Pronto. Acabou. Lula em Sergipe já era. Ele já se foi com sua caravana. Mas é sabido, e a bola foi cantada por esta coluna, que a passagem do ex-presidente petista por Sergipe deixaria rastros visíveis nas composições políticas futuras, com implicações assertivas em relação ao pleito de 2018. Por outro lado, como também se sabe, Lula é despertador de paixões e ódios com a mesmíssima virulência. Portanto, não se trata de exercício de adivinhação, mas de uma análise fria sobre um período que, por si, se mostraria quente o suficiente para fazer estremecer as bases nada sólidas da política sergipana. E foi exatamente isso o que ocorreu. Entre mortos e feridos, confira quem ganhou e quem perdeu com a visita de Lula à Sergipe, ocorrida entre os dias 20 e 22 de agosto.
Só deu ele – comecemos pelo grande vitorioso: Rogério Carvalho. Coube ao presidente estadual do PT o maior holofote, após Lula, claro, durante toda a Caravana Lula Pelo Brasil em Sergipe. Rogério voltou a falar com a população em eventos de grande porte e, de quebra, irá para as inserções do PT na TV já nesta quarta, 23, em trechos cuidadosamente escolhidos para reforçar o papel de liderança de Rogério. Sai da visita de Lula bem maior do que entrou.
Rebarba positiva – Márcio Macedo também se deu bem. Vice-presidente nacional da sigla e um dos organizadores da caravana, o ex-deputado federal emergiu para o público sergipano e deve fazer bom uso do que colheu em termos de exposição durante a visita de Lula.
Surpresa das surpresas – caladinho, na dele, o líder do governo de Seo Temer no Congresso, André Moura, PSC, não precisou fazer nada para sair ganhando. E recebeu um presentão: como a cúpula nacional do PMDB se, para ficar numa palavra leve, “emputeceu” com Jackson Barreto e sua quase onipresença nos eventos lulistas em Sergipe, André pode ganhar um PMDB prontinho, embalado para presente, já nos próximos dias.
Mandou bem – o secretário de Governo e peemedebista histórico, Benedito Figueiredo, abriu o verbo e mandou essa: “se fosse convidado para ir ver o Lula, não iria!”. Assim, seco, na lata. Como teve gente do PT que torceu o bico para ele, teve muita gente graduada do PMDB que se sentiu bem representada pela fala de Bené.
Mandou mau – já o governador Jackson Barreto é que foi, digamos, o grande perdedor em todo esse episódio. E olha que teve um posicionamento muito digno de Lula a seu favor, que o classificou de fiel, companheiro e que tais. Só que o Sintese e o PT mais extremado deram de ombros e sobrou pra JB, que ainda bateu boca com manifestantes contrários à sua presença no palanque de Lula em Glória. Cabe a Jackson, agora, se definir de vez: ou abraça o governo “golpista” de Seo Temer, numa tentativa de salvaguardar o comando do PMDB em Sergipe, ou pode ir procurando outra sigla para disputar o Senado em 2018. E, convenhamos, um governador ficar numa situação dessa faltando 1 ano e 4 meses para o término do seu mandato não é nada lisonjeiro…
Mandou péssimo – agora, dentre toda a turma política de destaque no Estado, estranha mesmo foi a ausência de Edvaldo Nogueira, PCdoB, em todo e qualquer ato de Lula em Sergipe. Mas, espera aí: será que Edvaldo esqueceu que só se tornou prefeito porque, lá atrás, Marcelo Déda e seu PT lhe abriram espaço para ser vice em 2000 e em 2004? Será que Edvaldo se esqueceu que JB foi dos primeiros a lhe garantir espaço na política e, em 2016, foi decisivo para o seu retorno à prefeitura da capital? E mais: será que esqueceu também que, entre 2006 e 2010, estando prefeito, teve em Lula um presidente amigo? E aí aparece uma viagem ao exterior justamente no momento em que Lula vem a Sergipe? Sei não, viu? É como diz o adágio: “ingratidão tira a afeição”.
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