Ex-senador defende o fim da terceirização da limpeza pública de Aracaju

O entrevistado da semana pelo editor do jornal CINFORM é o ex-senador Almeida Lima. Como pré-candidato a prefeito de Aracaju nas eleições deste ano, ele antecipa algumas de suas propostas para a cidade. Acompanhe esta entrevista exclusiva e na íntegra:
CINFORM – Você é pré-candidato a prefeito de Aracaju, mas já exerceu mandatos e cargos públicos. Pela experiência, qual a sua visão sobre o momento por que passam Aracaju e Sergipe?

Almeida Lima – Um olhar atento perceberá que o poder público e a força produtiva da sociedade não estão bem. Desemprego, subemprego e trabalho informal crescem. Aumenta a inadimplência do cartão de crédito, da mensalidade escolar, do aluguel, do plano de saúde. Indústrias, casas comerciais e de serviços fecham as portas e os governos de Aracaju e de Sergipe demonstram incapacidade para reagir, e não fazem nada. Lamento dizer, mas esse é o momento em que vivemos.

CINFORM – A crise não é nacional? A prefeitura pode fazer o quê para minimizar seus efeitos?

Almeida Lima – Não. A crise é de todos e é causada por todos. O país deve ser uma locomotiva, mas está sendo uma corda de caranguejo. Falta-nos um projeto nacional e isto é por falta de estadista e excesso de medíocres. Alguns estados e municípios têm menos culpa que outros, tanto que há aqueles que não vivem essa crise, pois a causa dela é a má gestão, é a falta de gestores capacitados e a corrupção. Ademais, a prefeitura pode fazer muito, mas o prefeito tem que ser um gestor capaz e a equipe de alto nível. A desgraça é que votam por modismo. Chegam até a dizer “o candidato fulano é mais competente, mas vou votar no novo”. Ora, isso é uma jogada de marketing para enganar os tolos, pois na hora da crise o que conta mesmo é a capacidade de trabalho, pois é como se diz “beleza não põe mesa”, e é por isso que ser novo ou ser simpático não são critérios para votar, para escolher. Portanto, a prefeitura pode fazer muito, mas vai depender de quem o povo eleger.

CINFORM – Então, o que a prefeitura e você como prefeito, caso eleito, podem fazer para mudar esse quadro de crise?

Almeida Lima – É preciso entender que para ser prefeito não basta apanhar lixo, asfaltar rua, pintar meio fio, deixar posto de saúde aberto e escola funcionando. É preciso muito mais. Uma capital como Aracaju deve se posicionar como indutora do desenvolvimento por ser a maior empregadora e investidora de capital. Essa capacidade deve ser canalizada para projetos autossustentáveis, que tragam retorno, que sejam multiplicadores, que gerem receitas para serem reinvestidas. Essa semana o prefeito foi à câmara e disse que fez investimento da ordem de 800 milhões de reais. Uma fábula, uma montanha de dinheiro. Mas eu pergunto: desse valor quanto foi aplicado para induzir o desenvolvimento, incrementar negócios, o comércio de Aracaju, o turismo, aumentar a visibilidade para atrair investidores? – Nada. Portanto, na prefeitura eu serei um governo catalisador, eu irei navegar em vez de remar, usando a expressão de David Osborne e Ted Gaebler, na obra Reinventando o Governo, pois é preciso compreender que a função da administração pública é ser, cada vez mais, incentivadora, elaboradora de bons arranjos negociais para que parceiros possam investir e executar. É preciso que a classe política acorde, pois já estamos no fim do primeiro quartel do século XXI e muitos ainda estão vivendo com as ideias do século XX.

CINFORM – De forma concreta, visível à primeira vista, uma gestão sua, caso eleito, vai priorizar o quê?

