Cid defende que as raízes carnavalescas devem ser mantidas e Maysa aposta no Axénejo
O cantor Cid Natureza que agita o carnaval sergipano desde o início da sua carreira e Maysa Reis que é o ícone do Axé Music em Sergipe comemoram o crescimento da maior festa popular do Brasil. Cid defende que as raízes devem ser mantidas para fortalecer a cultura, mas não descarta a entrada das novas tendências musicais. Já Maysa aposta no Axénejo que é a mistura do axé com sertanejo.
“A festa é uma verdadeira mistura de ritmos, acho que tudo pode entrar neste caldeirão mas não podemos deixar de fora as nossas origens. Manter a tradição é essencial para que a folia continue viva. O frevo, axé e pagode são os principais estilos musicais do período mas não podemos vetar a entrada das novas tendências como o sertanejo, arrocha, funk e sofrência. Eu canto de tudo para agradar meu público. Vou das marchinhas até sucessos de Anitta e Pablo Vittar”, explica.
Cid acredita que seu repertório eclético é o segredo do seu sucesso. “Estou comemorando 30 anos de carreira e sempre me reinventei. Fiz de tudo para acompanhar o moderno. É possível cantar o novo misturado com o velho e as pessoas gostam muito. Trago canções antigas com novos arranjos e mesclo. O hit do momento é ‘Que tiro foi esse?’ da Jojo Todinho, para pegar carona no sucesso eu fiz uma paródia e as crianças se divertem”, vibra.
O músico faz uma avaliação do carnaval em Sergipe e comemora a ascensão. “A festa popular sempre teve um grande espaço e continua crescendo em Aracaju e cidades tradicionais como Neópolis e Pirambu. O Rasgadinho faz uma brilhante mistura de ritmos, valoriza os artistas locais e mantém a tradição. Os bloquinhos de rua cresceram muito nos últimos três anos e temos que comemorar. Os jovens estão resgatando a essência da festa e se divertindo com a magia do carnaval. Estou feliz em ser lembrado e convidado para participar e apresento um repertório especial para não deixar ninguém parado”, promete.
O músico lembra dos arrastões fazem parte da cultura da festa popular e faz um apelo. “Os arrastões reúnem toda a família e pessoas de várias faixas etárias e crenças. Os arrastões são lindos e nunca podem acabar. É o momento que gosto de sentir o que o público quer e o que está achando do show. Fico triste se alguém estiver desanimado. O público é meu termômetro e por isso dou o melhor de mim. Levo a minha mensagem de paz com muita diversão”.
30 anos de sucesso
Cid é baiano e começou a sua trajetória artística ainda no município de Alagoinhas. “Tudo começou no fim da década de 80 quando um amigo me viu cantar tocando violão em casa. Ele me convidou para fazer uma participação na Orquestra Coungas que ele cantava e aceitei o convite. Cantei uma música da banda Eva e fui muito aplaudido. Meses depois ele se afastou e fui convidado para assumir o lugar dele. Foi mágico”, recorda.
O artista começou a fazer sucesso no início do Axé Music e conquistou seu espaço no Brasil. “Eu admirava demais os artistas da época como Bell Marques, Luiz Caldas, Daniela Mercury, Netinho e Durval Lélis e queria uma oportunidade que chegou muito rápido. Desde criança minha mãe me apoiava e me levava para prestigiar Dodô e Osmar no Carnaval de Salvador, aprendi muito com eles”.
Em seguida Cid Natureza passou a se apesentar nas principais festas do Nordeste e se consagrou como o Furacão do Arrastão. “Tudo aconteceu muito rápido e eu fui abraçando as oportunidades. Fiz shows nas micaretas, clubes e também no carnaval. O sucesso foi tão grande que ganhei o título de Furacão do Arrastão”, orgulha-se.
Em 1990, Cid Guerreiro recebeu dois convites e teve que fazer uma escolha. “Me convidaram para ser vocalista da banda Mel e ao mesmo tempo recebi o convite para assumir os vocais da banda Brilho de Aracaju. Escolhi a segunda opção e me mudei para Sergipe. O trabalho cresceu e ganhei projeção nacional participando de programas de televisão para divulgar meus discos. A banda estourou e passei a ser conhecido como o artista que representava Sergipe. Foi um momento muito lindo e fui muito bem recebido em Aracaju”.
Cid estava presente no primeiro Pré-Caju que ocorreu em 1992. “Estava em um trio com a banda Brilho e durante o encontro com o trio que estava a banda Asa de Águia eu surpreendi o Durval Lelis, fui até o trio dele e começamos a cantar juntos. O público vibrou muito e nós ficamos emocionados. Eu já era muito ousado, estava usando uma bermuda transparente e uma camisa rosa”, diverte-se.
Maysa Reis
A cantora Maysa Reis se destaca no cenário musical do estado há 10 anos e é uma das artistas mais requisitadas no carnaval. A cantora que é mãe de primeira viagem está se apresentando nas principais festas do estado.
“Este ano meu preparo foi mais vocal do que físico. Depois que me tornei mamãe o tempo fica curto e temos que nos desdobrar em 10 pra conciliar tudo. Há alguns meses estou tendo ajuda com o acompanhamento do meu personal Ronaldo Carvalho e a prega vocal também é um músculo que precisa ser trabalhado”, conta.
Maysa preparou um repertório especial para este período. “Está ainda mais animado e dançante com uma mistura de ritmos. O Axénejo é muito bem aceito e o público participa. O repertório é variado, cheio de energia e músicas que estão na boca do povo. O carnaval de Sergipe está lindo e me sinto orgulhosa em participar sempre”, vibra.