Por desconhecimento ou por desatenção, muitas pessoas só lembram de se vacinar quando são feitas campanhas com ampla divulgação ou quando o risco de morte assusta a população, como no caso da febre amarela. Mas o que pouca gente sabe é que algumas vacinas precisam ser reforçadas após alguns anos, e que elas são ofertadas durante todo o ano nos postos de saúde.
Segundo a coordenadora do Programa de Imunização da Secretaria de Saúde de Aracaju, Ilziney Simões da Silva Correia, um dos fatores que fazem com que as pessoas não se vacinem depois de uma certa idade é a falta de conhecimento sobre o Programa Nacional de Imunização (PNI). “Um dos fatores pode ser o desconhecimento da oferta de vacinas para todas as faixas etárias. É importante que as pessoas compreendam que atualmente o calendário de vacinação do Programa Nacional de Imunização contempla crianças e, também, jovens e adultos”, explica.
Ilziney comenta ainda que o controle de doenças imunopreviníveis também faz com que muitas pessoas não deem valor à vacinação. Doenças graves como a varíola, poliomielite (paralisia infantil) e sarampo foram erradicadas no Brasil devido ao PNI. Porém, a opção de alguns por não se vacinar pode trazer riscos não só para o indivíduo, mas também para a população em geral. Uma vez que elas podem ser porta de entrada para doenças já eliminadas no país, mas que ainda não estão erradicadas no resto do mundo.
VACINAÇÃO DURANTE A GRAVIDEZ
Além dos exames e testes de rotina feitos durante o pré-natal, o Ministério da Saúde recomenda que as gestantes recebam quatro vacinas: dTpa (difteria, tétano e coqueluche), dT (difteria e tétano), hepatite B e influenza (gripe).
Segundo o Ministério da Saúde, apenas 35% das grávidas brasileiras se vacinam contra a difteria, tétano e coqueluche, quando o ideal seria 95%. Em Sergipe, esse percentual é ainda mais baixo, 25% no ano passado.
Indo na contramão da baixa adesão à vacinação, a recepcionista Gessy Kelly Oliveira foi orientada no posto de saúde a se vacinar, mas confessa que no início teve receio de tomar as vacinas por medo de prejudicar seu filho. “No início fiquei com receio se as vacinas iriam influenciar em algo no bebê. Até porque durante a gestação eu evitei tomar qualquer tipo de medicação, mas pelo contrário, só faz proteger”, comenta.
Segundo Ilziney Correia, apenas as vacinas de microrganismos vivos como a da febre amarela e a tríplice viral são contraindicadas durante a gestação. “Na gravidez, a vacinação é importante para garantir a prevenção de doenças infecciosas com risco à saúde da mãe, do feto e do recém-nascido”, ressalta.
FEBRE AMARELA
A partir de fevereiro de 2019, a vacina contra a febre amarela entrará no calendário de vacinação de todo o país. Com essa medida do Ministério da Saúde, as doses da vacina contra a febra amarela estarão disponíveis não apenas para viajantes, mas para toda a população sergipana.
O aumento no número de casos da doença no Brasil, principalmente nos estados de São Paulo e Minas Gerais, e a proximidade do vírus nas zonas urbanas influenciaram na tomada de decisão pela ampliação da vacina.
“Esse imunobiológico pode ser aplicado em todos os indivíduos com nove meses de vida em diante, sendo aplicada no braço por um técnico especializado, numa Unidade Básica de Saúde [UBS]. Porém, quem já fez uso da vacina pelo menos uma vez não precisa voltar a recebê-la. Nesse caso, o indivíduo já que se encontra protegido para o resto da vida”, frisa a gerente do Núcleo de Imunização da Secretaria de Estado da Saúde, Sândala Teles.
REFORÇO DE VACINAS
Algumas vacinas precisam ser tomadas apenas uma vez em toda a vida, mas a antitetânica, que protege o indivíduo contra o tétano, precisa ser reforçada a cada 10 anos. “A vacina antitetânica, por exemplo, requer um reforço a cada 10 anos. Quanto às vacinas contra hepatite B e tríplice viral, caso comprove que já recebeu em algum momento da vida as doses preconizadas pelo Ministério da Saúde, não há necessidade de mais doses subsequentes”, explica Ilziney.
Em Aracaju, quem precisa se vacinar deve comparecer a uma das 43 Unidades Básicas de Saúde, juntamente com a caderneta de vacinação da criança e/ou cartão de vacina, para que o profissional de saúde avalie sua situação vacinal e realize a vacinação, se necessário.
Caso a pessoa tenha perdido o seu cartão de vacinação ou não se lembre quais vacinas tomou, ele deve procurar a unidade onde costuma se vacinar para verificar a possiblidade de resgatar as informações por meio do Sistema de Informações do PNI.
É importante lembrar que 135 países exigem de seus visitantes o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP), fornecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O CIVP é um documento que comprova a vacinação contra doenças, conforme definido no Regulamento Sanitário Internacional.