Nos aproximamos de mais uma eleição municipal e temos a responsabilidade de escolher os nossos próximos prefeitos e vereadores. O gestor público vai administrar com apoio e fiscalização dos vereadores durante quatro anos. Ou seja: é muito tempo e precisamos pensar bem antes de votar!
Uma das frases mais ouvidas em época de eleições é ‘faça um voto consciente’. Certamente você já ouviu isso algumas vezes nessa época de campanhas. Mas a verdade é que o voto consciente é muito mais fácil falado do que dito. O que é um voto consciente? Qual seria sua fórmula? Que passos você deve seguir para ter certeza de que você está fazendo uma boa escolha? Vamos aqui trazer algumas ideias que você deve ter em mente na hora de escolher seus candidatos.
A princípio, quando se fala em voto consciente, faz-se referência à importância de um voto tomado a partir de informações adequadas. Que apontem ao eleitor que o votado é quem está mais apto a atender às demandas da população. Além disso, trata-se também de um voto “desapegado”: antes de pensar em vantagens pessoais, o eleitor deve pensar na coletividade, nas pessoas que o rodeiam: o que elas querem? O que eu acredito que elas precisam? É esse tipo de questionamento que deve estar na mente de um eleitor na hora de definir seu voto.
Dessa forma, um voto consciente é feito com a consciência de que foi feita uma escolha adequada. Você deve ser capaz de dizer: com um conhecimento adequado sobre os candidatos em questão, escolhi aquele que acredito estar mais apto a gerir o patrimônio e o interesse públicos.
Enumero algumas das melhores práticas na hora de definir um voto consciente. Veja:
1) Conheça os cargos a que os candidatos estão concorrendo
Em 2020, por exemplo, temos eleições para os cargos de prefeito e vereador. Todos esses cargos possuem diferenças em relação a suas funções. Aqui no Politize!, você aprende em detalhes os deveres e responsabilidades desses cargos, além do sistema eleitoral sob o qual cada um é eleito. Muitas vezes um candidato pode ser uma ótima pessoa, mas simplesmente não ter perfil para o cargo a que está concorrendo.
2) Conheça os candidatos, partidos e/ou coligações
Em primeiro lugar, cada candidato deve elaborar e apresentar um programa de governo. Conheça as propostas principais de cada candidato e veja com quais delas você mais se identifica. A afinidade ideológica é muito importante, afinal existem grandes ideias sobre a melhor maneira de gerir uma sociedade. Entretanto, falta considerar um aspecto importante: a lisura do candidato. Seria aquele um candidato corrupto, interessado apenas no que ele pode ganhar para si com a política? Qual o seu passado?
Algo que contribui para um voto consciente é perceber se o candidato possui uma vida dedicada à política. Estar envolvido com a política há muito tempo pode ser um sinal positivo – já que pode demonstrar que o candidato realmente se dedica a isso – como negativo, afinal, existe a possibilidade de ele estar envolvido em negociatas escusas que existem nesse meio.
De qualquer forma, saber a história do seu candidato em detalhes revelará coisas importantes sobre seu passado e suas convicções e lhe dará uma ideia melhor sobre sua aptidão ao cargo em questão. E como ir atrás dessas informações? O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mantém um site com diversas informações sobre os candidatos durante as eleições. A internet oferece farto material sobre a política brasileira e pode trazer muitas informações sobre os candidatos que você está avaliando.
Além disso, o horário eleitoral gratuito pode ser uma importante ferramenta nessa tarefa, apesar que de que você deve levar em conta que os principais candidatos possuem mais tempo de propaganda, como também são respaldados por equipes profissionais de marketing, que calculam todos os movimentos deles, tornando-os mais agradáveis publicamente. Outro ponto importante é: em que partido ele milita? Esse partido formou coligações com outros partidos? Quais foram eles? Tudo isso é importante, afinal não há candidaturas avulsas no Brasil.
3) Conheça as regras do jogo
As eleições podem ser encaradas como um grande jogo, uma disputa condicionada a um conjunto de regras que as tornam (em teoria) mais justas e democráticas. Você sabe como ficaram as regras do financiamento de campanhas? Já ouviu falar sobre o quociente eleitoral? Sabe como se divide o tempo no horário eleitoral? E o que é permitido ou proibido como parte de uma campanha política?
Todos esses detalhes contam bastante para o voto consciente, além de que é importante que você como eleitor os entenda.
4) Saiba em detalhes as opções que você tem na hora de votar
Para um voto consciente, não esqueça os números de seus candidatos! De preferência, anote-os e leve com você no dia da votação. Você pode sempre anular seu voto ou deixá-lo em branco. É um direito seu, apesar de que ambos acabam por invalidar seu voto e ter pouco impacto na apuração do resultado (apenas dá uma forcinha para o candidato mais votado). Cabe a você decidir se anular o voto é mesmo a decisão mais acertada.
5) Não venda o voto
Além de ser uma prática ilegal, tratar seu voto como mercadoria é de um descaso inadmissível. Ao fazer isso, você já elege uma pessoa que se utilizou de métodos imorais para chegar a um mandato político. Seu trabalho junto ao poder público já nasce manchado e não tem a menor garantia de que será pautado em prol do cidadão. E você abdica de seu papel como cidadão. A democracia é jogada no lixo.
6) A importância do voto consciente
Todos estamos carecas de ouvir sobre a importância de votar. Desde pequenos nos falam que votar é uma questão de cidadania; que é um direito social conquistado a duras penas no Brasil; e que é expressão da vontade popular, que é soberana em uma democracia. Infelizmente, votar parece ser mais uma daquelas situações em que existe uma grande dificuldade de se associar a ação à sua consequência. Muitos acreditam que não faz a menor diferença gastar tempo pensando no melhor candidato – afinal, dizem, eles são todos iguais e no fim das contas sempre se revelam corruptos.
Além desse grupo de pessoas descrentes da política, existem aqueles que negociam seu voto por vantagens pessoais, como cargos comissionados e benesses “informais” (para não dizer ilegais) junto ao poder público – apenas mais um dos traços do patrimonialismo ainda presente no Estado brasileiro. Ainda existem aqueles que acreditam que a política é um jogo de cartas marcadas e que os políticos são apenas fantoches na mão das pessoas e empresas que realmente possuem o poder.
O fato é que um voto consciente sempre será melhor do que um voto não consciente: um voto vendido, anulado, ou feito na brincadeira. Se existem problemas que precisam de uma mudança que vai além da consciência ou da instrução dos eleitores, eles não podem impedir ninguém de exercer sua responsabilidade como cidadão.
Por tudo isso, nestas eleições, não se esqueça: vote consciente! E então, conseguiu entender, de fato, como realizar um voto consciente? Irá praticar seu papel de eleitor consciente? Deixe suas dúvidas e sugestões nos comentários!