Criado para conscientizar a população sobre a prevenção do câncer de pulmão, o Agosto Branco direciona ações em todo o país no combate da doença. De acordo com dados apresentados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), ainda em 2023, serão diagnosticados cerca de 32.000 novos casos de câncer de pulmão. Para falar sobre a neoplasia que mais causa mortes no mundo, nós entrevistamos Dr. Michel Alves, oncologista na Vitta Centro de Oncologia.

Ao falarmos de prevenção do Câncer de Pulmão, quais medidas podemos citar?

A principal forma de prevenir a doença é evitar contato com os fatores de risco, especialmente o tabagismo, responsável por mais de 80% dos casos. Desta forma, campanhas educativas para conscientizar a população dos riscos, medidas públicas para restringir o acesso e dificultar comercialização do cigarro e intensificação de programas de saúde pública para cessação do tabagismo são necessárias. Além disso, hábitos de vida saudáveis, como prática de atividade física regular e alimentação rica em frutas e verduras e pobre em gorduras e carnes são essenciais.

Dr. Michel Alves, oncologista

Quais os principais sintomas da doença e por que ainda é descoberto, na maioria das vezes, tardiamente?

Os principais sintomas são tosse , por um tempo prolongado e com piora progressiva, falta de ar aos esforços, escarro com sangue, dor no peito, rouquidão e perda de peso não intencional. Esses sintomas se confundem com os de outras doenças mais comuns, levando ao atraso na procura ao médico. Infelizmente, apenas cerca de 10% dos casos são diagnosticados em fases iniciais. Por essa razão, é essencial o acompanhamento médico regular (preferencialmente pelo pneumologista) e realização de exames regulares, especialmente para os tabagistas e ex-tabagistas.

Diante de um diagnóstico de câncer de pulmão, qual tratamento ou etapas terapêuticas são indicadas?

A primeira coisa a se fazer é o estadiamento, que significa avaliar a extensão da doença, o “quanto avançado ela está”. É fundamental sabermos se a doença está restrita ao pulmão ou “se espalhou” para outros órgãos. Para isso são realizados exames de imagens como tomografias, ressonância, PET e cintilografia óssea. Mais recentemente, tem se tornado essencial também a realização de exames moleculares do tumor, buscando descobrir mutações específicas, que podem guiar, de forma personalizada, na escolha do melhor tratamento.

Esses dados devem ser avaliados idealmente por um time multidisciplinar, formado especialmente pelo cirurgião torácico, pneumologista, oncologista clínico e radio-oncologista. A partir daí é construído um plano terapêutico. De forma resumida, para doenças muito iniciais a cirurgia é o principal tratamento, podendo ser complementada por quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou drogas alvo. À medida que a doença fica mais avançada, a radioterapia, quimioterapia e imunoterapia aumentam a sua importância e a cirurgia é menos indicada. Quando a doença já está avançada, com metástases, os tratamentos sistêmicos (quimioterapia, imunoterapia e drogas alvo) são os mais importantes, sendo a cirurgia raramente indicada.

 O recomendado é que as pessoas evitem o cigarro. Os cigarros eletrônicos mudam essa realidade? Ou também oferecem perigo?

O cigarro eletrônico tem trazido uma grande preocupação, em especial, pelo aumento expressivo do seu uso entre os mais jovens, dos 18 aos 24 anos. Há diversas substâncias químicas contidas no vapor inalado que oferecem perigo à saúde humana, que podem estar associadas a um risco aumentado do câncer. Recentemente as organizações mundiais de saúde alertaram para o surgimento de uma nova doença pulmonar grave associada ao uso desses dispositivos, a EVALI, também conhecida como doença do vape. Para além disso, há o receio de que o contato com altas doses de nicotina contidas nos cigarros eletrônicos leve a uma dependência química que traga de volta os altos índices de tabagismo nessa população.

Pessoas que convivem com fumantes também correm risco de desenvolver a doença?

Sim. O fumante passivo inala a fumaça eliminada pelo tabagista e a fumaça derivada da queima da ponta final do cigarro , que contém até 3 vezes mais nicotina e substâncias cancerígenas que a primeira. Quanto maior o tempo de exposição, maior o risco de câncer de pulmão.

Quando falamos em conscientização, qual mensagem gostaria de registrar aqui?

O tabagismo é a principal forma evitável de câncer, responsável por mais de 80% dos casos de câncer de pulmão e outras neoplasias. Apesar dos avanços da ciência para o tratamento dessas doenças, a mortalidade e o sofrimento associados ainda são muito altos. Se você não fuma, evite o contato, ajude um amigo ou familiar que não consegue parar de fumar. Se já fuma, procure ajuda e pare imediatamente. Faça a sua parte e propague essas informações.

 

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