O câncer de colo do útero ocupa a sexta posição entre os tipos mais frequentes no Brasil. Nas mulheres, é o terceiro mais incidente. O país pode chegar a 17.100 novos casos por ano até 2025 conforme a publicação das estimativas de 2023 do Instituto Nacional do Câncer (INCA). A principal causa desse tipo de câncer é o HPV. Dados do Ministério da Saúde mostram que o Brasil pode ter cerca de 700 mil novos casos de HPV por ano. A estimativa é que o país tenha entre 9 e 10 milhões de pessoas infectadas.

Segundo a ginecologista e especialista em reprodução humana Lorrainy Rabelo, o vírus, que é chamado de “papilomovirus humano”, é a infecção sexualmente transmissível mais comum atualmente. “Nós temos vários tipos de HPV, mais de 100 tipos. E a forma de contágio principal é por sexo oral, vaginal ou anal sem preservativo”, explica.

Existem pelo menos 12 tipos de HPV considerados oncogênicos — aqueles com associação comprovada entre a infecção e o câncer — que apresenta maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes. Os tipos 16 e 18 são considerados de alto risco. Eles estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero.

A médica Lorrainy Rabelo explica que o aparecimento de verrugas pode ser um sinal de alerta. “São verrugas irregulares que podem surgir na região genital, na orofaringe, na região anal. É a principal manifestação clínica, mas mesmo que não apresente verrugas, a pessoa pode possuir o vírus ali incubado”, esclarece.

A taxa de infecção pelo HPV na genital atinge 54,4% das mulheres que já iniciaram a vida sexual e 41,6% dos homens. Os dados são do Ministério da Saúde por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS).

Câncer de colo do útero

Na opinião da ginecologista e especialista em reprodução humana Lorrainy Rabelo, a maior preocupação com o contágio por HPV é o desenvolvimento de câncer de colo uterino.

“Ele é o principal fator de risco para que uma mulher desenvolva câncer de colo uterino futuramente. Mas é possível evitar a doença utilizando preservativo e principalmente hoje em dia com a vacinação disponível no mercado, inclusive que protege contra os nove tipos mais comuns e que mais causam consequências, como o câncer do colo uterino na nossa população”, destaca.

Diagnosticada com câncer, a influenciadora digital Micheline Ramalho conta que ficou assustada ao receber o diagnóstico. Na época com 31 anos, ela diz que demorou para entender o que estava acontecendo. “Achei que aquilo seria a minha morte. Infelizmente, é assim que muita gente vê o câncer. Comigo, não foi diferente. Demorei meses para ter coragem de contar para meus seguidores”, desabafa.

Prevenção

A médica reforça que a vacina não é apenas contra o câncer de colo do útero. É uma vacina contra vários tipos de câncer que podem afetar homens e mulheres. Disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina HPV quadrivalente está disponível, gratuitamente, nos postos de vacinação pelo Brasil.

Ficar atento à saúde e se prevenir, por mais comum que seja a orientação, ainda é a melhor forma de evitar a contaminação, orienta Werciley Júnior, coordenador  infectologista e chefe da Comissão de Controle de Infecção do Hospital Santa Lúcia.

“Para evitar o contágio, a principal medida é a vacinação e o uso para transmissão por via sexual; o uso de camisinha é a melhor forma de controlar essa transmissão”, lembra.

O HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. Mais de 90% dos casos de câncer de colo do útero e de ânus está associado a esse tipo de infecção. As verrugas genitais também são provocadas pela infecção. Números do INCA mostram que o Brasil pode passar de 17.000 novos casos de câncer de colo do útero por ano até 2025. A estimativa é de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres.

Fonte: Brasil 61

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