Os relatos de mulheres que sofreram algum tipo de assédio durante festas como o carnaval já não são novidade. Na “festa da carne”, o clima de paquera domina, mas alguns homens acabam sendo invasivos e às vezes até agressivos quando uma mulher não corresponde. A reportagem do CINFORM ouviu jovens que sofreram algum tipo de assédio durante momentos em que apenas queriam se divertir.

“Você é lésbica?”

Isis Bianca, estudante de direito, criou um grupo no Whats App “BLOQUINHO SEM ASSÉDIO” com o intuito de reunir jovens para chamar a atenção nos próximos bloquinhos de carnaval na cidade de Aracaju. Com placas e tatuagens temporárias com frases contra o assédio, Isis e outras meninas vão para os bloquinhos se divertir, mas lutando por menos invasão.

A ideia surgiu depois da última vez que Isis Bianca foi para um desses eventos. “Teve um caso ocorrido no último bloquinho que aumentou minha revolta. Tinha um cara que não queria largar meu braço, nem comigo gritando, pedindo para ele soltar e, no final, minha amiga teve que se meter. Daí que ele pergunta: “oxe! Você é lésbica?” Tipo, é um sem noção”, conta Isis.

Respeito ao homem

A estudante de direito Thatiana Ferreira contou que, por ter namorado por muitos anos, “se livrou” de ser assediada em festas de carnaval. “No bloquinho que ocorreu no sábado (27) eu estava acompanhada só de amigas e, infelizmente, tive meu cabelo e braço puxado várias vezes por caras invasivos”, relata Thatiana.

Mas o incômodo não ficou apenas na puxada de cabelo, algo que se aproxima perigosamente da agressão. “Outros caras já vinham tentando beijar e se a gente desse alguma bobeira, eles encoxavam com a maior intimidade. Pelo visto alguns homens só respeitam outros homens, não é? Foi triste e complicado”, reclama a foliã.

Passou a mão

Mas não é só nas festas carnavalescas que situações constrangedoras e invasivas acontecem com as mulheres. A advogada Flavia Ferreira conta que, em um “Garota Vip”, há cerca de dois anos, teve sua bunda apalpada por um cara que estava passando.

“Teve um show que eu estava de saia e, quando eu estava passando, ele passou a mão embaixo da minha saia. Eu fui e dei um murro e os amigos dele vieram em cima de mim saber o que foi. Aí eu chamei o segurança. Fiquei puta de raiva na hora, eu queria ir em cima dele, mas ele era muito alto e forte. Só de lembrar, já me dá raiva novamente”, contou.

Estupro

Após as denúncias o CINFORM procurou a Delgada da Mulher, Renata Abreu, para saber como as mulheres podem reagir em situações semelhantes à das entrevistas.

A delegada faz um alerta aos homens, já que uma abordagem mais ousada como essa pode ser considerada como estupro.

“Se a jovem na hora conseguir fazer com que ele seja preso em flagrante. Pode até ser por pessoas que estejam no momento, se conseguirem segurar e levar o suspeito para polícia, o mesmo pode ser autuado em flagrante por crime de estupro”, elucidou.

A delegada destacou que as mulheres não devem mudar seu comportamento para evitar o assédio, a mudança deve ser dos homens que devem respeitar os limites impostos pelas mulheres. “É inadmissível que as mulheres hoje precisem deixar de agir de alguma forma ou de se vestir por causa do assédio”.

A orientação da polícia em casos de assédio ou abordagem inadequada é que a vítima que se sentiu ofendida, se não for possível buscar alguma ajuda policial no momento, se encaminhe à Delegacia Plantonista para prestar um Boletim de Ocorrência, ou à Delegacia a Grupos Vulneráveis (DAGV) no primeiro dia útil após a ocorrência do fato.

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