Os 25 jovens de todo o Nordeste ainda visitaram comunidades tradicionais que vivem na foz do Rio São Francisco e evento segue programação agora em Aracaju nestas quinta e sexta-feira

O “I Intercâmbio em Ecogastronomia Slow Food para os jovens dos projetos FIDA no Brasil”, iniciou as atividades na última terça-feira (24) com visitas a quatro comunidades ribeirinhas que vivem na região do baixo São Francisco, em Sergipe. Nos dois dias de trabalho em campo, os participantes conheceram a produção local de alimentos a base de pescados, mandioca e coco, e apresentaram receitas de suas regiões como brigadeiro de macaxeira e linguiça defumada de jaca.

O Intercâmbio é uma realização do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), através do Programa Semear Internacional, em parceria com o Movimento Slow Food.

Com o tema “Valorização da agrobiodiversidade na gastronomia Slow Food no semiárido brasileiro”, participam deste intercâmbio 25 jovens de comunidades rurais atendidas por projetos apoiados pelo FIDA nos estados do Piauí (Projeto Viva o Semiáridoo); Bahia (Projeto Pró Semiárido); Paraíba (Projeto Procase); Sergipe (Projeto Dom Távora); e Ceará (Projeto Paulo Freire).

No primeiro dia de atividades, a comitiva foi recebida com música pelos moradores da comunidade Brejão dos Negros, em Ilha das Flores. O oficial de programas do FIDA para o Brasil, Leonardo Bichara, deu as boas vindas aos jovens que estão participando do intercâmbio e destacou o trabalho do Fundo Internacional naquela comunidade e em várias outras iniciativas atendidas por projetos focados no desenvolvimento da agricultura familiar no nordeste brasileiro.

“O grande diferencial do FIDA é justamente apoiar e incentivar atividades que historicamente não vem sendo valorizadas como merecem, por outras instituições. O que o FIDA quer é justamente que momentos como este aqui possam ser disseminados e que o conhecimento aqui adquirido, seja repassado para o máximo de pessoas possível”, disse.

A coordenadora do Semear Internacional agradeceu a recepção dos moradores da comunidade, e destacou a parceria com o movimento Slow Food na realização deste intercâmbio. “Há exatos doze meses começamos a pensar neste evento que hoje inicia uma grande programação, gerando um conhecimento que agora será disseminado para todo o país”, disse.

Durante os dois dias de evento, várias atividades foram desenvolvidas, entre elas, uma exposição com pratos criados por cada jovem participante, feitos com ingredientes da culinária de seus estados. Foram degustadas receitas como biscoito de moringa, linguiça defumada de jaca, vinho suave de fugo da índia e seriguela, biscoito raiva de coco, farofa de galinha caipira, cocada de mamão com coco, doce de jerimum, fubá de semente da paixão, licor de maracujá, licor de jenipapo, licor de canela, queijo de cabra, rapadura de gergelim, doce cristalizado de manga, doce de buriti, rapadura de goiaba, cajuína, doce de leite, manteiga de amendoim, brigadeiro de macaxeira e geleia de cambuí.

No segundo dia, eles conheceram experiências com a produção de alimentos a base de pescados, frutos do mar, mandioca e coco, dente elas, beneficiamento do óleo de coco, que é feito por comunidades remanescestes de quilombo localizadas às margens do rio.

A metodologia deste intercâmbio foi desenvolvida pelo movimento internacional Slow Food, que conta com mais de 100 mil membros em vários países e trabalha com o princípio básico do direito ao prazer da alimentação, utilizando produtos artesanais de qualidade especial, produzidos de forma que respeite tanto o meio ambiente quanto as pessoas responsáveis pela produção, os produtores.

“Estamos em uma região muito rica, com mais de 40 comunidades quilombolas registradas e uma infinidade de alimentos que trazem muito desta metodologia aplicada pelo Slow Food. Estamos aqui para mostrar que o alimento é a expressão de uma cultura, de uma produção agrícola , da identidade de um povo”, disse a coordenadora Slow Food Nordeste.

A programação segue em Aracaju, onde serão ministradas oficinas com técnicas desenvolvidas pelo chef Timóteo Domingos, idealizador do Projeto Gastrotinga e autor do livro “O Chef do Sertão”, com receitas como coxinha de cacto, pizza de palma, bolo de casca de abóbora, doce de folha de umbuzeiro. Já a chef Leila Carreiro, natural de Salvador, especialista na cozinha Patrimonial da Bahia, comandará uma oficina com receitas da cozinha regional, em especial do Recôncavo de matriz africana.

 

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