A dor crônica é uma doença de alta prevalência que atinge aproximadamente 20% da população brasileira. As causas mais comuns são artrose de grandes articulações como joelhos, quadril e ombros, dor na coluna lombar e cervical, dor de cabeça, sequelas de acidentes, diabetes, fibromialgia, endometriose e câncer. Ela é caracterizada por uma dor que persiste ou recorre frequentemente por mais de três meses e, nesses casos, a dor pode se tornar a doença em si, independente da causa inicial, com impacto negativo na qualidade de vida dos pacientes.

O médico neurocirurgião do grupo da Dor do Hospital Primavera e professor assistente de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), Dr Jorge Dornellys da Silva Lapa, explica que é muito comum a dor crônica está relacionada à sintomas de humor. Segundo ele, há estudos que mostram que pessoas com doenças psiquiátricas como transtornos de ansiedade ou depressão maior são mais susceptíveis ao desenvolvimento da dor crônica, assim como os pacientes com dor crônica possuem maior chance de devolver esses sintomas ansiosos ou depressivos.

“A dor crônica também pode estar relacionada ao aparecimento de transtornos com abusos de substâncias como álcool, drogas e opióides. As alterações do sono também acontecem frequentemente e problemas como a insônia e sono não reparador, sejam devido à dor crônica em si ou por comorbidades como transtornos de humor, implicam em pacientes com dor crônica mais grave e de difícil tratamento”, explica Dr Jorge Dornellys.

Dr Jorge Dornellys, neurocirurgião

O diagnóstico da dor crônica deve levar em consideração não somente a duração da dor acima de três meses, mas os prejuízos funcionais dessa condição nas atividades de trabalho, lazer e convívio social. O diagnóstico correto da síndrome dolorosa é importante, assim como levar em consideração as comorbidades dos pacientes como as alterações de humor, distúrbios do sono, condições socioeconômicas.

Pausa nos treinos

O fotógrafo César de Oliveira é um amante das corridas há mais de dez anos e um atleta de alto rendimento. Ele já correu nove maratonas e seis desafios de mais de 50km. Quando não está correndo, é muito comum encontrá-lo nos principais eventos de corridas de rua em Aracaju atuando como fotógrafo. Ele também é responsável por inserir muitas pessoas na prática do esporte e mantém um site com o registro dos atletas amadores: o tocorrendo.com.

César precisou parar seus treinos para tratar uma fascite plantar

Em fevereiro deste ano, César precisou parar de fazer uma das atividades que mais lhe dava prazer devido a uma fascite plantar – processo inflamatório ou degenerativo que afeta a fáscia plantar, que é uma membrana de tecido conjuntivo fibroso e pouco elástico, que recobre a musculatura da sola do pé. “Eu já tive fascite, mas foi rápida, não durou dois meses. Mas no início desse ano, eu comprei um tênis com placa de carbono e eu senti que me incomodou. Continuei usando e a dor que foi piorando. Eu parei um tempo”, explica.

Em seguida ele teve uma labirintite crônica e precisou ficar em tratamento. “Quando eu me recuperei da labirintite eu não sentia nada porque passei o tempo todo deitado, mas só foi eu voltar a caminhar que começou a doer de novo, troquei de tênis, comprei um mais macio e comecei a fazer fisioterapia. Ainda faço uma vez por semana. No último mês, por indicação de uma amiga, comecei a fazer ozônio terapia. Nos últimos dez dias eu comecei a correr. Fiz uma distância maior, corri 15km. Coisa que eu não fazia desde fevereiro e estou vendo que está evoluindo, mas a minha fascite é crônica, então eu vou me acostumando com a dor”, comenta.

Dor aguda x dor crônica

A dor aguda é geralmente um sinal de alerta de uma doença ou lesão e geralmente há melhora dos sintomas dolorosos com o tratamento da causa dessa doença ou lesão com duração menor que três meses. A dor aguda se comporta como uma adaptação para prevenir lesões que podem colocar até a vida em risco, como por exemplo a dor no peito sentida no infarto agudo do coração. É importante comentar também que se a dor aguda não é tratada adequadamente, a dor pode se tornar crônica. Na dor crônica estabelecida (mais de três meses de duração), os impactos dela na vida do paciente não são somente tratados com controle da causa inicial e frequentemente são necessárias outras medidas terapêuticas específicas para o alívio da dor.

Tratamento

Dr Jorge Dornellys ressalta que o diagnóstico correto da síndrome dolorosa e dos perpetuantes desse processo são passos importantes para o planejamento terapêutico. O objetivo do tratamento não é somente reduzir a intensidade da dor, mas sim melhorar a qualidade de vida do paciente. “o tratamento da dor crônica é um desafio e deve ser personalizado. Vão desde medidas não medicamentosas como fisioterapia, acupuntura, apoio psicológico, orientação de atividade física compatível e acompanhamento nutricional, assim como medicações específicas para tratar as dimensões da dor com indicações individualizadas para cada paciente”, pontua.

O tratamento vai desde medidas não medicamentosas como acumpuntura, até medicações específicas

De acordo com o médico, pode ser necessário incluir no tratamento as medidas de intervenção em dor como infiltrações de medicações, proloterapia em articulações (coluna lombar e cervical, joelho, ombro, quadril e tornozelo), tendões e planos musculosfasciais, assim como injeção de toxina botulínica para enxaqueca e dor neuropática localizada e ainda bloqueios nervosos para alívio de dor.

“Em casos específicos, cirurgias como implante de eletrodos na coluna para alívio de dor mista ou neuropática, que se mantém após cirurgia de coluna ou sequelas de lesões de nervo, assim como cirurgias para dor na face relacionada à neuralgia do trigêmeo, por exemplo”, conclui.

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