Em mais um ano, as ações de conscientização sobre a saúde da mulher, em especial, de prevenção do câncer de mama, ganham força com a Campanha Outubro Rosa. Sobre a prevenção e o diagnóstico precoce, nós entrevistamos a médica oncologista do Vitta Centro de Oncologia e Hospital Primavera, Drª Silvia Mara Guimarães Oliveira. Confira!

Cinform Saúde Online –  Tem sido recorrente o diagnóstico de câncer de mama em mulheres com menos de 40 anos. Quais os principais fatores para isso?

Drª Silvia Mara Guimarães Oliveira – Não há uma causa específica para o câncer de mama, mas fatores de risco que aumentam a chance de vir a desenvolvê-lo. São fatores de risco já conhecidos para o câncer de mama: a idade (especialmente após os 50 anos), a obesidade, o sedentarismo, a primeira menstruação antes dos 12 anos, a menopausa após os 55 anos, a primeira gravidez após os 30 anos e nuliparidade, além do consumo de álcool, a não amamentação, casos de reposição hormonal, especialmente, se por mais do que 05 anos, dieta inflamatória, o histórico familiar, assim como as mutações genéticas. Quando falamos em dieta inflamatória, tem se atribuído o aumento de câncer de mama em mulheres jovens, a partir de uma alimentação rica em alimentos que inflamam o corpo como refrigerantes, enlatados, carboidratos livres, carnes vermelhas, álcool, gordura trans, açúcar e etc.

Drª Silvia Mara Guimarães Oliveira, médica oncologista

 

Cinform Saúde Online – Quais os exames preventivos e quando eles devem ser feitos? O autoexame ainda é recomendado?

Drª Silvia Mara Guimarães Oliveira – No Brasil, as diretrizes do Ministério da Saúde indicam a realização da mamografia dos 50 aos 69 anos, com um intervalo de 02 anos entre um exame e outro. Já a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica e a Sociedade Brasileira de Mastologia divergem dessa orientação e recomendam mamografia anual, a partir dos 40 anos, em função do aumento do diagnóstico de câncer de mama em mulheres mais jovens. O autoexame das mamas não substitui a mamografia e a avaliação clínica periódica com o mastologista. Ele ajuda no conhecimento do próprio corpo, e caso a mulher observe alguma alteração deve procurar imediatamente um serviço de saúde.

 

Cinform Saúde Online –     Sabemos que existem casos onde a doença se manifesta de maneira silenciosa. Entretanto, quando há sintomas, quais seriam esses sinais de alerta?

Drª Silvia Mara Guimarães Oliveira –A principal manifestação clínica é um nódulo fixo e, geralmente, indolor na  mama.

Outros sinais de alerta são: pele avermelhada, retraída ou com aspecto de casca de laranja; alterações no mamilo como retrações; saída espontânea de líquido anormal pelo mamilo; e nódulos nas axilas ou no pescoço.

Cinform Saúde Online –     Com o avanço da medicina são diversos os relatos de cura da doença. Quando diagnosticada a neoplasia, quais as chances de cura? E quais as etapas a percorrer?

Drª Silvia Mara Guimarães Oliveira –A mortalidade pelo câncer de mama tem reduzido em função do diagnóstico precoce e dos avanços terapêuticos. No cuidado do paciente com câncer de mama, profissionais de diferentes especialidades trabalham juntos para criar um plano terapêutico personalizado e individual. Tanto as chances de cura, quanto o tratamento dependerão do tamanho do tumor, da presença ou não de acometimento de linfonodos, da presença ou não de metástases em outros órgãos e do tipo molecular do tumor. O câncer de mama pode ser classificado como receptor hormonal positivo,HER-2 positivo ou ser do tipo molecular triplo negativo. Após o diagnóstico do câncer de mama a paciente será submetida a exames de estadiamento com tomografias de tórax, abdome, cintilografia óssea ou PET-SCAN para definir se a doença está localizada ou se disseminou para outros órgãos. Em caso de doença localizada a cirurgia da mama pode ser realizada logo após o diagnóstico ou após algum tratamento prévio sistêmico, que pode ser quimioterapia, hormonioterapia, terapia anti- HER-2 ou imunoterapia. Essa decisão será tomada a depender do tamanho do tumor e do subtipo molecular. Caso seja realizada cirurgia, o próximo passo é reduzir a chance de recorrência livrando-se de qualquer célula tumoral remanescente, usando as terapias adjuvantes como citado. Finalizada as etapas de tratamento, próximo passo é um seguimento com consultas e exames periódicos.

 

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