Comunidades destinadas a discussões literárias encontram adeptos no estado
Um estudo do Ibope, encomendado pelo Instituto Pró-Livro, entidade mantida através da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e associações, revelou o quanto o hábito da leitura é pouco cultivado no dia a dia do brasileiro. Mesmo entre os professores, 50% revelam não terem iniciado nenhuma leitura em mais de 3 meses. A população, representada com o grau de confiança padrão utilizado pelo instituto, declara preferir o uso do WhatsApp, a TV e até mesmo a interação com as principais redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram) a ler um livro.
Nesse cenário improvável, ressurge um hábito antigo bastante interessante. Inspirados nos salões literários do século XVIII e em grupos de leitoras protestantes, a sua reinvenção na pós-modernidade: os chamados clubes do livro, que têm encontrado novos adeptos e meios para a leitura, organizando-se justamente através das mesmas redes sociais que “desbancaram” o hábito dos livros.
Sergipe não poderia ficar de fora dessa tendência, retomada no mundo todo, principalmente, através da cultura pop. O estado conta desde 2013 com um clube do livro, o mais duradouro e o único com reuniões divulgadas todos os meses. Em média, participam de 20 a 30 pessoas em cada um dos encontros, sempre variando e sempre de forma completamente gratuita. O único requisito é marcar presença e participar.
“O clube nasceu da vontade que tínhamos de ter um espaço para conversar sobre nossas leituras e passar nossas experiências literárias. Contar aquele livro maravilhoso que a gente leu e acha que todo mundo tem que ler. Somos muito diversificados, contamos com o adolescente de 15, 14 anos e já tivemos eventos com pessoas com seus 60 anos nos nossos eventos”, conta Fabiana Lima, estudante de Direito e Administração Pública que gerencia o grupo intitulado “Clube do Livro Sergipe”, com mais três amigos.
Ao procurar na rede social a primeira discussão de um título pelo grupo ela pode ser facilmente encontrada com o registro, juntamente de todos os eventos sucedidos na página do Facebook que a jovem administra. Os encontros abordam desde best-sellers contemporâneos aos clássicos da literatura nacional e estrangeira.
Segundo Fabiana, um dos objetivos de se ir para o clube do livro é o de conhecer outros gêneros literários. Em suas palavras, “encontrar uma base para obter outros conhecimentos, saindo da zona de conforto e desbravando a diversidade dos livros”. A leitora aproveita a entrevista para desfazer determinados estereótipos.
“Muita gente fala que homem não gosta de ler e isso não é uma verdade. No clube tem muito rapaz e eles leem muito. As meninas são um número maior, porém os meninos estão bem em pé de igualdade mesmo. Eles têm altas dicas e contam experiências e muita coisa bacana. É super legal”.
Para a estudante, ainda há muitas dificuldades para se manter o hábito da leitura no país. Além do preço dos livros, que aumentou, devido a problemas relacionados à distribuição e mercado, as pessoas precisam aprender a administrar melhor o tempo e de incentivo da família desde cedo.
“Os pais, principalmente hoje, nessa era tão tecnológica, dão para o filho um tablet, mas não dão um livro. Dão um celular, mas não dão livros. Como perpetuar a leitura dessa forma”? Indaga. A página pode ser encontrada no endereço eletrônico @CDLSergipe, e conta com dezenas de postagens e muitas curtidas para o segmento. Encontros do clube costumam ser na livraria Escariz da Av. Jorge Amado, que se tornou um tipo de “sede” devido à hospitalidade, o espaço e a preferência dos leitores pela cafeteria.