A cirurgia bariátrica é um procedimento que tem como objetivo a perda de peso. Ela é associada ao metabolismo, porque trata doenças como hipertensão e, principalmente, diabetes, mas também combate dislipidemias (gorduras no sangue) e todas as patologias que são solucionadas pela diminuição do peso corporal. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), a cirurgia bariátrica é recomendada para pessoas que têm o Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 35 e duas comorbidades.
O médico gastroenterologista especialista em cirurgia do aparelho digestivo, Dr Jonas Leomarques dos Santos, lembra que a população em geral não sabe quais doenças estão associadas à bariátrica. “São inúmeras. Enxaqueca, tireoideopatias, infertilidade, depressão, ansiedade, desúria, artralgia, às vezes até dores nos joelhos, lombalgias, enfim, são uma infinidade de patologias que são associadas com a obesidade, mas principalmente diabetes e pressão alta. Também temos a esteatose hepática, que é um distúrbio que se caracteriza pelo acúmulo de gordura no interior dos hepatócitos (células do fígado)”, explicou.
Dr Jonas comenta que o histórico do paciente é muito importante para a decisão de realizar ou não a bariátrica. “Uma pessoa que chega ao consultório com reganho de peso, ou seja, que não atingiu ainda os 35 de IMC, mas vem sofrendo, fazendo as atividades físicas necessárias, entra naquele efeito sanfona de engorda, reganha, e está com dificuldade, tudo isso é observado. Então, eu valorizo muito mais a história do paciente. Um alerta para a população é não ficar tentando perder peso sem acompanhamento multiprofissional”, comentou.
Dr Jonas Leomarques, gastroenterologista
Técnicas utilizadas
Atualmente, a cirurgia bariátrica é realizada quase que 100% por vídeolaparoscopia, técnica que não faz corte no abdômen, o que influencia muito na segurança e até no risco da cirurgia. As técnicas utilizadas são: Bypass gástrico, Duodenal Switch, Sleeve Gastrectomia Vertical, Banda Gástrica (Não é mais utilizada) e Bipartição Ileal.
“São procedimentos bastante seguros e a tecnologia faz a gente indicar para cada paciente a técnica operatória adequada. Então, nós temos hoje um hall bastante moderno e é bom que o paciente pesquise na internet, assista vídeos e busque informações de pós-operatórios de amigos, ou seja, que pesquise bastante, porque são várias técnicas e cada uma tem a sua indicação”, explicou o especialista.
A preparação
Dr Jonas considera a preparação como um dos fatores primordiais para o sucesso da bariátrica. A investigação sobre o histórico do paciente, a necessidade real de se submeter ao procedimento cirúrgico, tudo isso é avaliado. Na preparação influencia tudo, desde o envolvimento familiar, os fatores como ansiedade, o psicológico, a mudança de hábitos alimentares e de lazer.
Atualmente, a cirurgia bariátrica é realizada quase que 100% por vídeolaparoscopia
“Você tem que ter uma preparação total. Não existe mágica, o que existe é dieta e exercício físico. Eu tenho vários pacientes com guias autorizadas e não precisaram fazer a cirurgia. Muitos chegam ao consultório para essa preparação e acabam fugindo da cirurgia, porque são avaliados pela equipe multidisciplinar, que têm nutricionista, psicólogo, entre outros profissionais, que estão aptos a retirar o paciente da fila operatória, para dar mais uma chance de ver se esse paciente realmente precisa ou não da cirurgia”, frisou.
Alto estima
Além de cuidar da saúde do paciente, tratando diversas patologias, a cirurgia bariátrica também atua na saúde mental. A jornalista Iane Noronha de Gois, de 37 anos, conta que vivia com depressão, ansiedade, insônia, falta de vontade de interagir socialmente e insatisfação ao olhar no espelho. Estar acima do peso fez com que ela optasse pelo balão intragástrico. Contudo, após consulta, realização de exames e diagnóstico de comorbidades diretamente ligadas à obesidade, foi optado pelo método Sleeve.
Iane vivia com depressão, ansiedade e insônia
“Já na primeira consulta, Dr. Jonas solicitou que fossem realizados exames específicos, a exemplo da endoscopia, na qual constatou-se hérnia de hiato, e a partir de então demos continuidade ao processo com a assistência da equipe multidisciplinar. Acompanhamento com nutricionista, psicólogo, endocrinologista, cardiologista fez parte dessa preparação, além da dieta específica, suplementação vitamínica e mudança no estilo de vida, já como parte de uma antecipação dos resultados, a fim de que o organismo não tivesse um choque abrupto”, explicou Iane.
Pós-operatório
Após 46 dias de pós-operatório, a jornalista já eliminou 10kg. Segundo ela, o pós-operatório foi super tranquilo, com restrições alimentares já conhecidas e que em nada mudaram a sua percepção sobre a cirurgia. “Mas não existe passar fome, sofrimento por não comer, por exemplo, uma coxinha. Se tivesse que decidir novamente, não pensaria duas vezes. Afinal, não estamos falando somente de perda de peso, mas de qualidade de vida. Até poucos dias antes da cirurgia, por exemplo, para dormir durante 4 horas eram necessários três medicamentos (ansiolíticos e antidepressivos). Hoje, deito e durmo sem precisar de qualquer indutor de sono”, concluiu.