O diagnóstico preciso da hanseníase e na fase inicial pode evitar sequelas provocadas pela doença. No sentido de promover qualificação clínica para os municípios sergipanos, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Fundação Estadual de Saúde (Funesa), vem realizando capacitações para manejo clínico e prevenção da hanseníase. O treinamento foi iniciado na segunda-feira, 6, e concluído nesta sexta-feira, 10.

A referência Técnica do Programa Estadual do Controle da Hanseníase da SES, Maria de Fátima Dias,  destacou que o evento teve por objetivo capacitar médicos e enfermeiros de forma teórica e prática. “A capacitação foi dividida em dois grupos: um somente para o manejo teórico e o outro para o manejo e prática clínica. O critério para seleção dos grupos se dividiu em municípios menos endêmicos ou silenciosos engajados nos momentos teóricos, e municípios com maior número de casos. O objetivo é que esses profissionais se tornem multiplicadores em seu território”, explicou Fátima.

Diagnóstico

A médica dermatologista do Hospital Universitário e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia em Sergipe, Martha Débora Tenório, enfatizou a importância de capacitar profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBSs). “O Brasil é o segundo país do mundo em casos absolutos. É muito importante que Sergipe chegue à frente no diagnóstico e, por isso, estamos aqui para que os profissionais de saúde estejam mais habilitados a atender os pacientes”, disse a médica.

Marta explicou que a hanseníase é uma doença infecciosa e transmissível, mas que tem cura.  “A enfermidade é causada pelo Bacilo de Hansen, antes conhecido como a micro bactéria Lepra. É transmitida pelas vias aéreas  superiores. A diferença é que, para contrair a bactéria da hanseníase, é preciso um contato pessoal prolongado. A transmissão ocorre através de pessoas que convivem na mesma casa e não sabem que têm a doença”, alertou a especialista.

Ela observou que a doença deixa sérias sequelas que comprometem a qualidade de vida dos pacientes. A hanseníase, segundo a dermatologista, atinge a pele e os nervos periféricos; o paciente perde sensibilidade a temperaturas. “Podem ocorrer deformidades nos pés e mãos que ficam enrijecidos. Aparecem manchas, placas, caroços e as feridas podem surgir, porque o paciente se machuca e não percebe”, alerta Marta.

O médico Thiago Rosário atua na Atenção Primária do município de Pinhão, e considera as capacitações muito importantes para o preparo dos profissionais que lidam diretamente com as pessoas acometidas por doenças como a hanseníase. “Com o treinamento, os médicos passam a realizar um diagnóstico rápido e preciso. Capacitar os profissionais da atenção primária a saber conduzir, de forma correta, o tratamento é fazer com que  o acompanhamento dos pacientes aconteça de maneira adequada. Onde atuo, há casos que estão sendo acompanhados pela equipe de saúde”, disse o médico.

O coordenador do Departamento de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Egon Daxbacher,  disse que o apoio à capacitação realizada pela SES faz parte do projeto  do Ministério da Saúde, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Estou aqui para ajudar a capacitar os médicos e enfermeiros da Atenção Primária em Hanseníase, procurando melhorar o atendimento e o diagnóstico dos pacientes que têm a doença”, explicou o especialista.

Teste rápido

Egon informou que, além dos processos relacionados aos diagnósticos, está sendo implantado em todo o país, simultaneamente, este ano, o teste rápido. “Não é para diagnóstico, mas o teste monitora os contatos dos pacientes que possuem maior risco de adoecimento. Se for reagente, significa que a pessoa foi infectada em algum momento e deve ser acompanhada por cinco anos. Não é que ela esteja doente, mas sim que teve contato com a bactéria, e pode fazer um diagnóstico futuro”. Egon fez questão de ressaltar que o teste é uma descoberta pioneira, brasileira e ainda não está sendo realizada em nenhum outro país.

Fonte, Secom – Estado

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