O Novembro Azul é uma campanha dedicada à conscientização sobre a saúde masculina e a prevenção do câncer de próstata. No Brasil, estima-se que 71.730 homens recebam o diagnóstico este ano. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 15.841 homens perdem suas vidas todos os anos por essa doença. Em Sergipe, são esperados cerca de 900 casos ao ano. Com o envelhecimento da população, tem crescido também o número de diagnósticos.
A campanha Novembro Azul busca incentivar os homens a realizarem exames preventivos, como o exame de PSA e o toque retal, a fim de detectar precocemente qualquer anormalidade na próstata. Isso é crucial, já que, quando diagnosticado cedo, o câncer de próstata tem chances maiores de cura. Além disso, a campanha também busca desmistificar tabus e incentivar o autocuidado.
De acordo com o médico oncologista Dr William Giovanni Soares, o Ministério da Saúde, o Inca e vários órgãos internacionais orientam que o cuidado com a saúde do homem deve ser permanente. “A campanha tem fundamental importância ao trazer mais informações aos homens sobre a saúde de forma geral, incentivando a prática de atividades físicas e de um estilo de vida saudável, atrelado e realização de consultas médicas anuais de prevenção de cânceres e de outras doenças”, comenta.
Dr William Giovanni Soares, médico oncologista
O câncer de próstata é uma doença geralmente silenciosa, visto que grande parte dos pacientes não apresentam sintomas nos estágios iniciais. Dificuldade de urinar, por exemplo, é um sintoma muito mais atrelado ao crescimento da próstata provocado pela idade do que ao câncer. Porém, quando o tumor está em estágios mais avançados, com metástases em outros órgãos, são frequentes sintomas como dor óssea, principalmente em região de coluna lombar e bacia, anemia e emagrecimento sem razão aparente.
“No entanto, todo homem que apresenta sintomas urinários, como aumento da frequência ou esforço para urinar, sensação de não esvaziamento da bexiga, dor ao urinar ou sangramento, deve procurar seu médico Clínico Geral ou Urologista, para realizar uma investigação da causa destes sintomas, que em alguns casos pode estar relacionada a um tumor”, explica Dr Willian.
Prevenção
Segundo o especialista, ainda não são conhecidos todos os fatores de risco relacionados ao câncer de próstata. “A idade é um fator importante, pois a 75% dos casos ocorre em homens com mais de 65 anos. Outro fator de risco é a história familiar. Um homem que tenha dois parentes com câncer de próstata tem uma chance quatro vezes maior de desenvolver um câncer de próstata durante sua vida, do que homens que não têm parentes com este câncer na família. Alguns genes como o BRCA, ATM e CHEK já foram identificados como causadores de câncer de próstata. Entretanto, estas situações acima são intrínsecas ao indivíduo e não conseguimos alterá-las”, disse.
Contudo, a ciência também demonstrou que alguns fatores modificáveis, como obesidade e alimentos contaminados com altas doses de alguns pesticidas podem aumentar o risco de câncer de próstata. Assim, é importante presar por hábitos de vida saudáveis, praticando pelo menos 30 minutos de atividade física três vezes por semana, mantendo o peso na faixa da normalidade, tendo uma alimentação saudável, com baixo teor de gordura e rica em fibras, vegetais e frutas frescas e bem lavadas.
Rastreamento
O rastreamento da doença acontece quando são usados exames na tentativa de descobrir um câncer precocemente, no paciente que não apresenta nenhum sintoma e o tumor está em estágios iniciais. Existem dois exames que podem ser usados de maneira combinada: o toque retal e um exame de sangue chamado PSA. Porém, nem todos os homens precisam realizar estes exames de rotina. Cada caso deve ser avaliado individualmente e a decisão de rastreamento deve ser tomada em conjunto entre o médico e o paciente.
“Isso ocorre, porque os testes não conseguem detectar todos os casos e o paciente precisa ser informado que, a depender do resultado, podem ser necessários outros procedimentos, às vezes mais invasivos e de maior risco. Essa tomada de decisão é, então, individualizada e leva em consideração as condições de saúde do paciente e seu histórico familiar. De modo geral, homens a partir dos 45 anos, exceto aqueles com fatores de risco a partir dos 40 anos, devem procurar seu médico para essa tomada de decisão e uma avalição geral de saúde”, comenta Dr Willina.
75% dos casos ocorre em homens com mais de 65 anos
Tratamento
Certamente, o tratamento do câncer de próstata foi uma das áreas da Oncologia que mais evoluiu nos últimos anos. O tratamento atual baseia-se principalmente em três modalidades terapêuticas: a cirurgia, a radioterapia e a hormonioterapia. A escolha do tratamento deve sempre levar em consideração os prováveis efeitos colaterais de cada terapia. A cirurgia sofreu grande evolução com o emprego cada vez maior de cirurgias robóticas, que permitem menor tempo de internação e menores sequelas quanto a impotência e incontinência urinária.
A radioterapia evoluiu com a utilização de equipamentos mais modernos e novas técnicas de tratamento, que permitem tratamentos mais rápidos e mais direcionados à doença, atingindo os outros órgãos vizinhos com doses menores de radiação. E a hormonioterapia teve avanços com novos medicamentos, muitos deles comprimidos de uso oral domiciliar, mais eficientes e seguros, tanto nos cenários de pacientes com tumores iniciais ou avançados.
“Além disso, para alguns casos empregamos uma outra classe de medicamentos, com moléculas radioativas, com o objetivo de atingir os tumores mais avançados e resistentes à terapia tradicional. Os principais efeitos colaterais dos tratamentos anti-hormonais são a redução da libido, ondas de calor, osteoporose e redução de massa muscular, que devem ser acompanhados e tratados, precocemente e sempre que possível”, conclui DR Willian.