Somos o novo epicentro da pandemia de covid-19. Até o momento que escrevo esta crônica, no sábado (23), temos contabilizado 21.048 mortes em decorrência do coronavírus e sendo, 1.001 destas, nas últimas 24h. Nosso País tem 330.890 pessoas contaminadas pelos dados oficiais. Não tem como fugir do tema factual desta redação, diria minha saudosa professora de Português, Auxiliadora, uma alma boa, que tem auxílio até no nome.
Muitos dos contaminados são os profissionais da linha de frente, que estão cotados para os serviços essenciais. Reparei ao meu redor e eles são muitos. Tenho amigos muito próximos, familiares e clientes da área de saúde. Minha amiga de infância, mãelabarista como eu, é enfermeira e trabalha em três locais, de cidades distintas, para prover o sustento dos seus. Precisou se afastar da família e passou o Dia das Mães isolada dos três filhos porque estava com suspeita de estar contaminada e aguardava o resultado do exame. 
Esta não é uma realidade unilateral. Muitos trabalhadores da área de Saúde estão vivendo dias mais agitados que outrora, encarando falta de estrutura em todos os sentidos. E, ao final do dia, com o cansaço físico, mental e emocional, ainda precisam se isolar dos seus. Esta pergunta martelou em minha cabeça: quem cuida de quem cuida? Qual compensação estão se dando ou canalizando?
Ser intitulado de herói chega a soar desumano. Quem deseja pagar até com a própria vida ao desempenhar suas funções? Estamos vivendo no limite e as perdas precisam ser administradas. Assistimos a perda de vida de gente querida, existe desemprego, a economia passa por transformações para um porvir ainda incerto, as diferenças sociais encontram-se alarmantes: há mais fome e mais sentimento de abandono.
Grupos de sociólogos descrevem a pandemia como uma aceleradora de futuro. Numa live que realizei na última semana com meu professor da época que cursei ESPM (Escola Superior de Marketing e Propaganda), Fábio Mariano, conversamos sobre tendências de consumo e hábitos diante do que vem sendo chamado de Novo Normal. Sociólogo e Publicitário, com experiência em estudos de tendências há 30 anos, Prof. Fábio relatou: “é no agora que estão sendo reveladas todas as falhas e oportunidades junto ao consumidor. Não tem como pensar em futuro se o presente não está se revelando uma boa experiência”.
A live foi muito rica em conteúdo e está gravada no meu IGTV, em @shirley_vidal. Foi importante a nossa reflexão a partir das experiências que somos obrigados a ter hoje, seja nas relações de consumo, e nos diversos relacionamentos que intercambiamos em nossas vidas. Crenças estão caindo por terra. Há um movimento profundo de desconstrução e de reaprender, como findamos lá no vídeo, eis a chegada da ‘Era do Afeto’.
Por isso a minha pergunta nasceu: quem cuida de quem cuida? Ora, se repararmos bem, além dos nossos afazeres domésticos, profissionais e familiares, estamos sendo cuidados e cuidamos de alguém em algum nível (pode ser até um Pet ou suas plantinhas). Se fizermos uma lista, nos surpreenderemos de como somos amparados no cotidiano. Mas não basta a atitude neste momento que atravessamos. Como uma entusiasta da comunicação, afirmo que além da ação, super importante, precisamos ter mais a experiência de verbalizar, ainda mais em tempos de afastamento social.
Utilizar os canais acessíveis, por tela mesmo, digitando ou por voz, da forma que for mais confortável pra cada um. A comunicação não verbal é linda: um abraço caloroso, um olhar amoroso, uma comida especial que alguém fez e te deu pra compartilhar o sabor. Agora a comunicação verbal é arrebatadora! Quando se vem com toda boa intenção, de coração, jamais se esquece: um “se cuida”, um “Deus te proteja”, ou “você é tão especial”, um “eu te amo”, ou “que trabalho maravilhoso”. A transformação não será só tecnológica, pois tudo indica que precisamos estar afastados agora para nos conectarmos ao que, de fato, é essencial. E não há revolução mais imprescindível para a Era do Afeto do que o sentido de cuidar do que nos rodeia. Da nossa casa, núcleo onde tudo se cria, para outras casas, para a casa maior, a nossa Terra. Cuidemos de quem nos cuida. Cuidemos por solidariedade a quem não tem como retribuir seja materialmente ou por estar em outro nível de compreensão. Cuidemos de nós também com todo carinho, pois é o compromisso fundamental. Lembre da recomendação de emergência nos aviões: ninguém pode pôr a máscara de respiração no passageiro ao lado sem antes estar respirando tranquilo com a sua. Gratidão por chegar até aqui e sintonizar com as minhas palavras afetuosas. 

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