“Além de uma loja, um centro cultural”

Há mais de 20 anos no centro de Aracaju, a Freedom Rock Tattoo é um ponto de resistência na Rua Santa Luzia. Primeiro que, por causa da crise, muitas lojas daquela região fecharam as portas. Além disso, em um estado como Sergipe, em que o forró, axé e o brega dominam as paradas musicais, vender produtos relacionados ao rock e ao metal durante tanto tempo não é para qualquer um.

Para alguns, a Freedom é um verdadeiro patrimônio para a cena rock sergipana, assim como o seu proprietário. Vocalista de uma das primeiras bandas de punk/hardcore do estado – a Karne Krua –, Silvio Campos recebe todos os frequentadores da loja com muita simpatia e não se importa em contar sobre os mais de 30 anos da cena local.

(Foto: Vieira Neto)

“Acredito que ela é daquelas lojas que são também pontos de reunião dos amantes do rock e suas vertentes. Não é aquela loja que você vai lá só para comprar algo, mas também visita para ver o pessoal, conversar e ouvir música”, comenta André Gonçalves, advogado e membro da banda Scarlet Peace.

Ao contrário do que parece, a cena rock sergipana não é tão pequena quanto se imagina. Muitas bandas daqui já tiveram suas músicas tocadas em outros países, mas aqui não tem espaço na mídia tradicional por inúmeros motivos. E é na Freedom (além da internet), que elas possuem espaço para divulgar seu trabalho.

Na pequena loja é possível encontrar material de diversas bandas, mundialmente e nacionalmente conhecidas e aclamadas, mas sempre terá uma parede da loja destinada às bandas e artistas locais, seja do rock ou do metal.

MUITO MAIS QUE UMA LOJA

Além de divulgar as bandas locais e fomentar o diálogo entre as diversas gerações de roqueiros de Sergipe, a Freedom apoia a cena local, divulgando e apoiando eventos. Thales Sales frequenta a loja desde criança e hoje organiza shows com o seu coletivo Estaca.

“O primeiro norte que nós tivemos com relação a apoio foi da Freedom. Silvio que nos incentivou, nos ensinou como fazer, como divulgar e correr atrás do que era necessário. E não satisfeito em nos ajudar com a divulgação e vendendo os ingressos do nosso primeiro evento, ele tocou com a Karne Krua e ainda doou materiais da loja para que nós pudéssemos fazer um sorteio”, comenta.

Desde que Silvio tinha uma loja chamada Lokaos, no início dos anos de 1990, rockeiros de várias idades se reuniam para ouvir e conhecer novas bandas, já que a internet ainda era pouco utilizada pelas pessoas. O que faz tanto da Lokaos, quanto da Freedom, muito mais que simples lojas de rock.

“A Lokaos era de encontro, de divulgação de shows e novas bandas, vendia fitas demos… Além de uma loja, era um centro cultural”, afirma Adelvan “Kenobi”, empresário e ex-apresentador do Programa do Rock, da Rádio Aperipê.

 

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