Desde a inauguração do complexo esportivo municipal Estação Cidadania –  Esporte “Radialista Carlos Carlos Magno”, localizado no bairro Bugio, em 2019, pela Prefeitura de Aracaju, milhares de crianças, pais de alunos, professores e até mesmo idosos da comunidade local e adjacências vêm sendo impactados positivamente não só com a prática de atividades físicas, como também no exercício cidadão e na construção de uma cidade cada vez mais inclusiva.
A inclusão é garantida dentro nesta unidade a partir da inserção de alunos, professores e mediadores com deficiência. Atualmente, cerca de doze crianças e adolescentes com deficiência fazem parte das atividades desenvolvidas na Estação Cidadania, que vão desde atividades físicas funcionais e aeróbicas, às aulas de dança, ginástica rítmica, capoeira, futsal, voleibol, handebol, badminton e atletismo.
“Nós acreditamos, de forma muito firme, na importância da inclusão de todos nos projetos esportivos de competição. Buscamos sempre manter esse olhar diferenciado para os nossos projetos sociais. Procuramos de fato integrar e tornar as práticas esportivas acessíveis, e a Estação Cidadania é exemplo disto. Lá, todas as nossas nossas escolinhas, professores e monitores, são orientados a trabalharem de forma inclusiva”, destaca o secretário municipal da Juventude e do Esporte, Sérgio Thiessen.
Para garantir a inclusão e a acessibilidade, a gestão da Estação Cidadania promove turmas e modalidades com a participação de pessoas com deficiência e sem deficiência, pois, salienta o secretário, “a verdadeira inclusão só acontece quando você não promove turmas separadas”.
“Quando estou falando de escolinhas de modalidades, as crianças e adolescentes participam normalmente das atividades. Isso tem dado frutos e resultados. Lá na Estação Cidadania temos vários alunos com deficiência, alguns que hoje já participam de competições com grandes resultados, e temos também professores com deficiência ministrando aula, mostrando seu conhecimento, totalmente integrado ao projeto e à comunidade, e promovendo uma conscientização maior à população”, explica Thiessen.
Um desses alunos é a atleta Ana Laura, de 16 anos. Laurinha, como é carinhosamente chamada pelos colegas e professores da Estação na modalidade de Atletismo, descobriu recentemente o diagnóstico de autismo e foi lá, no complexo esportivo, que ela conseguiu se curar da depressão pós-diagnóstico, como conta a mãe, Jacira Teixeira Lima.
“Até o início desse ano nós não sabíamos do diagnóstico de Laura. Quando o autismo foi, de fato, diagnosticado, deu uma pane na cabecinha dela, porque ela não sabia o que era autismo, foi procurar nas redes sociais, começou a ficar triste, sem comer, entrou numa fase de depressão. Uma professora nos indicou esse lugar e, ao matricular ela aqui, ela foi abraçada por toda a equipe e o resultado de melhoria pode ser visto em uma semana. Foi muito rápido, ela voltou a comer, estava praticando o esporte, e foi onde encontramos apoio realmente”, conta dona Jacira.
Impressionou a todos o avanço rápido que Laurinha apresentou não só no esporte, como também nos âmbitos social, físico e emocional. De acordo com o estagiário de Atletismo na Estação Cidadania, Ozias Pontes, responsável pelas aulas desta modalidade e professor de Laurinha, um dos principais motivos que a levou para uma melhora considerável foi a interação que ela teve com os demais esportistas da modalidade.
“Quando Laurinha chegou, fizemos uma rodinha com todos para apresentá-la. Todos os meninos conversaram com ela, perguntaram as coisas que ela mais gostava. Então, naquele primeiro momento ela já se sentiu incluída, já se sentiu fazendo parte do projeto. Com o tempo, muitas limitações começaram a ser quebradas. Os exercícios que todos nós demoramos um pouco para aprender, ela aprendeu muito rápido. Lógico que existem as limitações, e elas precisam ser respeitadas. Mas, de forma geral, nós ganhamos Laurinha. Ganhamos uma atleta, uma criança em formação para ser uma cidadã melhor”, ressalta o professor.
Ozias conta que enfrentou algo parecido quando passou a ser uma pessoa com deficiência. O estagiário praticava atletismo até que em 2013 teve uma lesão na coluna que causou um atrofiamento na perna direita.
“Eu não nasci deficiente, mas hoje eu sou. Fui atleta durante muito tempo da minha vida. Fiz parte do Projeto Olímpico Rio 2016, representei alguns clubes e pude competir em campeonatos nacionais e internacionais. Mas, a deficiência me trouxe alguns danos, principalmente psicológicos, porque foi difícil aceitar. Foi na universidade que a professora da matéria de Esportes Adaptados tocou no meu coração e eu pude perceber que a minha deficiência não deveria me limitar”, disse.
Estudante de Educação Física, Ozias conseguiu a oportunidade de estagiar na Estação Cidadania, estando à frente do projeto de Atletismo pelo seu histórico no esporte. Ele conta que lá tem a oportunidade de exercer o que ama e ter contato direto com crianças especiais, podendo impactar na vida de todas elas.
“Estar aqui é muito gratificante para mim. Trabalho com crianças que têm deficiência e crianças sem deficiência. No esporte, passamos a dar uma perspectiva de vida diferente para todos esses meninos. Eles passam a ter uma visão diferente da vida. Muitos conseguiram esse ano ter a oportunidade de viajar para fora do Estado, e isso foi prazeroso para eles, porque pela condição social que eles têm, eles não iriam conseguir nem mesmo que fossem fazer um passeio. O esporte em si oportuniza. Então, estar à frente desse projeto é magnífico. Isso é o que me move estar aqui todos os dias, embora eu tenha uma deficiência”, avalia Ozias.
FONTE: AGÊNCIA ARACAJU DE NOTÍCIAS

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