Tucano quer ser candidato ao Governo com apoio do PSB e PSC
e sonha em ter Valadares Filho como vice
O senador Eduardo Amorim (PSDB) está dialogando com o agrupamento que faz oposição ao Governo de Jackson Barreto (MDB) para definir a composição da chapa majoritária e disputar as eleições deste ano. Ele não esconde o desejo de ser candidato ao Governo. Em entrevista ao repórter Fredson Navarro, o senador revelou que a oposição deve estar unida para vencer o pleito e ‘salvar Sergipe’.
“Estamos conversando com calma e muito respeito. O deputado André Moura (PSC) quer que tudo seja acertado até o fim deste mês, mas o senador Valadares (PSB) defende que o martelo seja batido em abril. Sempre decidimos com a vontade da maioria. Eu entendo Valadares, mas hoje eu vejo que precisamos definir o mais cedo possível para nos organizar, fazer a composição também dos candidatos a deputados estaduais e federais e fazer alianças com outros partidos. O deputado estadual Pastor Antônio, por exemplo, deve pleitear uma vaga na Câmara Federal. Assim como André, que deve sair da Câmara e se colocar à disposição como senador ou governador. Tudo depende da chapa majoritária. ”
Eduardo Amorim disse que todos têm o mesmo objetivo e a união do bloco é fundamental. “Nosso objetivo é o mesmo: salvar o estado de todo esse descaso. Para isso precisamos apresentar a melhor chapa, mas quem decide é o povo. Precisamos mudar esta realidade. Temos que ter consciência que é necessário deixar os interesses pessoais de lado e de nos unir para trazer a frente o projeto coletivo para mudar esta realidade”.
O parlamentar foi deputado federal e encerra neste ano o primeiro mandato de senador. Em 2014 foi candidato ao Governo de Sergipe, quando perdeu o pleito no primeiro turno para Jackson Barreto.
“Meu plano A sempre foi o Governo de Sergipe. O Legislativo é uma grande oportunidade e procurei aproveitar ao logo dos dois mandatos, ajudando todos os municípios sergipanos, isso pode ser comprovado no mapa que está em meu site que é atualizado diariamente. Minha missão na Câmara Federal, por exemplo, já foi cumprida, temos que dar espaço aos outros. Não tenho apego a cargos. Mas o Executivo permite fazer mais e de forma objetiva, principalmente na minha área que é a saúde. Por mais que a gente queira ajudar os municípios como fazemos, não é o suficiente”, explica.
Amorim revela que se sente mais preparado para disputar, mais uma vez, o Governo. “Em 2014 bati na trave porque nunca abrimos mão da verdade. Quando apresentamos o diagnóstico do estado para os sergipanos, foi com muita precisão com base em estudos. Mostramos que Sergipe já era, naquele ano, o estado mais violento do Brasil. Falamos também que a saúde pública poderia entrar em coma caso não fossem tomadas algumas decisões importantes. Falei que os servidores públicos iriam receber salários atrasados e muita coisa aconteceu. Mas continuamos acompanhando tudo e estudando o cenário. Já temos o programa de governo feito com base em toda essa avaliação diária. Hoje me sinto ainda mais preparado e consciente, amadurecido e pé no chão”, garante.
CHAPA DOS SONHOS
Questionado como seria a chapa majoritária dos sonhos de Amorim, o tucano respondeu que gostaria muito de encabeçar a chapa e ter Valadares Filho como candidato a vice. “Neste caso, o sonho deve ser coletivo. Eu me dou muito bem e admiro muito o Valadares Filho, tenho certeza que ele se encaixaria perfeitamente como vice-governador. É um nome muito bom, mas não é o único. Para senador entrariam André Moura e Valadares. Esta chapa não depende apenas de mim, mas seria muito forte e com grandes possibilidades de chegar ao Governo. Estou otimista que logo vamos chegar a um acordo e seguir juntos”, planeja. “Não gosto de dizer que sou o melhor nome porque não gosto de fazer autoelogios, mas procuro me qualificar para os desafios que tenho que enfrentar. Minha vida sempre foi assim, busquei qualificação para fazer um bom trabalho. Me sinto preparado para ser governador. Mas não sou o único que estou preparado. Tive a coragem de enfrentar esse desgoverno e apontar as mazelas, de sofrer as suas perseguições e nunca abri mão da verdade.”
QUEM É O LÍDER DA OPOSIÇÃO?
“Nosso bloco político não tem um líder, mas vários, e isso é um privilégio. A palavra líder lembra imposição e isso não existe aqui. Trabalhamos com a democracia na base do diálogo e respeito. Podemos até discordar em algum ponto, mas nos respeitamos e buscamos a melhor alternativa para resolver e chegar a um acordo, porque temos o mesmo objetivo. Do outro lado, o governador Jackson Barreto lidera como ele quer. Ele define como tudo vai ser feito. A chapa deles vai ser como o governador quer”, alfineta.
ALIANÇA COM O DEM
O PSDB tem o DEM como aliado histórico, mas a parceria não deve continuar neste ano, após o ex-deputado federal Mendonça Prado assumir o comando da sigla em Sergipe. Mendonça se desentendeu com Eduardo e seu irmão, Edvan Amorim, durante as eleições de 2014, quando Eduardo foi candidato ao Governo pelo PSC e recebeu apoio do DEM, comandado por João Alves. Mendonça Prado foi contra a aliança e decidiu sair do partido.
“Nunca me desentendi com Mendonça Prado. Nunca agredi ninguém. Isso não é o meu perfil nem da minha índole. Sei dar uma resposta mais dura ou firme, mas nunca falto com o respeito com as pessoas. Sempre foi do meu perfil manter o equilíbrio. Hoje estou presidindo o PSDB e o destino vai ser definido por nosso grupo. Com relação ao DEM, que está sendo presidido pelo ex-deputado, não podemos interferir. Prefiro não opinar sobre o destino. O problema no passado entre nós foi tão desgastante que não vejo a possibilidade desta aliança. Os partidos devem seguir juntos na executiva nacional”.
JACKSON BARRETO
O senador classificou o atual governo como o pior da história de Sergipe. “O estado vai fazer 200 anos de emancipação política neste ano. O estrago que está sendo feito é grande para algumas décadas e vou provar rapidamente o que estou falando. Sergipe saiu de uma dívida em 2008 de R$ 829 milhões para uma dívida de quase R$ 7 bilhões neste ano. Vamos ter que pagar por tudo isso e as próximas gerações vão sofrer as consequências. Devemos para os bancos e eles vão cobrar cada centavo. Nunca vivemos em um desgoverno tão desastroso como este”, lamenta.
Entre os pontos considerados críticos por Amorim na gestão de Jackson, estão a falta de segurança e de investimento na saúde. “Sergipe se tornou o estado mais violento do Brasil neste governo. Além disso, regredimos muito na saúde pública e não foi por falta de dinheiro, foi por falta de gestão. O Hospital do Câncer não foi construído porque Jackson não quis e preferiu deixar os pacientes morrerem. Infelizmente as pessoas continuam morrendo. Sergipe está na UTI. A situação é grave e é caso de polícia”, analisou.
“A saúde deve ser uma prioridade porque nos mantém vivos, mas quem promete um futuro melhor é a educação. Sou a prova real disso. A educação mudou a minha vida. Fiz o curso de medicina, fiz direito para entender melhor as leis e me qualificar mais e estou fazendo jornalismo para aprender a me comunicar melhor. Temos uma das piores notas no Ideb e em outros indicadores. É necessário investir na educação”, finaliza.