A mortes recentes por febre maculosa na Região Sudeste do país acedeu o debate sobre os riscos do contato com o carrapato. Entre as vítimas está um casal que apresentou febre, dor e erupções vermelhas pelo corpo depois que participarem de uma festa em uma fazenda no município de Campinas/SP, no dia 27 de maio, onde provavelmente se infectaram. Eles morreram no dia 08 desse mês. O diagnóstico da doença foi confirmado pelo Instituto Adolfo Lutz. Somente este ano, foram registros 60 casos da doença com 11 mortes em todo o país.

A pergunta que todo mundo faz neste momento é: existe risco de contrair a febre maculosa onde eu moro? Segundo a médica infectologista Drª Josy Xavier Erreria, Especialista em Terapia Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e médica infectologista e intensivista do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), os estados onde ocorrem uma maior frequência da febre maculosa estão na Região Sudeste e Sul do país: São Paulo (em especial no interior, na região de Campinas), Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e o norte do Paraná. Estes locais são considerados endêmicos para a doença, ou seja, apresentam relatos de casos regularmente.

No Nordeste, embora não seja comum como nos estados do Sudeste, já foram notificados casos na Bahia, Ceará, Pernambuco e outros. “Os estados nordestinos, isso inclui Sergipe, possuem áreas propícias ao habitat do carrapato estrela e consequentemente a transmissão da rickettsia. Importante ressaltar que a distribuição geográfica da doença pode variar ao longo do tempo e a vigilância epidemiológica é fundamental para monitorar sua ocorrência e implementar medidas de controle”, disse a médica.


O exantema (lesões avermelhadas) é um dos sintomas da doença

A febre maculosa é causada por uma bactéria do gênero rickettsia, transmitida pela picada do carrapato que esteja infectado com a bactéria. O principal é o carrapato estrela, mas pode ser transmitida também por outras espécies. No Brasil, duas espécies de riquétsias estão associadas a quadros clínicos: a Rickettsia rickettsii, que leva ao quadro de Febre Maculosa Brasileira (FMB), considerada a doença grave, registrada no norte do Paraná e nos estados da região Sudeste; e a Rickettsia parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará), produzindo quadros clínicos menos graves. “Não há risco de transmissão de pessoa a pessoa. Para que a infecção ocorra, o carrapato precisa ficar aderido à pele. O contágio pode ocorrer no momento do esmagamento do inseto”, explica Drª Josy Xavier.

Sintomas

As manifestações clínicas surgem após um período de incubação que leva em média sete dias, podendo variar de dois a 15 dias. O quadro clínico é marcado por início abrupto de febre alta, dor de cabeça, dor no corpo, prostração, náuseas, vômitos, diarréia e dor abdominal. O exantema, sinal sugestivo da doença, é mais tardio, surgindo entre o 3º e 5º dia da doença. Começa como manchas vermelhas nos tornozelos e punhos, espalham-se para o tronco, face, pescoço, palmas das mãos e plantas dos pés. Ele pode progredir para petéquias, lesões hemorrágicas, necrose de pele e gangrena.

“É importante assinalar que em 9 a 16% dos casos o exantema está ausente. A doença evolui rapidamente com toxemia, hiperemia e congestão conjuntival. Se não for precocemente tratada, a doença progride, depois da primeira semana, com lesões em cérebro (confusão mental, convulsões e coma), pulmões (pneumonia grave) e insuficiência renal”, alerta.

Usar roupas claras ajuda a identificar a presença do carrapato Transmissão

Como prevenir?

A especialista explica que a melhor forma de se prevenir da febre maculosa é evitando áreas infestadas por carrapato. Vale mencionar a importância de animais como o cachorro, o cavalo e a capivara no ciclo de transmissão da doença, que, além de fonte de alimentação para os carrapatos, podem auxiliar no deslocamento de carrapatos infectados e estão próximos ao homem. Por isso, é preciso ficar atento à presença do carrapato nos animais e no ambiente. “Se precisar entrar em áreas propensas a carrapatos, principalmente nas áreas endêmicas para a doença, tome algumas medidas”, pondera a médica.

Drª Josy Xavier orienta como as pessoas devem se comportar em regiões propensas ao contato com o carrapato. “Use roupas claras, para ajudar a identificar o carrapato, use calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas, use repelentes de insetos, verifique se você e seus animais de estimação estão com carrapatos. Se encontrar um carrapato aderido ao corpo, remova-o com uma pinça, não aperte ou esmague o carrapato, mas puxe com cuidado e firmeza. Depois de remover o carrapato inteiro, lave a área da mordida com álcool ou sabão e água”, conclui.

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