Mais de 150 mil casos do transtorno são registrados no Brasil
Apesar de ser considerado um transtorno comum devido ao número de casos diagnosticados todos os anos no Brasil – mais de 150 mil -, ainda há muita desinformação em torno do autismo. Um transtorno que afeta o sistema nervoso e prejudica a interação social e a comunicação.
A fonoaudióloga Carla Ulliane explica que o autismo é uma combinação de características e que, apesar de algumas crianças autistas não apresentarem todos os sinais, existem alguns que são comuns nos diferentes graus do transtorno. Alguns desses sinais são: dificuldade no contato visual, na interação social seja com outras crianças ou com adultos e o atraso na fala.
“É muito comum a mãe, depois de receber o diagnóstico do filho autista, lembrar que quando ela amamentava o bebê não olhava nos olhos dela. Às vezes, eles até olham, mas têm dificuldade de fixar o olhar por mais de três segundos”, explica.
Outro comportamento comum e que pode ajudar os pais a perceber o transtorno é a presença de comportamentos restritos e repetitivos. Segundo a fonoaudióloga, crianças com autismo costumam utilizar os brinquedos de uma forma que não é a mais comum.
“Eles gostam de fixar em objetos que giram. Por exemplo, quando eles pegam um carrinho, eles colocam o brinquedo de cabeça para baixo e brincam de girar a rodinha. Muitas vezes eles enfileiram os brinquedos, separam por cor”, comenta.
No entanto, uma característica isoladamente não determina se uma criança é ou não autista. Para fechar o diagnóstico, os médicos (neurologistas e/ou psiquiatras) analisam o conjunto de características e podem pedir exames laboratoriais ou de imagem.
TERAPIAS
Segundo Carla Ulliane, o objetivo das terapias é aperfeiçoar as habilidades que a criança já tem e desenvolver aquelas que ela ainda não possui. No entanto, é importante deixar claro que o autismo não tem cura e que as terapias servem para ajudar as crianças a serem mais independentes.
“No caso da fonoaudiologia, nós trabalhamos com a criança tanto a linguagem verbal quanto a não verbal (um olhar, um sorriso, o apontar). No caso da terapia ocupacional, quando a criança tem dificuldade de se vestir ou comer sozinha, o terapeuta ocupacional irá trabalhar essas atividades de vida diária”, comenta.
Débora Brandão descobriu há dois anos que seu filho Alec, de 13 anos, tem autismo leve. Foi só após o diagnóstico que ele passou a fazer terapia ocupacional e terapia comportamental, além de ter o acompanhamento de uma fonoaudióloga.
“Ele é muito esperto com relação à tecnologia, mas tem muitas dependências. O tratamento com a equipe multidisciplinar trabalha exatamente isso: a felicidade dele em primeiro lugar e, segundo, a autonomia. Eu não gosto de usar a palavra ‘melhora’, ele simplesmente possui um funcionamento neuronal diferente e se eu ficar esperando dele atitudes de um neuro típico, eu terei sempre minhas expectativas frustradas”, comenta.