O ano de 2023 começou com uma excelente notícia para o Hospital São José, unidade filantrópica com mais de 60 anos de fundação sediada em Aracaju. Foi realizado, no dia 05 de janeiro, por uma equipe multidisciplinar, a primeira captação de órgãos e tecidos da história do hospital e a primeira do ano de 2023 em Sergipe. O feito é extraordinário porque amplia a capacidade desse tipo de cirurgia no Estado.
A paciente foi encaminhada para o Hospital São José com um quadro de aneurisma cerebral. Após a comprovação da morte encefálica, todo o processo de autorização para doação de órgãos e tecidos seguiu o protocolo com a autorização da família. Após acionar a Central Estadual de Transplantes, uma equipe coordenada pelo médico Dr Luiz Fernando foi até a unidade hospitalar para realizar a captação. Foram doados um dos rins e as duas córneas.
Todo o processo foi coordenado pela Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (CIHDOTT) do Hospital São José. A comissão foi instituída há apenas dois anos atendendo as necessidades da Central Estadual de Transplantes para ampliação do serviço em hospitais de médio porte. A autorização de mais uma unidade hospitalar representa maior oferta de órgãos e tecidos para os pacientes que estão na fila, reduzindo, assim, o tempo de espera.
Dayana Santos, enfermeira e coordenadora da CIHDOTT
Segundo a enfermeira Dayana Santos, coordenadora da CIHDOTT, o feito foi extraordinário devido a comissão ter apenas dois anos de criação. “Nós comunicamos a Central Estadual de Transplantes que nos forneceu tantos recursos humanos quanto materiais. Ela sempre se manteve presente. Foi inédito, a gente não imaginava estar vivenciando essa situação por sermos uma comissão tão jovem, a primeira captação do Hospital São José em 60 anos de história e a primeira do estado de Sergipe em 2023”, disse entusiasmada.
A coordenadora explica que é muito importante as pessoas entenderem o funcionamento do processo de doação de órgãos e tecidos e, principalmente, a conscientização dos familiares. “A gente fez o a oferta e após a comprovação do diagnóstico da morte encefálica a família consentiu. Os filhos pediram um tempo e depois resolveram fazer esse gesto de amor. Se o ente querido nunca expressou sua intenção de ser um doador, a família pode dar o aval. A gente abraçou muito os familiares, choramos juntos também porque é um momento de muita dor”, pontuou Dayana.
“Esse assunto precisa ser abordado dentro de casa, a única certeza que a gente tem dessa vida é a morte mesmo. A gente não quer que as pessoas morram, mas que quando tenha em causa de falecimento que a gente possa transformar esse momento, esse sentimento de dor realmente, em um gesto nobre e um gesto de amor. Nesse caso dessa família os filhos disseram que ela nunca tinha se manifestado, e eles disseram: se é para fazer o bem para uma outra pessoa a gente vai ofertar. Então isso tocou muito na gente. Existem protocolos que são regidos por lei e um controle rigoroso”, explica Dayana.
Importância da doação
Qualquer pessoa que não tenha doença infectocontagiosa pode ser doadora de órgãos e tecidos. São dois tipos de doadores: o vivo, que pode doar um dos rins, parte do fígado, parte do pulmão e medula óssea. E o falecido com o coração parado, que doa tecidos. Se a família autorizar, pode doar as córneas até seis horas depois da parada cardíaca. Falecido com morte encefálica pode doar coração, pulmão, rim, fígado, intestino, córnea, pele, ossos, vasos e tendões.
Eliana Oliveira Hora, enfermeira da Central Estadual de Transplantes
A enfermeira da Central Estadual de Transplantes, Eliana Oliveira Hora, disse que em 2022 ocorreu um recorde em doadores de órgãos e tecidos em Sergipe. Foram 35 doadores de múltiplos órgãos e 84 doadores de tecidos (córneas ópticas e tectônicas). Foram 04 transplantes de rim com doador vivo e 173 transplantes de córnea no Estado. Através da Central Nacional de Transplantes foram ofertados 01 coração, 64 Rins e 35 Fígados.
Ela destacou a ação do Hospital São José que se integra a uma rede de hospitais públicos e privados autorizados a realizarem a captação de órgãos e tecidos em Sergipe. “Esse feito representa a participação de mais hospitais no processo de doação e captação de órgãos no Estado, possibilitando maior oferta de órgãos e tecidos para os pacientes listados, reduzindo o tempo de espera. O Transplante é uma modalidade terapêutica que depende essencialmente do doador. Sem o doador não há transplante”, finaliza Eliana Oliveira Hora.