O embaixador da Irlanda no Brasil, Seán Hoy, visitou ontem à noite o São João da Família, na praça Fausto Cardoso, Centro de Aracaju, onde estão expostos diversos artesanatos sergipanos, incluindo a renda irlandesa, Patrimônio Cultural e Imaterial do estado.

Entre os objetivos da visita está a apresentação ao embaixador dos festejos juninos do estado e dos espaços dedicados à comercialização e exposição do artesanato, sobretudo a renda. A ação é intermediada pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem), com o propósito de ampliar a valorização e fortalecimento dos trabalhadores envolvidos. 

A agenda de Seán Hoy se estende até esta terça-feira, 27, quando o diplomata viaja até Divina Pastora, Leste sergipano, para conhecer o local onde a renda é produzida. Entre os compromissos de Hoy também estão a visita ao Museu da Gente Sergipana e ao Arraiá do Povo, na Orla de Atalaia, e encontros com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe (Fecomércio), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Universidade Tiradentes (Unit), além da visita ao município de Divina Pastora, Leste sergipano, onde é produzida a renda.

“Estamos aqui para esses  três dias de visita, para aprendermos um pouco mais sobre o estado de Sergipe, principalmente esse projeto das rendas irlandesas, porque é uma coisa nova para mim. Visitaremos amanhã a cidade onde ela é produzida. Hoje já visitamos as universidades e como minha permanência no Brasil está chegando ao fim,  pretendo recomendar Sergipe para a nova embaixadora, como um estado de muitas oportunidades”, declarou Hoy, enquanto conhecia o São João da Família.

Na Praça Fausto Cardoso o embaixador não só conheceu as rendeiras e demais artesãos, como presenciou a apresentação do barco de fogo, das espadas, show de trio pé de serra, a culinária típica e a apresentação de bacamarteiros do povoado Aguada, de Capela. Embora o foco da visita do embaixador seja a renda irlandesa, todo o artesanato do estado acaba se fortalecendo com o estreitamento das relações entre Sergipe e Irlanda.

“É um momento histórico que conseguimos consolidar com a presença do embaixador, para fortalecer as relações  entre a Irlanda e Sergipe, mais precisamente nas especificidades do artesanato sergipano. Amanhã estaremos em Divina Pastora, onde ele vai ter um dia extenso, assim como tivemos hoje desde a sua chegada no aeroporto. Já visitamos muitas instituições, como a Unit, a UFS, a Fecomércio e tivemos várias reuniões, inclusive com representantes de Portugal, onde foi discutido o escoamento do produto sergipano”, declarou Daiane Santana, diretora de artesanato da Seteem.

Renda Irlandesa – A renda irlandesa é um tipo de renda de agulha, dentre muitas no Brasil, que combina uma multiplicidade de pontos executados com fios de linha, tendo como suporte o lacê, produto industrializado que se apresenta sob várias formas, sendo o fitilho e o cordão os mais conhecidos na atualidade. Os artesãos trabalham com o lacê do tipo cordão sedoso achatado e, mesmo empregando uma técnica que é muito difundida no Nordeste, resulta na confecção de uma renda singular, ressaltada pelo relevo e brilho do lacê.

Existe toda uma cadeia produtiva envolvida na produção da renda. Em Divina Pastora há três associações: a Associação das Rendeiras Independentes de Divina Pastora (Asdrin), Associação para o Desenvolvimento da Renda Irlandesa de Divina Pastora (Asderen) e a Associação dos Artesãos, Pequenos Agricultores, Pecuaristas, Renda Irlandesa, Rendendê e Outros (Apric).  O embaixador pretende conhecê-las, além das tratativas para viabilizar as exposições e repatriação da técnica para a Irlanda.

Estima-se que a história da renda irlandesa teve início por volta do século XV, na Europa, quando artesãs medievais descobriram a renda de agulha. Apesar de ser remetida à Irlanda, a técnica foi repassada pelas missionárias da Itália, que posteriormente chegou ao Brasil. Há algumas versões de como a arte realmente chegou em Sergipe. Uma delas é que a técnica chegou a Divina Pastora há mais de um século, através de freiras irlandesas, que chegaram no município para catequizar a população.

 

Fonte: Governo de Sergipe

Foto: Arthuro Paganini

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