Sergipe, estado com forte vocação agrícola, tem colhido resultados expressivos graças aos investimentos do Governo do Estado na modernização e gestão dos perímetros irrigados. Em 2024, a produção nos seis perímetros administrados pela Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), alcançou 122.086 toneladas, um crescimento de 11% em relação ao ano anterior. Esse desempenho reforça a importância da irrigação no fortalecimento da agricultura familiar e no desenvolvimento regional.

Atualmente, Sergipe conta com seis perímetros irrigados públicos: Califórnia, em Canindé de São Francisco; Jabiberi, em Tobias Barreto; Jacarecica I, em Itabaiana; Jacarecica II, abrangendo Malhador, Itabaiana e Riachuelo; Piauí, em Lagarto; e Poção da Ribeira, entre Areia Branca e Itabaiana. Juntos, eles movimentaram R$ 249 milhões em 2024, um aumento de R$ 37 milhões em relação a 2023.

O Perímetro Jabiberi, em Tobias Barreto, por exemplo, destacou-se pela produção de 2.389.493 litros de leite, convertidos em 272 toneladas de derivados, um salto considerável comparado às 160 toneladas registradas em 2023.

Já no Perímetro Jacarecica I, localizado em Itabaiana, no agreste central, exemplifica o impacto dos investimentos em infraestrutura e gestão. Situado a 65 km de Aracaju, o perímetro abrange 398 hectares, sendo 248 hectares de área líquida irrigável. Ele é abastecido por uma barragem de pedra e concreto com capacidade para acumular 4.700.000 m³ de água. A água escoa por gravidade até uma estação de bombeamento, que distribui até 1.190 m³/h por meio de 20 km de tubulação.

Nos 124 lotes ativos do Jacarecica I, aproximadamente 1.200 pessoas trabalham direta ou indiretamente na produção. A batata-doce é o carro-chefe, seguida por amendoim e quiabo, além de hortaliças como coentro, alface e pepino. Com a modernização do sistema de irrigação, substituindo a aspersão convencional pela microaspersão, os agricultores notaram melhorias significativas.

De acordo com o gerente do perímetro, Oswaldo Nunes da Cruz, o novo sistema reduz o desperdício de água e energia, aumentando a eficiência e a produtividade. “Com a microaspersão, o produtor economiza tempo e recursos, além de garantir colheitas mais estáveis. É um avanço que facilita o trabalho e melhora os resultados”, destacou.

A irrigação permite que a produção ocorra durante todo o ano, inclusive no verão e em períodos de seca. José Carlos Santos Nascimento, produtor do Jacarecica I, cultiva batata-doce, amendoim, quiabo e coentro com a ajuda de sua família. Ele atribui o sucesso ao sistema de irrigação. “Sem essa infraestrutura, só poderíamos plantar no período de chuvas, que dura cerca de três meses. Hoje, conseguimos produzir o ano inteiro”, afirmou.

José Carlos também destacou o impacto econômico da agricultura familiar. “Produzimos alimentos saudáveis, geramos empregos e movimentamos a economia local. É fundamental para a região”, disse. Ele estima que sua produção cresceu 30% em 2024, com grande parte sendo vendida para atravessadores que distribuem os produtos em estados como São Paulo, Ceará e Alagoas.

Diversidade de culturas

Os perímetros irrigados em Sergipe abrangem uma ampla variedade de culturas, incluindo batata-doce, amendoim, milho, quiabo, hortaliças e frutas como melancia, goiaba e acerola. Segundo o técnico agrícola Simeão Santana, 14 culturas principais são produzidas no Jacarecica I, com destaque para batata-doce (22 toneladas por hectare), quiabo (9 toneladas por hectare) e amendoim (4,5 toneladas por hectare) em média.

O produtor do perímetro Jacarecica I Evanilson dos Santos Menezes, 45 anos, que herdou a propriedade do pai há dez anos, destacou o crescimento da produção. “Produzimos amendoim, batata-doce, milho, maxixe e quiabo. Este ano, aumentei a produção em 30%. O perímetro irrigado é uma riqueza, emprega muita gente e ajuda a movimentar a economia local”, declarou.

No lote de 2,3 hectares, Evanilson emprega dezenas de trabalhadores rurais na época do plantio e da colheita. Adeilma dos Santos é uma delas. Agricultora há 32 anos, ela reforçou o papel da agricultura para sua família. “Trabalhamos com batata-doce, quiabo e pimenta. É uma bênção de Deus, porque traz o pão para nossa mesa. O perímetro irrigado garante sempre uma colheita boa, e isso é fundamental para a nossa renda”, disse.

A produção é majoritariamente comercializada em Sergipe, com cerca de 70% destinada a Aracaju. O restante abastece feiras livres locais e mercados de estados vizinhos, como a Bahia. Para o técnico agrícola da Coderse, o suporte técnico e os avanços tecnológicos são fundamentais para o crescimento sustentável. “A agricultura aqui não só garante a segurança alimentar como gera emprego e renda, fortalecendo a economia local e estadual”, afirmou.

Perímetros irrigados

De acordo com a equipe técnica da Coderse, os investimentos do Governo de Sergipe, como o fornecimento de água de irrigação e a assistência técnica gratuita, têm impulsionado o desenvolvimento sustentável nos perímetros irrigados. Com mais de 50 tipos de produtos agrícolas cultivados, o modelo é um exemplo de eficiência e competitividade no mercado nacional.

Para a companhia, além de garantir a regularidade da produção, mesmo em períodos de estiagem, os perímetros promovem a fixação de famílias no campo e contribuem para a segurança alimentar. Os resultados de 2024 reforçam que, com investimentos estratégicos, a agricultura de Sergipe continuará a prosperar nos próximos anos.

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