Almeida Lima – Partindo do pressuposto de que a estrutura administrativa será enxuta, de que não haverá secretaria desnecessária, apenas para atender arrumações políticas, eu afirmo que todas as secretarias atuarão com prioridades bem visíveis. Há 23 anos que a prefeitura não sabe o que é modernização administrativa, política de recursos humanos com qualificação dos servidores, salários dignos, incentivos à prestação de serviços otimizados que facilitem a vida do cidadão quando demandar a máquina burocrática, traduzidos em eficiência e eficácia. Pois bem, isso será feito. A prefeitura hoje tem uma legislação tributária incompatível com a criação de um ambiente favorável ao empreendedorismo. Ela será reformulada com esse objetivo facilitador além de passar a oferecer serviços de despachantes burocráticos que facilite os procedimentos  burocráticos. O centro de Aracaju encontra-se depauperado urbanisticamente, incluído a mobilidade, o que vem cada vez mais empobrecendo o espaço do grande comércio popular de capital. Na minha gestão será amplamente repaginado, com pontos altos para a beleza urbanística, a comodidade para as compras, expansão do comércio, espaços para o lazer, e para as diversas manifestações artísticas de forma permanente, segurança para as pessoas, mobilidade facilitada, grande terminal de todo o transporte coletivo, integrando com a grande Aracaju e outras cidades do estado, além da criação de 10 mil novas vagas de estacionamento horizontal no espaço urbano central. A mobilidade urbana em toda a cidade não foi resolvida, sequer melhorada. Gasta-se mais de 300 milhões de reais sem resultado de melhoria no trânsito e sem diminuir o tempo gasto nos deslocamentos dentro da cidade. A conceituação do que vem a ser mobilidade urbana é entendida ao contrário pela administração municipal, tão grande as improvisações em obras que levam a imobilizar o trânsito cada vez mais. Caso eleito, teremos uma ação imediata e a custo baixíssimo nas artérias de Aracaju, com resultados imediatos, com trânsito fluindo normalmente e com diminuição do tempo nos deslocamentos. A limpeza pública passará a ser feita diretamente pela administração com economia de 60% do que é gasto hoje, com melhoria na qualidade e empregando mais pessoas, além da implantação da coleta seletiva de forma progressiva em toda a cidade. Os alagamentos na cidade serão enfrentados, bem assim, a poluição dos estuários do rio Sergipe e do Poxim, bem assim, dos respectivos canais. A cidade receberá uma cobertura vegetal nunca vista com o plantio de árvores nativas em toda a área de restinga de nossas praias e da Mata Atlântica por toda a cidade. O transporte coletivo será reestruturado e licitado, e a tarifa reduzida a valores justos. A administração será desprivatizada a fim de se oferecer um melhor serviço e evitar que o dinheiro público seja jogado fora. O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano vai à Câmara de Vereadores. Saúde e educação sairão do estado degradante em que se encontram e ocuparão lugares de destaque como grandes referências no país. Cultura e esporte passarão a existir, pois nos últimos governos serviram apenas para arrumações políticas com cabides de empregos. Por fim, a geração de empregos que será trabalhada com a política de desenvolvimento econômico e de turismo em especial. Como se vê, o espaço é diminuto para a exposição de um grandioso programa de governo e de forma concreta como você pede.

CINFORM – O que a população pode esperar de diferença entre você e os outros candidatos?

Almeida Lima – Estilos. Farei um governo popular visando atender a toda a população de Aracaju e de Sergipe, pois tenho sempre em mente que Aracaju é a capital de todos os sergipanos e que muitas de suas necessidades são atendidas com a estrutura administrativa daqui, ao tempo em que muitas de nossas demandas são atendidas pela população do interior, a exemplo do abastecimento. Essa visão de cooperação mútua é muito importante para o sucesso da gestão. Não teremos empresários especiais mandando na prefeitura, ela será de todos. A minha experiência diz que no dia da posse, uma sexta-feira, começaremos trabalhando com toda a equipe já formada e mostrando resultados, de forma imediata. O atual prefeito nem a equipe formada ele tinha quando da sua posse, e uma pré-candidata disse em entrevista que primeiro iria sentar na cadeira de prefeito para conhecer a máquina administrativa e depois ver quais as prioridades a atacar. As diferenças são claras.

CINFORM – Que avaliação você faz dos governos de Edivaldo, Belivaldo e de Bolsonaro?

Almeida Lima – Quanto aos dois primeiros basta que se analise o nível de rejeição da população a eles, ao que eles fazem e ao que eles deixam de fazer. A situação que descrevi acima já diz da minha avaliação. Quanto a Bolsonaro, devo dizer, primeiro, que no segundo turno não votei em nenhum dos dois, e num candidato do PT jamais votarei, pois já tenho convicção que o seu protagonismo é somente a prática da roubalheira. Foram 16 anos de governos corruptos, exatamente como eu disse no início de 2004 em discurso no Senado Federal denunciando Zé Dirceu e o governo Lula. Bolsonaro, até aqui, não fez de ruim o que diziam que ele iria fazer. Tem cometido erros aqui e acolá, mas tem procurado corrigir. O mal que é bem visível está sendo falar demais.  Muita coisa boa tem acontecido, a exemplo de não fazer negociata com o congresso. Vamos em frente. Ele foi eleito legitimamente e deve continuar governando. Espero que ele não agrida a constituição e a democracia.

CINFORM – Uma candidatura a prefeito de Aracaju pressupõe a formação de alianças. Primeiro, você já tem partido definido, e quais as possíveis alianças?

Almeida Lima – Até dia 3 de abril eu estarei filiado a um partido para poder ser candidato, já que o PV fez essa coisa feia comigo. Não tem sido fácil. Sei das dificuldades que enfrento por conta de minhas posições firmes em defesa de uma prefeitura sem donos, sem empresários mandando, tal qual a promiscuidade que se verifica hoje. Quanto às alianças eu passo a vê-las como prejudiciais para o povo, pois aqui em Aracaju e Sergipe as alianças têm servido para os conchavos políticos que levam ao rateio da prefeitura em prejuízo de uma boa gestão. No mais, também não vejo, pelo menos até aqui, nenhum candidato formando alianças, vejo todos isolados, salvo o prefeito que tem lançado a tarrafa e puxado tudo que é partido para lhe apoiar, o pior é que nessa tarrafa tem muita coisa ruim também, e o povo tá de olho no comunista que se revelou direitona.

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