Como planejar se a gente não sabe o que há de vir? Este foi o questionamento que mais rondou as últimas reuniões de trabalho que tenho. Têm dias que inicio a rotina desenvolvendo pautas de varejo e finalizo com uma ação de lançamento de aulas de jazz para uma academia de dança. Martin Seligman, um dos precursores da Psicologia Positiva e com quem estou tendo o inenarrável prazer de ter aulas, salienta que estamos entrando em uma nova era de atuação. “A criatividade e a pressão do futuro se tornarão cruciais para o trabalho humano. Não somos prisioneiros do passado, somos criaturas do futuro”, argumenta o professor.
A variedade de experiências no marketing de setores diversos como educação, saúde, varejo, esporte, construção civil e direito me traz esse olhar generalizado e, ao mesmo tempo, focado, para os problemas de comunicação que chegam. Se eu buscar o planejamento desenhado para um hospital que atendemos, do almejado para 2020, 30% foi realizado, os outros 70%, teve completa alteração para se adequar ao momento. Meu cliente mais antigo, do ramo supermercadista, e uma equipe que tenho sinergia há oito anos, tem funcionado tal qual pauta factual, em cada minuto é um flash. O plano precisa ser constantemente construído a cada trimestre.
Diante de um vulcão em erupção a gente só tem uma alternativa: ir para a ação. E este ano se mostrou muito revelador quanto ao comportamento das pessoas diante do inesperado, do surreal, do bizarro e de como estamos sendo testados a um nível emocional por todos os lados. O isolamento ele não foi só imposto por conta da pandemia, se revela necessário. Em qual momento podemos respirar, se enxergar, se acolher e compreender-se como figura que erra, acerta e mais do que isso, que pretende contribuir com um time?
Seligman traz os pilares que considero, hoje, como minha base de sustentação: “como posso ter em minha vida mais emoções positivas, engajamento, melhores relacionamentos e significados?”. Há um artigo fenomenal do psicólogo clínico, David Rosenhan, sobre como ‘Ser são em lugares insanos’. Em 1887, a jornalista Elizabeth Cochrane passou-se por doente mental e denunciou o quanto um manicômio pode enlouquecer uma pessoa em plena sanidade.
Velhos dilemas em novos formatos? Por isso o centramento do eu, o distanciamento saudável e o desenvolvimento coletivo para amadurecermos como seres humanos se tornam indispensáveis em tempos líquidos, teoria de Bauman. Enquanto pensávamos como agir diante do exposto, um cliente do varejo sabiamente colocou a palavra: “vamos experimentar”. É uma gestão de risco onde nos sentimos com os tubos de ensaios nas mãos, inserindo compostos novos, de referências de outros mercados e negócios, com o sentido de validar, ou não.
É uma oportunidade! E minha percepção é que o resultado depende muito mais do sentimento de time, do entusiasmo que as pessoas empregam em suas jornadas, do que necessariamente uma obrigação, uma meta a bater. Nas vivências de mergulho, quanto mais descemos ao fundo do oceano, aumenta-se a tensão, o ouvido sente a pressão, mas as descobertas são valiosas. Encontramos outras espécies, novas cores e formatos, nos surpreendemos! Respirar embaixo da água sempre me traz a sensação de superação. Assim também me coloco quando atendo marcas que buscam outros caminhos.
Adoro a história do Cirque du Soleil, um case de Oceano Azul. Eles reinventaram o status quo de um circo, uma proposta com nova curva de valor. Enquanto as companhias não levarem em conta que o inconsciente rege a maioria das tomadas de decisões – dos gestores e, óbvio, dos clientes – estaremos tal qual o meme “não está sendo fácil”, da melodia daquela cantora deficiente visual. Às cegas, busca-se por um milagre enquanto as larvas do vulcão dão os indicativos de setores desgastados pela concorrência de um Oceano Vermelho, carente de inovação e com repetição de modelos que não atendem mais aos consumidores e nem a comunidade a qual se está inserida.
