O mês de fevereiro também é identificado pela cor roxa como forma de educar e sensibilizar a população sobre a o lúpus, uma doença inflamatória crônica de origem autoimune que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com um estudo epidemiológico realizado pelo Ministério da Saúde, a estimativa é que no Brasil sejam confirmados anualmente em torno de 8,7 casos para cada 100 mil pessoas por ano. Embora possa afetar qualquer pessoa, o lúpus é de 9 a 10 vezes mais frequente em mulheres entre 15 e 45 anos.
A médica dermatologista Thâmara Morita, especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e professora de dermatologia do curso de medicina da Universidade Tiradentes, explica de que maneira a doença pode afetar o indivíduo.
“O lúpus é uma doença caracterizada por atividade aberrante do sistema imune que resulta na produção de anticorpos contra diversos antígenos encontrados em todos os componentes celulares. No tipo sistêmico um ou mais órgãos internos são acometidos, e no cutâneo, que pode ocorrer como parte de uma doença sistêmica ou comprometer exclusivamente a pele, outras lesões podem ser percebidas, sob a forma de manchas avermelhadas, principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar, úlceras na mucosa oral, nódulos duros, e cicatrizes. Os locais mais acometidos são couro cabeludo, pavilhão auricular, região torácica anterior e porção superior dos braços. Na face, sobrancelhas, pálpebras, nariz, e as regiões mentoniana e malar estão frequentemente envolvidas.
Thâmara Morita, médica dermatologista
Diagnóstico
Febre baixa, emagrecimento e perda de apetite, fraqueza e desânimo são alguns sintomas que podem acender o alerta para a patologia silenciosa, mas agressiva. O diagnóstico preciso do lúpus é desafiador e muitas vezes envolve uma combinação de exame físico, história clínica detalhada e, em alguns casos, biópsia da pele.
“Embora não exista um exame laboratorial 100% específico, a presença do exame chamado FAN, principalmente com títulos elevados, em uma pessoa com sinais e sintomas característicos, torna provável o diagnóstico desta doença. Para diagnosticar o lúpus cutâneo, nós dermatologistas, muitas vezes lançamos mão da biópsia. Essa é importante inclusive no diagnóstico diferencial com outras doenças, como rosácea, sarcoidose e psoríase”, contou.
Tratamento
Por ser uma doença autoimune, o lúpus não tem cura. Dessa maneira, a especialista explica que a ida regular ao dermatologista auxilia no diagnóstico e controle da doença.
“Os pacientes devem ser submetidos a exame dermatológico completo, não apenas durante episódios de exacerbação da doença, mas também em intervalos regulares, visando avaliar a atividade da doença, bem como identificar possíveis danos decorrentes do envolvimento da pele. Em cerca de 20-25% dos casos, o comprometimento cutâneo ocorre antes da manifestação em outros órgãos e o dermatologista tem papel fundamental nesse cenário, ao investigar a possibilidade de progressão da doença para a forma sistêmica.”, salientou.
O tratamento de controle da manifestação cutânea geralmente envolve uma abordagem que varia dependendo da gravidade dos sintomas e da extensão das lesões cutâneas.
“O tratamento medicamentoso deve ser individualizado para cada paciente e depende dos órgãos ou dos sistemas acometidos, bem como da gravidade destes acometimentos. A fotoproteção é um pilar fundamental do tratamento do lúpus cutâneo, pois os filtros solares podem prevenir o aparecimento de lesões na pele. No entanto, outras medidas de cuidado ao paciente também são necessárias, como mudanças comportamentais e uso de chapéus e roupas de mangas compridas, de preferência com tecnologia de proteção UV. A base do tratamento da doença cutânea localizada/limitada é com corticosteroides tópicos, devido ao seu efeito anti-inflamatório”, informou.