De forma inédita, a Prefeitura de Aracaju está executando o programa Aju Animal, uma iniciativa voltada especificamente para o cuidado e proteção de cães e gatos em situação de vulnerabilidade nas ruas ou que estão em abrigos.
As ações estão sendo desenvolvidas a partir de quatro eixos de direcionamento que, além de representar um passo relevante para o poder público municipal, concretiza objetivos buscados por aqueles que dedicam tempo à causa animal.
Estruturado de forma sistemática e organizada pela gestão municipal, o programa foi iniciado no último dia 1º com a castração de cães e gatos, previamente cadastrados, na Universidade Federal de Sergipe (UFS), por meio de um termo de convênio assinado entre a Prefeitura e a instituição de ensino.
Este é apenas o 1º eixo de desenvolvimento da iniciativa, e tem como objetivo principal garantir o controle populacional de felinos e caninos que estão em abrigos, ambientes comunitários, acumuladores e protetores. A meta da Prefeitura é castrar, anualmente, 2,5 mil animais.
ONGs e abrigos
Hoje em dia e, principalmente, com o advento da pandemia, percebe-se um crescimento significativo no número de pessoas interessadas em ser tutoras de cães ou gatos. No entanto, em contraste a essa realidade, outro cenário se fez urgente: a situação de vulnerabilidade desses animais.
Defensora da causa animal, Valdirene Barbosa dedica parte de sua vida a acolher e cuidar de animais em situação de abandono ou maus-tratos. Ela conta que viu no Aju Animal a iniciativa que precisava para manter firme seu propósito de zelar pela vida de cães e gatos.
“Vivenciamos situações que me constrangem por não poder ajudar. Falta abrigo, muitas vezes falta alimentação, vemos os bichinhos morrerem porque não têm quem ajudar. Esse programa, de fato, é uma esperança para nós. Sou grata a esse projeto e pedimos atenção aos órgãos públicos para que mais pessoas se disponibilizem a ajudar porque a necessidade é muito grande”, desabafa Valdirene.
Para a presidente do Instituto Sergipano de Direito Animal, Daniele Ferreira, “o programa é uma medida extremamente necessária para o nosso município”, e torna a capital sergipana uma vitrine para tantas outras cidades.
“Há cerca de dois anos, tivemos uma reunião com o prefeito, onde diversas entidades ligadas à causa animal puderam expor seus principais anseios. Dos cinco eixos do programa, entendemos que o principal é o controle populacional de cães e gatos. Aracaju, como a capital, teve a oportunidade de apresentar para todo o estado medidas que podem ser implementadas. É muito importante que as entidades de proteção animal sejam um braço do poder público como auxiliar porque já fazem esse trabalho em favor dos animais. Portanto, só temos que comemorar”, ressalta Daniele.
A ativista Nazaré Moraes trabalha com a causa animal há quase 12 anos, quando decidiu que seu tempo seria, também, dedicado para cães e gatos em situação de vulnerabilidade. Motivada pela causa, ela criou e preside a organização não-governamental Educação e Legislação Animal (Elan). Para Nazaré, a concretização do Aju Animal é a projeção de novos tempos no que tange à proteção animal.
“Esse é o primeiro passo de algo que, espero, venha a crescer ano após ano porque é uma demanda muito grande. Tudo o que for feito por animais em situação de abandono vai ser transformado em saúde e segurança pública para cada um de nós. Ver o início desse programa é ver a corroboração do nosso trabalho, e isso é algo que fomenta extrema esperança e tem importante significado para nós. É a esperança do controle populacional desses animais, do real controle de zoonoses e de fazer cumprir as leis que já existem”, frisa Nazaré.
A cuidadora à frente do Projeto Manjedoura Aracaju, Verônica Andrade, também destaca positivamente o exemplo dado por Aracaju. Para ela, esse programa é uma semente plantada não somente na capital sergipana, mas em todo o estado.
“Nós, protetores independentes, já fazemos esse trabalho há muitos anos e sempre lutamos para ter o apoio da gestão pública porque as ONGs é que se responsabilizavam, com recursos próprios, para cuidar e proteger esses animais. O ponto essencial do programa é justamente a castração porque, quando se tem uma castração efetiva diminui-se o número de abandono. Acreditamos que as ações do Aju Animal são pontos iniciais importantes e estamos esperançosos para ver os desdobramentos”, afirma Verônica.
O desejo de ver um futuro diferente para cães e gatos em situação de vulnerabilidade é também o que move o trabalho da ONG Sonho Animal. “Sabemos que a demanda é muito grande, o abandono de animais é muito grande, então, ver um programa como esse é ver surgir as políticas públicas que tanto buscamos. Agora, a Prefeitura está no caminho para nos ajudar em relação a esse trabalho que é tão difícil, que é cuidar dos animais em situação de vulnerabilidade”, complementa a fundadora da ONG, Tacy Queiroz.
FONTE: AGÊNCIA ARACAJU DE NOTÍCIAS