a suficiência de produção (esta é a grande maioria dos casos).
“Se a pega e posicionamento do bebê ao seio não estiverem corretos, ele estimula pouco a mãe e pode haver baixa produção, neste caso uma orientação e correção da pega e posicionamento irá dar resultados. Mulheres com diabetes gestacional, que tiveram sangramento volumoso durante o parto ou que tenham retenção de restos placentários podem ter baixa produção real e devem ser avaliadas pelo médico”, explicou.
Dra Débora: O leite materno tem a proporção exata para garantir o melhor crescimento e desenvolvimento
De acordo com ela, isso acontece principalmente com as mães de prematuros que ordenham leite para seus filhos em unidade de terapia intensiva. Uma consultora em amamentação poderá orientar como resolver através do estímulo com bomba elétrica e uso de galactogogos, substâncias que estimulam a produção de leite. “Existem condições raríssimas de hipoplasia mamária que também podem evoluir com baixa produção, necessitando de uma consultora de amamentação para estimular a produção e complementar a dieta da criança através de translactação”, disse.
Bancos de leite
Muitas mães têm dúvidas sobre o armazenamento do leito materno. A pediatra explica que o leite fora da mama é um ambiente de cultivo para microorganismos e deve ser manuseado com extremo cuidado. Em Sergipe existem quatro Bancos de Leite Humano: dois em Aracaju (BLH Marly Sarney e o posto de coleta da Maternidade Santa Isabel) e dois no interior do estado no município de Lagarto (BLH Zoéd Bittencourt) localizado anexo à Maternidade São Zacarias, e em Itabaiana (BLH Irmã Rafaela Pepel na Maternidade São José).
“O ideal é que a mãe procure um Posto de coleta de leite humano ou banco de leite para tirar todas as dúvidas e informações de como devem ser os recipientes e sua esterilização, mas de forma geral o leite cru pode ficar 24 horas na geladeira, na prateleira superior (nunca na porta, somente na parte interna) e 15 dias no congelador. Já o leite pasteurizado em banco de leite tem validade de seis meses”, concluiu.