O início do ano, para muita gente, serve como um período de reflexão, de organização das tarefas e de traçar metas. Algumas pessoas terminaram o ano bastante felizes, outras não. Desemprego, perda de entes queridos e doenças são alguns dos sintomas que levam à depressão, crise de ansiedade e tristeza profunda. Foi exatamente com o objetivo de chamar a atenção das pessoas, instituições e autoridades para as necessidades relacionadas à Saúde Mental e para o respeito à condição psicológica de cada um, que surgiu, há 10 anos, a campanha Janeiro Branco.

Esse ano tem como tema “a vida pede equilíbrio”, e suscita discussão sobre a multiplicidade de fatores que atravessam uma questão entendida como individual. A saúde mental dos indivíduos requer estruturação em diversos aspectos da vida. Pensando no conceito ampliado de saúde mental, o bem estar psíquico está atrelado ao equilíbrio em outras esferas da vida social. Como por exemplo, familiar, econômica, comunitária, etc.

De acordo com a psicóloga Camilla Martins Albuquerque, Coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial do Município de Aracaju/REAPS/Secretaria Municipal da Saúde, outro sentido pode ser atribuído ao tema desta ano: trata-se da necessidade de compreendermos que o convívio com o sofrimento mental é inerente a condição humana.

Camilla Martins Albuquerque, psicóloga

“Por esse caminho, faz-se necessário pensar o equilíbrio enquanto convivência com tais patologias, compreendendo que a saúde mental é uma constante tentativa de se estabelecer no mundo mediante as mais diversas dificuldades. Nesse cenário, construir estratégias de equilíbrio se torna fundamental para produção de uma vida saudável. Fabricar um futuro no qual o entendimento a respeito da saúde mental se solidifique nesses aspectos não é só o foco desse ano, mas o compromisso de todos agentes envolvidos no campo da saúde mental”, comenta.

Objetivos

As campanhas alusivas têm um caráter convocatório. Em grande medida as iniciativas têm como premissa sinalizar a importância do cuidado em diversas esferas da vida. Esse tom comunicativo convida a sociedade de uma forma geral a refletir sobre os assuntos abordados, tal como, assinala os dispositivos, serviços e equipamentos governamentais a serviço das pessoas. De uma maneira geral, torna o debate público. No caso específico do Janeiro Branco, essas características ganham contornos especiais.

“Vivemos em uma sociedade que aponta progressivamente para o aumento dos casos de sofrimento mental, ao mesmo tempo, vivemos em uma mesma sociedade que estigmatiza tais sofrimentos. Tal processo dificulta o entendimento geral de tais patologias, prejudicando o acesso e os tratamentos daqueles que necessitam de cuidados. Por esse caminho estrito, campanhas como a do Janeiro Branco objetivam ampliar o debate”, explica a especialista.

Vigilância

Certamente, pessoas próximas a alguém com sofrimento mental percebem as modificações cotidianas na sua vida. O rompimento de vínculos das mais diversas ordens (familiares, escolares, trabalhistas, comunitários) podem ser considerados indícios de que algo não está indo bem. “O importante para tais pessoas próximas é o comportamento vigilante quanto ao estigma e necessariamente procurar ajuda especializada para tal pessoa. Importante estarmos atentos a história de vida, tais patologias não aparecem “do dia para noite”, assim como qualquer outro tipo de doença, é precedida por uma história e nesse sentido, atentar-se a essa historicidade é de fundamental importância na construção de estratégias de tratamento”, explica Camilla Martins.

Onde buscar ajuda

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada preferencial para o acolhimento de todos os usuários aos serviços de Saúde. A Prefeitura de Aracaju dispõe de uma rede de atendimento qualificada para recepcionar as pessoas que desejam atendimento no campo da saúde mental. À nível ambulatorial, para casos considerados leves e moderados, tem as Referências de Saúde Mental, com atendimento Psicológico e Psiquiátrico, adulto e pediátrico. O acesso se dá através da Unidade Básica de Saúde do território de referência do usuário.

A rede de atenção oferece oficinas terapêuticas coletivizadas, tudo isso acompanhado por uma equipe multiprofissional

“O usuário passa por avaliação e, se for verificada a necessidade, tem sua consulta agendada. Importante frisar que as consultas são reguladas pelo Núcleo de Avaliação e Regulação, através da avaliação de risco e classificação de prioridade. Também podemos destacar o Serviço de Apoio Psicológico (Sapsi), que foi implementado durante o período crítico da pandemia e teve uma boa adesão da população. O serviço é voltado para casos considerados leves. O acesso se dá via telefone (0800 729 3534 opção 3), com oferta de escuta qualificada com psicólogos(as), encaminhamentos e orientações sobre o funcionamento da Rede e suas ofertas”, disse a Coordenadora.

CAPS

Os serviços de saúde como os Centros de Apoio Psicossociais (CAPS) são divididos por categorias etárias e de acordo com a demanda em saúde mental. Os CAPS da linha transtorno recepcionam usuários com demandas decorrentes de transtornos mentais, enquanto os CAPS da linha AD (Álcool de outras Drogas) recepcionam usuários em decorrência do uso abusivo de substâncias psicoativas. Em tais dispositivos de saúde são ofertados atendimento clínico, psiquiátrico, farmacológico, em algumas unidades modelos de cuidado intensivo, oficinas terapêuticas coletivizadas, tudo isso acompanhado por uma equipe multiprofissional (Enfermeiras, técnicas de enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, Terapeutas Ocupacionais, Educador Físico, Oficineiros entre outras categorias).

“Esses dispositivos trabalham com uma perspectiva territorializada, dando suporte sócio assistencial aos seus usuários. Isso significa dizer que o tratamento leva em consideração os laços comunitários, familiares, assim como, a premissa da garantia dos direitos fundamentais e do cuidado em liberdade. Vale ressaltar que o acesso é gratuito (via SUS) e que este é um serviço de portas abertas”, concluiu Camilla Martins.

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