O Julho Verde é uma campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço criada há cinco anos pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCC). Em função do Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, celebrado em 27 de julho, e em parceria com outras sociedades médicas e não médicas, e representantes da sociedade civil, são realizadas diversas atividades em todo o Brasil durante este período para conscientizar e informar a população sobre prevenção e diagnóstico precoce para esse tipo de tumor.
FOTO: Margareth
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 74.240 novos casos de câncer de cabeça e pescoço no Brasil estão previstos para o triênio 2020-2022. Parte desses tumores se desenvolve de forma silenciosa indicando sinais somente em estágio avançado, o que explica o percentual elevado de diagnóstico tardio que gira em torno de 60% dos casos atualmente. “Infelizmente, quanto mais tarde o diagnóstico menor as chances de cura, maior a necessidade de tratamentos multimodais (associação de mais de uma forma de tratamento como cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia)”, explica a fonoaudióloga do Hospital Governador João Alves Filho, Margareth Souza Andrade.
Segundo ela, quando o paciente sobrevive ao câncer de cabeça e pescoço, pode ficar com seqüelas importantes. “De modo geral, os tumores de cabeça e pescoço incluem as regiões de boca (lábios, língua, bochechas, gengivas, mandíbula, assoalho de boca, palato duro), faringe (nasofaringe, orofaringe e hipofaringe), laringe, glândulas salivares e tireóide, podendo provocar sequelas na respiração, na deglutição, na mastigação, na voz, na fala, na audição, na visão e deformidades estéticas, além de trazer impacto emocional e econômico ao paciente e família”, comenta.
Em razão disso, o slogan da campanha Julho Verde 2021 é “O câncer tá na cara, mas às vezes você não vê”. É um alerta sobre a importância do autocuidado e atenção aos primeiros sinais e sintomas da doença para obtenção de um diagnóstico precoce, ampliando as taxas de cura com menos sequelas.
FOTO: cigarro
“É importante ficar atento a alguns sinais: ferida na boca por mais de duas semanas que não cicatriza, manchas brancas ou avermelhadas na boca, nódulos ou massa no pescoço, rouquidão persistente por mais de 15 dias, edema (inchaço), halitose, dor, dificuldade para engolir e sensação de falta de ar; e procurar um profissional especializado como dentista especialista em estomatologia- para o câncer de boca, otorrinolaringologista e/ou cirurgião de Cabeça e pescoço”, pontua Margareth.
Prevenção
A campanha também reforça a necessidade da prevenção, alertando para os cuidados com a exposição aos fatores causadores desses tipos de tumores: evitar tabaco (cigarros, charutos, cachimbos), cigarro eletrônico, narguile, maconha, álcool (principalmente as bebidas destiladas); evitar sexo oral sem uso de camisinha (pela transmissão do vírus HPV); utilização de EPIs diante da exposição à poeira de texteis/madeira, pó de níquel, colas agrotóxicos, produtos radioativos; utilizar filtro solar diante da exposição ao sol, manter uma boa higiene bucal e consultar regularmente o dentista; praticar exercícios físicos, seguir uma dieta rica em alimentos saudáveis; e vacina contra o HPV (crianças entre 9 e 14 anos).
“É importante ressaltar que o acompanhamento ao paciente com câncer de cabeça e pescoço envolve a atuação de uma equipe multidisciplinar entre médicos (cirurgiões de cabeça e pescoço, radiooncologistas, oncologistas clínicos, patologistas, cirurgiões plásticos), odontólogos, físicos médicos, técnicos em radiologia, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais que, a depender da extensão da lesão e da forma de tratamento elencada, atuam de forma direta e/ou indireta objetivando a cura/tratamento e proporcionando qualidade de vida ao paciente”, conclui.