Edvar Freire Caetano
As batalhas começaram cedo, antes mesmo de o homem tomar posse, pois, como candidato, já ameaçava uma ingênua estratégia de desmamar a “Grande Mídia”, projeto esperto apenas como promessa de campanha, ele deveria saber!
Uns dizem que tudo começou com os cortes de verbas de publicidade e propaganda, que foram plenas de graça ao longo das últimas décadas, e que o novo presidente decidira cortá-las; outros defendem convictos, que essa “grande mídia” quer apenas um país mais moderado, democrático e responsável. Nesse projeto patriótico, nada contra o justo retorno dos bilhões investidos historicamente em propaganda oficial.
Esqueçamos neste pequeno artigo, estrategicamente, a questão do alinhamento ideológico da população, hoje tão dividida entre o lula-petismo e a direita que se está revelando, é o que nos parece, mal representada.
Nessa guerra fratricida, em que perdem o Estado e a nação, o ápice ocorreu neste malsinado crepúsculo de sanidade, quando um tema, de repercussão e inconteste drama mundial, é tratado como coisa sem importância tanto pela audácia do supremo magistrado do Brasil, quanto pela manipulação midiática, que serve de modelo para o conhecido caudal de subservientes seguidores desses formadores de opinião de massa.
No cenário, destacam-se sempre algumas figuras de prol, como o enfezado presidente da OAB Nacional, figadal inimigo público do capitão-presidente; como o governador-juiz-militar do Rio de Janeiro, outro quase inimigo; como a irada (no sentido dicionário) Folha de São Paulo; ou como um prato cheio para o esperto governador de São Paulo, tratado como “o ingrato”.
Todos irmanados no apego a qualquer deslize do Capitão para, mesmo diante de uma tragédia tão maior, reproduzir diariamente os seus escorregos pois, a bem da verdade, ele parece estar sempre caminhando em uma tábua de graxa. Quando não é o próprio, é algum dos seus agitados rebentos a jogar coisa ruim no ventilador.
Pois bem! Quando a tragédia mundial sugere uma união de todos em prol de um bem comum, em uma longa entrevista, em que se saem muito bem o ministro da saúde, o ministro da justiça, da infraestrutura, todos enfim, vem o Capitão tentar justificar algo que não tem justificativa, os tais do “histerismo” e da “gripezinha”.
Achando pouco, passados poucos dias, utiliza uma rede nacional de televisão para contrapor-se a tudo que há de alinhamento científico em torno do combate ao Coronavírus, essa malsinada praga que assola o mundo e chega ao Brasil gerando expectativa sombria.
Serve-se dos escorregos presidenciais a mídia, porque isso é próprio de sua natureza. Foi, é e sempre será assim, em qualquer democracia do planeta. Então ressaltou, ao longo dos dias seguintes, os 20 segundos de derrapagens nervosas do presidente na entrevista, além do seu terrível gol-contra da última quarta-feira, nos piores 5 minutos a que já assisti em pronunciamentos de um presidente desta república.
Aprendemos a avaliar que o Bolsonaro é um presidente sem assessoria, ou, pior ainda, é um homem desses que não aceitam admoestações, orientações ou conselhos; faltando-lhes a grandeza da humildade.
Se for este o problema do nosso presidente ¬ claro, ele tem problemas, como todos nós temos ¬ dificilmente essa parcela da nação brasileira, essa que lhe dá suporte, vai sustentar apoio, indefinidamente, às suas escorregadelas, ainda mais com ares galhofeiros em plena crise mundial.
Quanto à mídia, uma das maiores, mais complexas e responsáveis do mundo, bem que poderia ser melhor ainda, e marchar, o mais imparcialmente possível, por esse vale de incertezas, de tropeços e escorregões. A nação brasileira vai aplaudir!