O imediatismo ganha terreno e apenas uma minoria está aberta a ouvir, compartilhar e ensinar. Na história do budismo há um fato que sempre é narrado. Ananda, um dos principais discípulos de Buda, foi ligeiro buscar água fresca para beber em um riacho distante uns 5km, pois o Mestre solicitou. Ao chegar lá, uma boiada estava de passagem pelo riacho, o que fez surgir lama, folhas e a água ficou totalmente inapropriada para uso. Então o que Ananda fez? Retornou e ao adentrar à tenda, explicou o que havia ocorrido e porque não trouxe a água.
Buda sorriu e pediu que ele retornasse. Que se sentasse à beira do leito, apreciasse aquele momento e esperasse todos os dejetos retornarem ao fundo do riacho, para assim, a água voltar a ser própria para uso. Admirado pelo retrabalho que isso daria, o discípulo cumpriu o ritual. A mente imediatista é este riacho. Quando a pessoa se identifica com a mente, age reativa à passagem da boiada. Mas quando nos colocamos como testemunha, à beira das águas, a reconhecemos, mas não mergulhamos lá. As pessoas acham que meditação é religião. Definitivamente não é entoar mantras e ser fiel a Buda ou qualquer divindade que seja.
Meditar é o exercício de conscientizar-se. É um estado a lhe acompanhar em qualquer lugar onde for e com quem estiver. Se fosse assim, cantar louvores e ‘erguei as mãos’ teria o mesmo efeito. Quem quer calmante, que tome. Quem quer anestesiar, que remedie momentaneamente. A Psicologia nos auxilia a lidar com as próprias emoções e situações. A meditação é uma leitura em 360º de percepção. E ao contrário do que se pensa em sentar e ficar numa postura de flor de lótus para meditar, há muitos, muitos meios para este fim.
Qual foi a última vez que você ficou presente no aqui e agora? Se um surfista que pega onda não estiver completamente presente em cima da prancha ele irá cair. Surfar é meditar. Fazer amor e ter orgasmo é meditar. Dançar é meditar. Cantar é meditar. Quando escrevo, medito. Todas são práticas de bem-estar, ou se quiser chamar, de meditação. Existem infinitas possibilidades. A vida é abundante e rica. A limitação é fruto da nossa mente dogmatizada há séculos.
E por que entro nesta seara? Porque testemunho todos os dias nas diversas relações de intercâmbio no trabalho e na vida pessoal o quanto precisamos evoluir neste ponto para não adoecermos. Pela Organização Mundial de Saúde, a definição de saudabilidade está além de não manifestar doenças (que seria o corpo se expressando, manifestando). Estar saudável é usufruir um bom estado mental, social e emocional. E as aflições imediatistas que vão levantando lama do fundo do riacho podem emergir os lugares insanos que contagiam energeticamente quem se é.
Como ser são sem evoluir a consciência? Problemas e dilemas sempre teremos, pois são lições. Crise? Desde que comecei minha trajetória profissional a conheço de perto. Mas seria tolo não olhar para trás e ver o quanto crescemos. O ditado que ‘mar calmo não faz bom marinheiro’ faz jus. E sempre que me encontro diante de algo que considero difícil, lembro de experiências únicas desta vida. Hoje deixarei um chocolate para vocês neste final. =)
Um dos sonhos que realizei foi passar a época de Natal em Nova York. Os filmes sempre me influenciaram bastante. Woody Allen me faz um estrago consumista em suas películas. Eu não sei patinar. Quanto mais patinar no gelo! Mas quando chega novembro as pistas de gelo invadem a ilha de Manhattan. Tocava Sinatra e a pista do Bryant Park, em frente à Biblioteca Pública, tinha uma árvore de Natal gigante, com luzinhas coloridas. Sou uma romântica insuportável. As crianças se divertiam e passavam por mim mais rápidas que um carro de F1. Como não se render ao inusitado? Tomei uma bebida quente para dar coragem e #partiu para uma sequência de quedas, risos pelos tropeços e um dos dias mais felizes da vida. “Estou cantando na chuva, que sentimento glorioso. Estou rindo nas nuvens, o sol está em meu coração. E eu estou pronto para amar”, dizia a clássica ‘Singing in the rain’, enquanto eu me recuperava de mais uma queda e levantava como quem não se importava de ser aprendiz seja da pista de gelo, ou da vida.

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