No dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, o espetáculo “Um Quê de Negritude” iluminou o palco do Teatro Tobias Barreto, trazendo à cena uma celebração rica e vibrante da cultura afro-brasileira. Com mais uma apresentação agendada para o dia 21, o evento vai além da simples comemoração, oferecendo uma profunda reflexão sobre identidade, resistência e as raízes culturais que moldam o Brasil.

Um projeto de história e valorização cultural

Com 17 anos de história, o projeto é desenvolvido pelo Colégio Atheneu sob a direção da professora Clélia Ferreira Ramos. A iniciativa nasceu da necessidade de cumprir a Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nas escolas. Inspirado pelo legado do ativista quilombola Nego Bispo, o espetáculo não só homenageia figuras importantes da resistência negra, mas também cumpre um papel essencial na educação e valorização cultural.

Uma produção coletiva: Desafios e superações

Com aproximadamente 120 participantes, incluindo dançarinos e equipe de produção, o espetáculo é uma verdadeira demonstração de união e resistência cultural. Embora a dança seja a linguagem predominante, o espetáculo integra elementos teatrais que enriquecem a narrativa, tornando-a mais impactante e acessível. Cada edição exige um processo rigoroso de pesquisa, selecionando músicas e coreografias que dialoguem com o tema central escolhido para o ano.

Contudo, o projeto enfrenta obstáculos significativos. A professora Clélia comenta sobre a falta de apoio: “Por se tratar de cultura afro, as pessoas não têm interesse.” Mesmo diante dessas dificuldades, a paixão e o comprometimento do grupo mantêm o espetáculo vivo e forte, ano após ano.

A importância de se apresentar no dia da consciência negra

Para a professora Clélia, a escolha do Dia da Consciência Negra para a apresentação do espetáculo é carregada de simbolismo. “Realizar o espetáculo nessa data é uma realização imensa”, afirma. Para ela, é uma oportunidade para reconhecer e celebrar as contribuições africanas à identidade brasileira. “É um dia de reflexão, onde temos a oportunidade de mostrar nossas raízes e afirmar que a cultura afro existe, merece ser celebrada e conhecida”, reforça Clélia, destacando a importância de continuar essa missão cultural e educativa.

Vozes do palco: A experiência dos dançarinos

Conversamos com alguns dos dançarinos para entender o que significa fazer parte desse projeto tão marcante. Luiz Aragão, que participa do espetáculo há 10 anos, descreve a experiência: “É uma honra imensa participar de algo que enriquece tanto, historicamente e culturalmente. É emocionante ver a força e a história que contamos através da dança.”

Malu Oliveira compartilha um momento especial do espetáculo: “A preparação é intensa, com ensaios, reuniões e passagem de palco para aperfeiçoar cada detalhe. Para mim, o auge é Iansã, quando a energia da plateia e do palco se encontra. É quando o espetáculo atinge seu ponto máximo.”

Cultura afro no palco: Persistência e expectativas

O espetáculo “Um Quê de Negritude” é um testemunho da persistência e da força da cultura afro-brasileira. Mesmo enfrentando desafios, o grupo do Colégio Atheneu prova que é possível realizar um evento cultural de grande impacto, contribuindo para a ampliação da visibilidade e o resgate de histórias muitas vezes silenciadas.

No mês de novembro, quando a Consciência Negra ganha destaque no calendário cultural, o espetáculo consolida-se como um marco na cidade. O grupo espera que, no futuro, o projeto continue a crescer, conquistando o reconhecimento e apoio merecidos para a promoção da cultura afro-brasileira.

O público que assiste ao espetáculo não apenas testemunha uma apresentação artística, mas se torna parte de um movimento que celebra e honra as raízes culturais que moldam a história do Brasil.

Créditos:
Texto: Maicon Almeida

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