Foi aberta nesta semana e segue em cartaz na Galeria Jenner Augusto, no anexo da Sociedade Semear, em Aracaju, até março, a exposição que homenageia um dos poetas mais irreverentes da história cultural de Sergipe, Araripe Coutinho. Em poucos dias, a mostra já recebeu centenas de pessoas e está emocionando os visitantes.
Com a curadoria da amiga de Araripe, a cantora Antônia Amorosa, ocupante da cadeira de número 33 da Academia de Letras de Aracaju, que tem como patrono o homenageado, a exposição integra ações do seu cinquentenário, tendo a concepção cenográfica desenvolvida pela arquiteta Ana de Cáscia Martins, Hélio Aguiar e a designer de interiores Luciana Galvão, além da participação especial em um ambiente da arquiteta Marianna Albuquerque.
“Quando o poeta foi embora eu fiquei desnorteada, ele foi o amigo mais próximo que eu tinha. Após a sua partida, o pai dele me fez um pedido inusitado, pediu para que eu tomasse a frente de todas as coisas dele, seus objetos. Na hora eu aceitei mas não pensei na dimensão da responsabilidade. Aceitei o desafio e ele me passou uma procuração. Agora fiz questão de montar essa exposição marcando o seu cinquentenário e estou muito feliz”, vibra Amorosa.
Homenagem
Amorosa disse que tudo foi preparado durante cerca de cinco meses. “Tudo foi pensado com muito carinho. O nome da exposição ‘No coração de alguém que já esteve aqui’, é a junção dos nomes de duas obras do poeta. Ele foi conhecido por muita gente, mas, no fundo, foi muito pouco compreendido. Ele foi abandonado pela mãe aos 3 anos, viveu em um orfanato até os 10 anos e teve uma vida difícil, mas não desistiu. Ele estava sempre pronto a ajudar o próximo. Foi um ser humano extraordinário”, orgulha-se.
A exposição exalta a história do poeta, jornalista, cidadão que transitava pelos grandes eventos da cidade, tendo o mesmo acesso às classes menos favorecidas ou vulneráveis – ao ponto de desenvolver projetos sociais desconhecidos por muitos, além de ter atuado intensamente pela valorização da literatura. Inquieto e inteligente, viveu 45 anos na arte de criar, ousar, escrever, servir aos grandes e pequenos, desafiando os limites pessoais e alheios através dos seus textos ou comentários provocativos. Polêmico, foi amado por uns e odiado por outros, sem passar despercebido.
“É preciso enaltecer o trabalho de quem se envolveu nesta exposição como Ana de Cáscia Martins, Hélio Aguiar, Luciana Galvão que assinaram a cenografia e Amorosa que cuidou da curadoria do projeto. É algo pra gente relembrar o Araripe ou pra quem não teve a chance de conhecer ele, ver um pouco da grandiosidade deste cara fantástico que tive como amigo. Até hoje sinto muito falar dele assim no passado porque Araripe mora em mim de forma especial. Ele sou eu em cada drama diário, em cada loucura que faço em cada coisa que finjo acreditar, porque como ele falava: “isso tudo é uma mentira”, a única coisa que sei ser verdade é o amor que ainda trago no peito quando o assunto é Araripe. Precisamos aplaudir nossos artistas, nossos escritores, nossa cultura… Sergipe é tão lindo, tão rico, somos tão criativos, inteligentes e precisamos sim de projetos deste porte pra que cada agente cultural de nosso estado seja enaltecido e reconhecido”, disse o jornalista Jaime Neto.
Exposição
Segundo a arquiteta Ana de Cáscia, que foi amiga do poeta e frequentadora de sua residência, o mesmo ocorrendo com a designer de interiores Luciana Galvão, por conhecerem seu estilo e modo de agir, o envolvimento afetivo delas e a participação de Hélio Aguiar, que trouxe um olhar de quem estava conhecendo, com maior profundidade, o homenageado agregou valor inestimável a este sonho de honrar sua memória através de três talentos que assinam um marco na história das exposições em Sergipe, bem como o mercado da arquitetura e designer de interiores.
Com um espaço dividido em mais de dez ambientes, a exposição destaca aspectos cronológicos, jargões e conceitos que revelam seu estilo, suas ações culturais e sociais, sem esquecer do episódio do museu que foi assunto nacional, por conta de um ensaio fotográfico realizado pelo poeta no Palácio Museu Olímpio Campos. Além disso, objetos do seu acervo e um espaço interativo fazem a tônica expositiva.
Para ter acesso à exposição o visitante terá monitoramento. É necessário encaminhar a mensagem “Eu quero visitar a Exposição sobre Araripe” para o email exposicao50@gmail.com. As informações para visitação também podem ser feitas pelo whatsapp 79 998498249 ou +56 9 57938180. Os horários de funcionamento ocorrerão até final de março, de quarta a sábado, das 18h às 21h.